FANTASIA E se, de repente, a gente não sentisse...

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Q1155298 Português

FANTASIA


E se, de repente,

a gente não sentisse

a dor que a gente finge

e sente

se, de repente,

a gente distraísse

o ferro do suplício

ao som de uma canção,

então, eu te convidaria

pra uma fantasia

do meu violão.

Canta, canta uma

esperança,

canta, canta uma alegria

canta mais,

revirando a noite,

revelando o dia,

noite e dia, noite e dia...

Canta a canção do homem,

canta a canção da vida,

canta mais,

trabalhando a terra,

entornando o vinho,

canta, canta, canta,

canta...

Canta a canção do gozo,

canta a canção da graça,

canta mais,

preparando a tinta,

enfeitando a praça,

canta, canta, canta,

canta...

Canta a canção de glória,

canta a santa melodia,

canta mais,

revirando a noite,

revelando o dia,

noite e dia, noite e dia,

noite e dia, noite e dia...

(Chico Buarque)


I. Deve-se fazer da composição, criada em tempo de ditadura, uma leitura política.

II. O poeta convida cada ouvinte a agir, além de cantar.

III. A repetição de gerúndios e da expressão “noite e dia” sugere que as atitudes e ações têm de ser sempre retomadas.

IV. A conjugação e, que inicia o texto, sugere que os interlocutores já tinham começado uma conversa de lamentação.


É correto afirmar, que:

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