Conforme os sentidos expressos no texto e a norma-padrão de ...
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Ano: 2024
Banca:
VUNESP
Órgão:
TJ-SP
Prova:
VUNESP - 2024 - TJ-SP - Escrevente Técnico Judiciário (reaplicação) |
Q3252479
Português
Texto associado
A andorinha da torre
Desde muito tempo que o serviço da torre da Igreja de X
estava confiado ao velho Emílio...
Era aquele homem de barbas longas e brancas, espécie
dessas figuras com que se costuma fazer a imagem mítica
dos grandes rios, era aquele velho que via-se de tarde, à janela da torre sob a cúpula enorme do sino grande, olhando
vagamente para o espaço, sem dar atenção ao burburinho da
cidade, que circulava nas ruas lá embaixo...
Os mais antigos moradores do lugar lembravam-se de
que Emílio fora sempre o mesmo homem de barbas longas
e brancas, o mesmo, como a ruína consagrada pelo tempo,
que nunca fica mais velha. Respeitava-se muito ao velho sineiro. Era o mais honrado dos homens e, além disso, era o
avô da mais galante criança que se tem visto.
Por aqueles cinco quarteirões em volta não havia quem
não gostasse da andorinha da torre. Festejavam muito aquela
criança, davam a ela doces e beijos que não havia mãos a
medir; sentiam só que ela fugisse tanto a meter-se na torre
com o avô e esquecesse pelos velhos amigos de bronze que
moravam lá no alto as pessoas da cidade que tanto a queriam.
Mas como havia de ser se ela amava perdidamente os seus
sinos e o seu avô?... Achava os sinos frios demais e pachorrentos como uns homens de idade, mas, em compensação, admirava-os, quando vovô Emílio despertava-lhes a sanha e os fazia
pularem, voltearem como clowns*, precipitarem-se no espaço
como se fossem desabar e ressurgirem para o alto, com a boca
largamente aberta, como um sorriso de gigante satisfeito.
A pequena Rita admirava os sinos. Esta admiração
transformava-se em amorosa simpatia. Estranhava no fundo
do espírito aqueles monstros boquiabertos que sabiam ser
igualmente a imobilidade e o turbilhão, o silêncio e a trovoada; ajudava o avô a tratá-los, limpar-lhes o bojo profundo e
escuro, clarear-lhes os dourados de fora, esgravatar-lhes os
interstícios dos relevos que os enfeitavam...
Havia amor de família naquele pequeno mundo que vivia
na torre.
(Raul Pompeia, A andorinha da torre.
Em: https://www.biblio.com.br. Adaptado. Acesso em 12.09.2024)
* palhaços
Conforme os sentidos expressos no texto e a norma-padrão de pontuação, a passagem – Achava os sinos frios
demais e pachorrentos como uns homens de idade, mas,
em compensação, admirava-os, quando vovô Emílio despertava-lhes a sanha e os fazia pularem... (5º parágrafo)
– está adequadamente reescrita em: