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Q831502 Português

                                         CISÃO

      Há alguns anos havia uma clara separação entre cultura humanística e cultura científica. As duas não se falavam, tinham vocabulários diferentes. Nenhuma comunicação era possível entre elas, nem por sinais metafóricos: seus códigos simplesmente não combinavam. A divisão continuou até há pouco. Hoje as duas culturas estão na internet e usam a linguagem universal dos impulsos eletrônicos. Conversa-se, pelo menos, entre os dois lados do abismo.

       Mas há uma separação que se agrava, entre facções de uma mesma ciência, ou pseudociência: facções com o mesmo vocabulário e os mesmos códigos, mas que não se entendem. Economistas de um lado e de outro do abismo lidam com os mesmos números, recebem os mesmos dados, analisam as mesmas estatísticas – e veem e preveem coisas diferentes. Há dias o Elio Gaspari escreveu sobre a controvérsia que está havendo a respeito das taxas de juros entre economistas brasileiros, todos da mesma escola, com a mesma formação e a mesma informação, e nenhum deles adepto de qualquer heresia econômica. A cisão é inexplicável, a não ser que se procure sua causa no terreno movediço dos egos em choque.

      Ou então a explicação é antiga: o mundo da ciência econômica, como todos os mundos, também está dividido entre humanistas e seus contrários. Antes de divergirem nas suas interpretações e receitas, os economistas divergem no seu coeficiente de consciência social. Não é o caso da polêmica citada pelo Gaspari, em que nenhum dos contendores pode remotamente ser chamado “de esquerda”. Mas o menor desafio à ortodoxia vigente já vale como um ponto para o humanismo.

      “Consciência social” é um termo escorregadio. Não se trata de compaixão, ou de ter ou não ter coração. Nenhum lado tem monopólio dos bons sentimentos, todos têm consciência da desigualdade crescente, no país e no mundo, entre os poucos que têm dinheiro e poder e a maioria de despossuídos, e da explosão a que pode levar. Ou a que, segundo alguns, já levou. A doença é clara, discute-se a cura. Ela certamente não virá com a insistência num pensamento liberal único e a vassalagem irreversível ao capital financeiro, A divisão reportada por Gaspari é, entre outras coisas, sobre a persistência de um conservadorismo econômico que ainda não se deu conta de que a prancha acabou, e os tubarões estão esperando lá embaixo. 

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Cisão. Gazeta do Povo, Curitiba, p. 24. 11 e 12 fev 2017.

O texto de Luis Fernando Veríssimo menciona as figuras de linguagem metáfora e paradoxo. Identifique nos exemplos abaixo: metáfora (1) e paradoxo (2).


( ) Esta questão é apenas a ponta do iceberg.

( ) Eu estou sempre dando murro em ponta de faca.

( ) O teto que o abrigava era também desproteção.

( ) Ele não encara a realidade, vive sonhando acordado.

( ) O pobre demonstrou sábia ignorância.

( ) Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa)

( ) Buscava a resposta no coração do Brasil.

( ) Estou cheio de me sentir vazio. (Renato Russo)


Assinale a alternativa que apresenta a sequência adequada.

Alternativas

Gabarito comentado

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Para resolver a questão proposta, é essencial compreender o uso de figuras de linguagem, especificamente metáfora e paradoxo. Vamos primeiro entender o que cada uma significa:

Metáfora: É uma figura de linguagem que estabelece uma relação de semelhança entre dois elementos, sem usar um termo de comparação explícito. Ela traz um significado simbólico, como "meu pensamento é um rio subterrâneo", onde os pensamentos são comparados a um rio, destacando a fluidez e profundidade.

Paradoxo: Consiste em uma afirmação que parece contraditória ou absurda, mas que pode expressar uma verdade profunda, como "estou cheio de me sentir vazio", onde a plenitude de um sentimento é contrabalanceada pelo vazio emocional, gerando um contraste intrigante.

Agora, vamos analisar as alternativas:

  • Esta questão é apenas a ponta do iceberg: É uma metáfora, pois compara a questão a um iceberg, sugerindo que há muito mais por trás do que está visível.
  • Eu estou sempre dando murro em ponta de faca: Outra metáfora, indicando uma ação dolorosa e inútil, sem usar termos de comparação explícitos.
  • O teto que o abrigava era também desproteção: Isso é um paradoxo, pois o teto, que deveria proteger, também oferece desproteção, gerando um contraste.
  • Ele não encara a realidade, vive sonhando acordado: Aqui temos um paradoxo, porque viver sonhando enquanto acordado é uma contradição.
  • O pobre demonstrou sábia ignorância: Trata-se de um paradoxo, já que sabedoria e ignorância são ideias opostas.
  • Meu pensamento é um rio subterrâneo: Esta é uma metáfora clara, comparando pensamentos a um rio oculto.
  • Buscava a resposta no coração do Brasil: Outra metáfora, onde "coração do Brasil" é usado simbolicamente para indicar o centro ou essência do país.
  • Estou cheio de me sentir vazio: Este é um paradoxo, pois estar cheio de algo que gera vazio é uma ideia contraditória.

Com base nessas análises, a sequência correta é: 1,1,2,2,2,1,1,2, que corresponde à alternativa A.

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Comentários

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METÁFORA= substituição de um termo por outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade. 

PARADOXO= ideias contraditórias.

 

FOCO É DIZER NÃO!

A Resposta é a alternativa a)

Gabarito A: 

Metafora: É o emprego de um termo com significado de outro em vista de uma relação de semelhança entre ambos. É uma comparação subentendida.

Paradoxo: É uma proposição aparentemente absurda, resultante da reunião de idéias contraditórias.

Paradoxo: “funde” conceitos opostos num mesmo enunciado.

Ex: Essa menina parece que dorme acordada.

Metáfora:  transporta a palavra (ou expressão) do seu sentido literal para o sentido figurado.

Ex: Eu não recuso doces, sou uma formiga.

Paradoxo: É a confusão de ideias que pressupõe a perda do limite lógico entre um conceito e seu oposto contextual.
Metáfora: É a identificação simbólica de conceitos distintos.

GABARITO -> [A]

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