Sobre as vírgulas empregadas na passagem “A Daslu, que dese...

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Q1309521 Português

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A Daslu e o shopping-bunker



      A nova Daslu é o assunto preferido das conversas em São Paulo. Os ricos se entusiasmam com a criação de um local tão exclusivo e cheio de roupas e objetos sofisticados e internacionais. Os pequeno-burgueses praguejam contra a iniciativa, indignados com tanta ostentação.

         Antes instalada num conjunto de casas na Vila Nova Conceição, região de classe alta, a loja que vende as grifes mais famosas e caras do mundo passará agora a funcionar num prédio monumental construído no bairro "nouveau riche" da Vila Olímpia e ao lado do infelizmente pútrido e malcheiroso rio Pinheiros.

       A imprensa aproveita a mudança da Daslu para discorrer sobre as vantagens de uma vida luxuosa e exibir fotos exclusivas do interior da megaloja de quatro andares e seus salões labirínticos, onde praticamente não há corredores, pois, como diz a dona da loja, a ideia é que o consumidor se sinta em sua casa. 

        Estranha casa, deve-se dizer. Para entrar nela é preciso fazer uma carteira de sócio, depois de deixar o carro num estacionamento que custa R$ 30,00 (a primeira hora). Obviamente, tudo isso tem por objetivo selecionar os consumidores e intimidar os pouco afortunados – os mesmos que, ao se aventurar na antiga loja, reclamavam da indiferença das vendedoras, as dasluzetes, muito mais solícitas com aqueles que elas já conheciam ou que demonstravam de cara seu poder de compra.

      As complicações na portaria visam também, embora não se diga com clareza, a proteger o local e dar  segurança aos milionários de todo o país que certamente farão da nova Daslu um de seus "points" durante a estada em São Paulo, como já ocorria com a antiga casa. A segurança é um item cada vez mais prioritário nos negócios hoje em dia – antes mesmo da inauguração, a loja teve um de seus caminhões de mudança roubados.

    As formalidades na entrada levam ainda em conta a privacidade do local de quase 20 mil metros quadrados, não muito longe da favela Coliseu (sic). A reportagem de um site calculou, por falar nisso, que a soma da renda mensal de todas as famílias da favela (R$ 10.725, segundo o IBGE) daria para comprar apenas duas calças Dolce & Gabbana na loja. 

     Tais fatores, digamos assim, sinistros da realidade brasileira é que impulsionam o pioneirismo da nova Daslu. Sim, a loja é uma empreitada verdadeiramente inédita. A Daslu, que desenvolveu no Brasil um certo tipo de atendimento exclusivo e personalizado para ricos, agora introduz, pela primeira vez no mundo, o modelo do shopping-bunker.

      Todos sabem como os shopping-centers floresceram em São Paulo e nas capitais brasileiras, tanto pelas facilidades que propiciam para a gente que vive nos centros urbanos congestionados e tumultuados, quanto pela segurança. Ao longo dos anos, eles foram surgindo aqui e ali, alterando a sociabilidade e a paisagem das cidades. Acabaram se transformando em uma espécie de praça (fechada), onde as classes alta e média podiam circular com tranquilidade, sem serem importunadas pela visão e a presença dos numerosos pobres e miseráveis, que, por sua vez, ocuparam as praças públicas (abertas), como a da República e a da Sé, em São Paulo. Dentro dos shoppings, os brasileiros sonhamos um mundo de riqueza, organização, limpeza, segurança, facilidades e sobretudo de distinção que lá fora, nas ruas, está agora longe de existir.


     Mas talvez os shoppings, mesmo os mais sofisticados, como o Iguatemi, tenham se tornado democráticos demais para o gosto da classe alta paulista. A cada pequeno entusiasmo econômico, logo a alvoraçada classe média da cidade resolve se intrometer aos bandos nas searas exclusivas dos muito ricos. (...)



Disponível em: : https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/ult682u123.shtml

Sobre as vírgulas empregadas na passagem “A Daslu, que desenvolveu no Brasil um certo tipo de atendimento exclusivo e personalizado para ricos, (...)” (7º parágrafo), pode-se afirmar que:
Alternativas

Gabarito comentado

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A alternativa correta é B - são obrigatórias no contexto em que se inserem.

Vamos entender a razão disso e analisar cada alternativa.

O tema da questão é a pontuação, mais especificamente o uso de vírgulas em uma oração relativa. As vírgulas são essenciais para compreender e organizar o texto de forma clara e precisa. No caso específico da frase “A Daslu, que desenvolveu no Brasil um certo tipo de atendimento exclusivo e personalizado para ricos, (...)”, estamos lidando com uma oração subordinada adjetiva explicativa.

As orações subordinadas adjetivas explicativas são aquelas que adicionam uma informação suplementar, não essencial, sobre o substantivo que está sendo qualificado. Por essa razão, essas orações vêm sempre isoladas por vírgulas. Elas poderiam ser removidas sem que o sentido principal da oração fosse alterado.

Agora, vamos analisar cada alternativa:

A - poderiam ser eliminadas, mantendo-se a correção gramatical.

Essa alternativa está incorreta. As vírgulas são necessárias para demarcar a oração subordinada adjetiva explicativa, que, caso não estivesse isolada, mudaria o sentido da frase. A ausência das vírgulas faria com que a oração fosse interpretada como restritiva, alterando o significado pretendido pelo autor.

B - são obrigatórias no contexto em que se inserem.

Essa é a alternativa correta. As vírgulas são obrigatórias porque isolam a oração subordinada adjetiva explicativa, adicionando uma informação adicional sobre "A Daslu" sem modificar o sentido principal da frase.

C - poderiam ser substituídas por ponto-e-vírgula.

Essa alternativa está incorreta. O ponto-e-vírgula é utilizado para separar orações coordenadas que são independentes mas têm uma relação semântica entre si. No caso da oração subordinada adjetiva explicativa, a relação é de dependência sintática e semântica, por isso, o uso adequado é a vírgula.

D - Nenhuma das alternativas.

Essa alternativa está incorreta porque existe uma alternativa correta, que é a alternativa B.

Portanto, a alternativa correta é B.

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Comentários

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As vírgulas estão isolando uma oração subordinada adjetiva explicativa. Se as vírgulas fossem retiradas, a oração se tornaria adjetiva restritiva.

Gabarito B

Mudaria o sentido, não a correção gramatical.

Questão deveria ser anulada. Elas são obrigatórias para que se mantenha o sentido. No entanto, do ponto de vista gramatical continuaria correto,

CUIDADO

Questão com duplo gabarito

A) Correta. Temos na passagem uma oração subordinada adjetiva explicativa, a supressão das virgulas mantem a correção gramatical (único aspecto solicitado pela assertiva), de modo que passamos a ter uma oração subordinada adjetiva restritiva.

B) Correta. A presente assertiva, diferente da primeira, fala em contexto. O contexto da passagem é explicativo, as virgulas são obrigatórias para manter tal sentido.

C) Incorreta. Não cabe ponto e virgula para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa.

Temos duas opções corretas, e a questão é nula.

há duas respostas nessa questão, visto que mudaria o SENTIDO, mas não a correção gramatical...

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