A Balística, ao estudar os projéteis de arma de fog...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q483329 Medicina Legal
A Balística, ao estudar os projéteis de arma de fogo, englobando o seu movimento, as forças envolvidas na sua impulsão, a trajetória e os efeitos finais, pode ser dividida em Balística interna, externa e terminal. Tal estudo fornece elementos importantes para a análise pericial do corpo de delito, notadamente na avaliação dos efeitos produzidos pelos projéteis de alta energia. Com relação a esse assunto, assinale a alternativa correta.
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

A BALÍSTICA é a parte da mecânica que estuda os projéteis, devendo essa ser pensada em 3 tempos/períodos/seções:
1ª- parte que envolve o “interior" das armas;
2ª- parte que envolve a trajetória do projétil;
3ª- parte que produz efeitos no alvo atingido, fala-se aqui em trajeto.

Assim, temos:
-BALÍSTICA INTERNA OU INTERIOR: responsável pelo estudo do interior (mecanismo e estrutura) das armas e dos propelentes;
-BALÍSTICA EXTERNA: estuda a trajetória do projétil e os fatores que interferem nela (estabilidade, alcance, etc);
 -BALÍSTICA TERMINAL OU DOS EFEITOS: responsável pelas lesões produzidas no corpo. Obervação: não confunda TRAJETO com TRAJETÓRIA TRAJETO- percurso de um projétil dentro de um corpo TRAJETÓRIA- percurso externo do projétil.

A) INCORRETA- misturou os conceitos de balística interna com externa.
B) INCORRETA- ondas de pressão, lembre-se do fenômeno da cavitação.
C) INCORRETA- apresenta relação, por exemplo: direção do disparo.
D) CORRETA- conforme palavras do Professor Hygino Hércules. A questão se valeu "ipsis litteris" de sua definição, conforme HÉRCULES, Hygino de Carvalho. Medicina Legal, Texto e Atlas. Ed. Atheneu, 2005, p. 260.
E) INCORRETA- não se comportam de maneira semelhante; lembre-se que a principal diferença entre os projéteis de alta e média energia são 2: a) lesões de entrada e saída; b) fenômeno da cavitação.

GABARITO DO PROFESSOR: LETRA D

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

basicamente:

Balística interna = desdobramentos internos, sucessão de fatos no interior da arma, estudo do seu funcionamento, estrutura e mecanismo.

Balística externa = verifica a trajetória do projétil desde o momento do disparo, ex: influência da gravidade e empecilhos. 

Balística Terminal = ou de efeitos, estuda os efeitos e lesões provocados pelo projétil.

ps: trajeto DIFERENTE de trajetória. Aquele é o percurso no interior do corpo, já este é o percurso externo do projétil.


Entende-se por Balística Interna a secção da Balística que estuda os fenómenos que ocorrem dentro do cano de uma arma de fogo durante o seu disparo. Mais especificamente estuda as variações de pressão dentro do cano, as acelerações sofridas pelos projécteis, a vibração do cano, entre outras coisas.

Uma arma ao disparar começa por iniciar a carga de pólvora da munição. A queima da pólvora origina gases que por estarem confinados vão originar pressão que por sua vez actua na base do projéctil, fazendo força nele. É graças à obturação que os gases não escapam para mais lado nenhum a não ser a boca do cano. A rapidez de queima é proporcional à pressão, logo, as altas pressões geradas vão acelerar a própria queima. No principio das armas de fogo só existia a pólvora negra. Actualmente existem inúmeras pólvoras diferentes, onde entre cada uma pode variar a sua vivacidade característica, tamanho e forma (que pode ir desdes simples grãos a cilindros ocos, p.e.). Uma pólvora muito viva, queima rapidamente que origina altas pressões rapidamente que por sua vez aceleram a queima.

Entende-se por Balística Intermédia o estudo dos fenómenos sobre os projécteis desde o momento em que saem do cano da arma até o momento em que deixam de estar influenciados pelos gases remanescentes à boca da arma.

A reter sobre esta secção da Balística é que o mais importante é o efeito dos gases imediatamente à saida do cano. Os gases da queima saem do cano a uma velocidade maior que a do projéctil, envolvendo-o. Basta haver uma pequena falha na boca do cano, para que uma grande quantidade de gases saiam por essa falha provocando um erro muito grave na precisão do tiro.

Na balística intermédia outro factor de estudo e aplicação são os aparelhos que actuam na boca do cano, tais como tapa-chamas, silenciadores e afins.

·         Silenciadores são, de uma maneira básica, um tubo com várias câmaras separadas de maneira que os gases, por viajarem mais rápido que o prójectil, percam a sua velocidade nessas câmaras antes de chegarem ao fim com uma velocidade que se quer menor quanto possível. Iato, para evitar a explosão sónica (produzida quando a velocidade dos gases ultrapassa a velocidade do som). Apesar dos gases, uma arma para ser silenciosa precisa que a munição não possua velocidade supersónica pela mesma razão, e os mecanismos da arma sejam também "silenciosos" na sua operação.

·         Tapa-chamas são dispositivos com o objectivo de reduzir o tamanho e intensidade da chama à boca. Existem também uma espécie de "travões" (muzzle-brake) e compensadores que projectam os gases de maneira a que contrariem o recuo, ou salto vertical da arma respectivamente.

balística externa é o estudo das forças que actuam nos projécteis e correspondentes movimentos destes durante a sua travessia da atmosfera, desde que ficaram livres das influências dos gases do propulsante, até aos presumíveis choques com os seus alvos.

As duas principais forças que actuam sobre os projécteis durante as suas viagens na atmosfera e valor relativo dessas forças, no caso dos projécteis modernos são

1.    A força da gravidade ou atracção terrestre;

2.    A resistência do ar aos seus movimentos, sendo que esta, para as balas e granadas de artilharia modernas pode ser considerada como tendo, grosso modo, um valor igual a 100 vezes o valor da atracção terrestre.

3.     

Balística Terminal é o estudo da interacção entre os vários géneros de projécteis e os seus alvos.

Estes classificam-se em alvos duros e alvos moles, conforme são ou não difíceis de penetrar, ou seja, conforme dispõem ou não de uma armadura ou couraça qualquer. A balística terminal divide-se na que estuda a interacção com os alvos duros e a que interage com alvos moles, também conhecida por balística das feridas.

Alvos duros

Podem-se considerar como alvos duros desde armaduras de tanques até coletes à prova de bala. Para a sua neutralização existem vários tipos de munição, desde projécteis cinéticos chamados APDS ou APFSDS que devido à sua alta densidade aliada com uma área transversal baixa conseguem uma boa perfuração, até cargas focais, como p.e. os RPG’s, que usam uma carga explosiva em forma de cone que quando atinge o alvo, projecta a explosão para um único ponto, conseguindo temperaturas elevadas a uma alta velocidade de impacto.

As armaduras “falham” de diversas maneiras, sendo essas:

·         Falha dúctil (material macio);

·         Falha por fractura (material muito duro);

·         Falha por vazamento (quando o material é de dureza intermédia e é “arrastado” para dentro por um projéctil de ponta romba);

·         Falha por destacamento de uma face interior (causado por munições HESH, que consiste numa “crosta” da parte interior da armadura ser destacada a alta velocidade devido à onda de choque causada pelo projéctil).

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo