Leia o caso a seguir. Paciente A.M.M, 32 anos, sexo feminin...
Paciente A.M.M, 32 anos, sexo feminino, chega ao pronto-socorro, levada pela família, com história de alteração de comportamento de evolução insidiosa, recusando alimentação há mais de 20 dias, perdendo 10 kg em 15 dias. Há 1 dia tentou tirar a própria vida com enforcamento, sendo salva pela filha. Durante a entrevista, fala de modo lento, com dificuldade. Ao ser questionada pelo psiquiatra sobre seu quadro, responde:
– “Há dias não como. Também, pra quê comer? O que eu ganho com isso? O fim se aproxima cada vez mais, e eu sei que tudo isso é minha culpa. Tudo... O mundo se desmorona. E é minha culpa... Comer pra quê? O pouco que sinto, sinto como se meus órgãos estivessem ocos... Vazios... Colados... Retorcidos... Ocos como minha alma, como minha vida. Já nem choro mais, pois não há sentido em chorar, quando não há esperança. Sinto que... Que... Que... às vezes meu pensamento está tão lento, que... Acho que ele vai parar... Mas na verdade tudo vai parar, não é mesmo? Eu... Já morri há anos...”.
Com base no quadro apresentado, o exame psíquico correspondente ao plano afetivo, intelectivo e volitivo são, respectivamente,
Gabarito comentado
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A alternativa correta é a B.
Vamos entender por que essa é a resposta certa e explorar cada uma das alternativas.
Alternativa B: apatia, alteração do eu corporal intracorpo, pensamento de conteúdo niilista e de negação de órgãos, alucinações cenestésicas e sitiofobia.
A apatia é uma ausência de emoção ou interesse, algo que claramente se vê na paciente, que não vê motivo para comer ou chorar.
A alteração do eu corporal intracorpo refere-se a sensações anormais relacionadas ao próprio corpo, como a paciente descreve: "meus órgãos estão ocos... Vazios... Colados... Retorcidos...".
O pensamento de conteúdo niilista é evidente nas falas da paciente sobre o fim do mundo e sua culpa. Ela acredita que tudo está desmoronando por culpa dela.
As alucinações cenestésicas são sensações físicas anormais sem um estímulo real, que a paciente descreve nas sensações físicas de seus órgãos.
A sitiofobia é o medo patológico de comer, algo que a paciente demonstra ao recusar alimentos por dias.
Alternativa A: apatia, alteração da atividade do eu psíquico, pensamento de conteúdo niilista e de negação de órgãos, alucinações sinestésicas e sitiofobia.
Embora a apatia e o pensamento niilista estejam corretos, a alteração da atividade do eu psíquico não é adequadamente descrita no caso. As alucinações sinestésicas (mistura de sentidos, como ver sons) não são mencionadas no relato da paciente. Portanto, essa alternativa é incorreta.
Alternativa C: anedonia, alteração do eu corporal extracorpo, pensamento de conteúdo niilista e persecutório, alucinações cenestésicas e apragmatismo.
A anedonia (incapacidade de sentir prazer) é correta, mas a alteração do eu corporal extracorpo (sensação de que o corpo está fora de si) não se encaixa com as descrições da paciente. O pensamento persecutório (sentir-se perseguido) também não se aplica. Além disso, o apragmatismo (incapacidade de realizar ações práticas) não é mencionado, tornando essa alternativa incorreta.
Alternativa D: anedonia, alteração da identidade do eu psíquico, pensamento de conteúdo empobrecido, alucinações cinestésicas e apragmatismo.
Novamente, a anedonia está correta, mas a alteração da identidade do eu psíquico (despersonalização) não é relevante no caso. O pensamento de conteúdo empobrecido (pensamento reduzido ou lento) não é exatamente o que a paciente descreve. As alucinações cinestésicas (relacionadas ao movimento) também não são mencionadas. Assim, essa alternativa está incorreta.
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