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Ano: 2018 Banca: COMPERVE - UFRN Órgão: TJ-RN Prova: COMPERVE - 2018 - TJ-RN - Juiz Leigo |
Q950485 Português
A questão abaixo é baseada no texto abaixo.

Tempo das complexidades

Por Murillo de Aragão

Me poupe dos detalhes sórdidos, vão dizer alguns. Poucos querem saber dos detalhes, que, para muitos, devem ficar com Roberto Carlos. Mas esquecem que Deus está nos detalhes e que os detalhes que agrupamos fazem o mosaico do viver.
As respostas prontas fulminam os detalhes, eliminam a topografia das coisas, pasteurizam os sentimentos. Disse José Alvarenga, um dos mais talentosos diretores de tevê e cinema deste País, que, em mundo de respostas prontas, falta tempo para as complexidades. As respostas prontas são a base da banalização.
A banalização ocorre quando usamos um aplicativo para cortar caminho e nos sentirmos seguros ante a nossa falta de interesse e de conhecimento para o complexo. Queremos chegar logo às conclusões e não perder tempo com a viagem, o que é um erro. As complexidades fazem parte da travessia, e devemos dedicar a elas os devidos tempos.
Nas viagens, estão os detalhes que nos enriquecem. Pois é justamente ao observá -los que surgem muitas das respostas que buscamos. Nas viagens, colocamos os degr aus para subir e olhar melhor o mundo. Sobretudo, olhar melhor a nós mesmos. Nas viagens, saberemos o que pode significar muito para nós. Nas viagens, mudamos de ideia e, como disse Churchill, “quem não muda de ideia, nada faz”.
O mundo é simplesmente complexo, e a vida, mais ainda. Contudo, o processo de entender a complexidade da vida é absurdamente simples, só que demanda dedicação. É cansativo, e os ganhos são incrementais. Opera em uma dinâmica que nos confronta com uma vida de poucos tempos. Como não temos disposição e tempo para as complexidades, buscamos as repostas prontas em um pensamento rápido e nos relegamos à vida das mediocridades. Responder sempre com respostas prontas é como viver em um carrossel que gira, gira e não sai do lugar.
A banalização, sim, deve ser descartada, enquanto as complexidades devem ser observadas e entendidas. Uma conclusão superficial só nos leva a outra conclusão igualmente superficial. Assim, para existir plenamente, devemos fugir da tirania das respostas prontas. Logo , existiremos. Movimento, complexidade, viagem e tempo estão interligados. Não há como escapar. Devemos dar o devido tempo para as complexidades.

ARAGÃO, Murillo. Tempo das complexidades. IstoÉ. São Paulo, Editora Três, Ano 40, Nº 2516, mar. 2018. [Adaptado]
No quarto parágrafo, a sequência linguística “Nas viagens” tem valor
Alternativas

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O autor do texto utiliza uma técnica retórica conhecida como Anáfora para dar destaque a uma ideia. A Anáfora consiste na repetição intencional de palavras ou frases no início de frases ou parágrafos subsequentes, criando um efeito de ênfase e reforçando o conceito que está sendo transmitido.

Essa técnica é empregada para reforçar a importância das "viagens" na busca por conhecimento e experiência. Ao repetir a expressão "Nas viagens", o autor não só enfatiza a ideia de que é durante as viagens que vivenciamos e aprendemos, mas também provoca no leitor uma reflexão sobre a importância de dar atenção aos detalhes e aos processos de aprendizagem, e não apenas aos resultados finais ou às respostas prontas.

Portanto, a repetição não é um erro gramatical ou uma redundância desnecessária, mas sim uma escolha estilística deliberada para conferir maior profundidade e significado ao texto. É uma maneira de engajar o leitor e convidá-lo a contemplar as nuances das experiências vividas.

A resposta correta para a questão é a Alternativa B: adverbial, e sua repetição cria determinado efeito de sentido pretendido.

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Comentários

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Alguém poderia auxiliar?


Visto que a frase está em ordem inversa, ficando:

Os detalhes que nos enriquecem estão nas viagens.

Sujeito ------- O.S. Adj. Restritiva --- VL ---- Adj. Adverbial.


Porque a repetição do Adjunto Adverbial cria o efeito de sentido pretendido?

Bem, eu entendo que o autor quis dar ênfase no sentido de as viagens proporcionar um "olhar" diferente do habitual.

Está ligado mais ao sentido do que com relação à gramática. Entende?

"Nas viagens", é advérbio? Está no plural. Alguém explica.

"Nas viagens" - tem VALOR de Advérbio de lugar.

Pelo que entendi, o autor do texto se valeu da Anáfora para dar ênfase.


"Anáfora é a figura da repetição. Ocorre quando uma mesma palavra ou várias, são repetidas sucessivamente, no começo de orações, períodos, ou em versos. A repetição tem o objetivo de dar ênfase e tornar mais expressiva a mensagem."


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