Com base nas relações entre a geografia e a política, julgue...

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Q1125783 Geografia

      O terreno em que vivemos sempre nos moldou. Ele moldou as guerras, o poder, a política e o desenvolvimento social dos povos que habitam hoje todas as partes da Terra. A tecnologia talvez pareça superar as distâncias entre nós no espaço mental e físico, mas é fácil esquecer que o terreno em que vivemos, trabalhamos e criamos nossos filhos é importantíssimo, e que as escolhas dos que dirigem os sete bilhões de habitantes deste planeta serão sempre moldadas, em alguma medida, por rios, montanhas, desertos, lagos e mares que nos restringem – e sempre o fizeram.

      [...] Em termos gerais, a geopolítica examina as maneiras pelas quais os assuntos internacionais podem ser compreendidos por meio de fatores geográficos; não somente a paisagem física – as barreiras naturais ou conexões de redes fluviais, por exemplo –, mas também clima, dados demográficos, regiões culturais e acesso a recursos naturais. Fatores como esses podem ter um importante impacto sobre aspectos diferenciados de nossa civilização, de estratégia política e militar a desenvolvimento social humano, incluindo língua, comércio e religião. 

      As realidades físicas que sustentam a política nacional e internacional são desconsideradas, com demasiada frequência, tanto quando se escreve a respeito de história quanto na cobertura contemporânea da mídia acerca dos assuntos mundiais. A geografia é claramente uma parte do “por quê”, bem como de “o quê”. Ela pode não ser o fator determinante, mas, com certeza, é o mais subestimado.

MARSHALL, Tim. Prisioneiros da Geografia: 10 mapas que explicam tudo o que você precisa saber sobre política global. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2018, p. 12-13, com adaptações. 

Com base nas relações entre a geografia e a política, julgue o item a seguir.


As fronteiras modernas da China, com base em uma coerência geográfica – relevo e hidrografia –, garantem ao país pressupostos defensivos e comerciais eficazes. A Iniciativa Belt and Road, por sua vez, é uma estratégia para estabelecer fluxos de abastecimento energético inter e intracontinentais eficientes, com o objetivo de contornar os entraves físicos (estreitos, ilhas, entre outros) à navegação marítima chinesa, uma vez que a política de defesa do país privilegia o poderio territorial em detrimento de investimentos para o desenvolvimento de uma força naval capaz de atuar em águas internacionais.

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A Iniciativa Belt and Road relaciona-se com um amplo projeto de interconexão terrestre e marítima, cujo objetivo principal é facilitar fluxos comerciais de cargas entre a China e seus principais mercados consumidores de manufaturados e parceiros comerciais. Essa iniciativa tem pouca relação com o abastecimento energético que possui outras modalidades de transporte como oleodutos e gasodutos e um já consolidado sistema de transporte marítimo de commodities  minerais. De quebra, ainda há uma importante projeção de soft power pela China ao financiar grandes obras de infraestrutura em países estratégicos para a iniciativa, gerando postos de trabalho, ganhos logísticos e alianças políticas por toda a Eurásia. 
Gabarito do professor: Item errado

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Em detrimento de investimentos para o desenvolvimento de uma força naval capaz de atuar em águas internacionais? Não faz muito sentido esse trecho da questão, uma vez que dentre os objetivos, está o desenvolvimento de diversas rotas por águas internacionais, ligando a Ásia, Europa...

A Iniciativa Belt and Road (Iniciativa do Cinturão e Rota - BRI , ou B&R), é uma estratégia de desenvolvimento global adotada pelo governo chinês em 2013, sobre planos e políticas de desenvolvimento econômico, e medidas de cooperação econômica. envolvendo desenvolvimento e investimentos em infraestrutura. naquela ocasião quase 70 países e organizações internacionais na Ásia, Europa e África foram incluídas. (pesquise melhor em: https://translate.google.com/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=https://en.wikipedia.org/wiki/Belt_and_Road_Initiative&prev=search). Em 2018, a China convidou algumas nações da América Latina a se unirem à iniciativa, pois não foram incluídos no começo do BRI.

Apesar dos investimentos para o desenvolvimento de uma força naval para ser capaz em atuar em águas internacionais ser de extrema importância (e eles investem para isso), o assunto que trata a questão é de exclusividade econômica.

A expressão "Iniciativa Belt and Road - BRI" é mais difundida como Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota da Seda Marítima do Século 21

A China está militarizando o Mar do Sul da China e está em rota de confronto com os países da região.

Embora não sejam claros os critérios que a banca utilizou para definir o

que seria “coerência geográfica”, a questão tem alguns erros nítidos.

Primeiramente, a Iniciativa Belt and Road – ou seja, a reativação da

Rota da Seda – não possui somente “objetivos energéticos”, conforme

afirmado. Na verdade, é um misto entre objetivos energéticos,

econômicos, geopolíticos, de infraestrutura, etc. Trata-se de um projeto

de desenvolvimento em âmbito geral, com o propósito de projetar a

China como potência mundial, integrando-a fisicamente aos demais

países da Europa, África e Ásia.

Além disso, ao contrário do afirmado, os investimentos chineses não

privilegiam somente o poderio territorial. A verdade é que o país

também investe fortemente no poderio marítimo. Inclusive, a expansão

marítima chinesa tem causado inúmeros problemas geopolíticos com

os países do ASEAN, sobretudo no que diz respeito à construção de ilhas

artificiais no Mar do Sul da China. Ao contrário do que a questão dá a

entender, a China está cada vez mais atuante em águas internacionais.

Errado. Professor Alexandre Vastella

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