COISAS DA TERRA Todas as coisas de que falo estão na cidade...
COISAS DA TERRA
Todas as coisas de que falo estão na cidade
entre o céu e a terra.
São todas elas coisas perecíveis
E eternas como o teu riso
A palavra solidária
Minha mão aberta
Ou este esquecido cheiro de cabelo
Que volta
E acende sua flama inesperada
No coração de maio.
Todas as coisas de que falo são de carne
Como o verão e o salário.
Mortalmente inseridas no tempo,
Estão dispersas como o ar
No mercado, nas oficinas,
Nas ruas, nos hotéis de viagem.
São coisas, todas elas,
Cotidianas, como bocas
E mãos, sonhos, greves,
Denúncias,
Acidentes do trabalho e do amor. Coisas,
De que falam os jornais
Às vezes tão rudes
Às vezes tão escuras
Que mesmo a poesia as ilumina com dificuldade.
Mas é nelas que te vejo pulsando,
Mundo novo,
Ainda em estado de soluços e esperança.
(Ferreira Gullar)
O poeta diz: “São todas elas coisas perecíveis e eternas como teu riso...”.
Assinale a alternativa que define a figura de linguagem
utilizada nessa passagem: