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Ano: 2023
Banca:
Instituto Consulplan
Órgão:
SEGER-ES
Provas:
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Q2078586
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir para responder a questão.
Por que você não deve acalmar seu filho com o celular?
Quando uma criança está inquieta ou fazendo muita
bagunça, colocá-la na frente de um celular com joguinhos ou
vídeos pode parecer a solução ideal. Mas, se usada constantemente, essa técnica pode ter seus reveses.
Pesquisadores analisaram o uso de dispositivos digitais
como ferramentas para acalmar crianças com idade entre 3
e 5 anos. O estudo envolveu 422 pais e 422 crianças. Ele foi
realizado entre agosto de 2018 e janeiro de 2020, antes da
pandemia de Covid-19.
Os cientistas descobriram que o aumento do uso de
aparelhos eletrônicos como método para acalmar crianças
estava ligado a uma maior reatividade emocional ao longo
dos meses.
As crianças do estudo mudavam de humor rapidamente e
ficaram mais impulsivas – relação particularmente forte em
meninos e em crianças que já tinham sinais de hiperatividade,
impulsividade e temperamento forte, o que os torna mais propensos a reagir intensamente a sentimentos como raiva, frustração e tristeza.
“Usar dispositivos móveis para acalmar uma criança
pequena pode parecer uma ferramenta inofensiva e temporária para reduzir o estresse em casa, mas pode haver consequências a longo prazo se for uma estratégia regular”, afirma Jenny Radesky, principal autora do estudo e mãe de dois
filhos. “Esses dispositivos podem comprometer as oportunidades de desenvolvimento de métodos independentes e
alternativos de autorregulação – particularmente durante os
seis primeiros anos de vida”.
Crianças nessa faixa etária costumam apresentar comportamentos difíceis com maior frequência. Acessos de raiva, ataques de birra ou emoções muito intensas podem ser facilmente
controlados com um tablet ou um smartphone. A solução funciona, mas o alívio de curto prazo pode comprometer o desenvolvimento emocional da criança.
O estudo chama a atenção para o uso exagerado e
constante desse método simples. Se aplicado com moderação, pode ser útil – mas não deve ser a principal forma de
lidar com situações difíceis.
Para não desamparar pais que abusavam desse método,
os pesquisadores também apresentaram algumas outras opções
para acalmar as crianças.
Fornecer experiências sensoriais ou estimular exercícios, por exemplo, pode ajudar. Isso pode incluir balançar,
abraçar, pular em um trampolim, ouvir música ou olhar para
figuras de um livro.
Ao tentar nomear o que seu filho está sentindo, os pais
ajudam a conectar a linguagem aos estados emocionais; além
de mostrar à criança que ela é compreendida pelos adultos.
Os pesquisadores também promovem alternativas para os
comportamentos particularmente negativos de quando estão
chateadas. Ao tentar comunicar suas emoções, as crianças podem
recorrer a impulsos violentos ou exagerados. Os pais podem
ensiná-las comportamentos substitutos mais seguros – como
descontar a raiva em um travesseiro ao invés de um colega, ou
comunicar-se claramente quando gostaria de atenção ao invés
de abrir um berreiro.
“Todas essas soluções ajudam as crianças a se entenderem melhor e a se sentirem mais competentes para administrar seus sentimentos”, afirma Radesky. “O cuidador também
precisa tentar manter a calma e não reagir exageradamente às
emoções da criança. Esses cuidados ajudam a desenvolver habilidades de regulação emocional que duram a vida toda.”
“Por outro lado, usar um dispositivo móvel não ensina
uma habilidade – apenas distrai a criança de como ela está
se sentindo. Crianças que não desenvolvem essas habilidades na primeira infância são mais propensas a ter dificuldades quando estressadas na escola ou com colegas à medida
que envelhecem.”
(CAPARROZ, Leo. Por que você não deve acalmar seu filho com o
celular? Revista Superinteressante, 2022. Disponível em: https://super.
abril.com.br/ciencia/por-que-voce-nao-deve-acalmar-seu-filho-com-ocelular-segundo-este-estudo/ Acesso em: 22/12/22. Adaptado.)
Selecione o fragmento que, discursiva e pragmaticamente,
mais se aproxima da tipologia textual injuntiva.