O Texto, do escritor mexicano Octavio Paz, aborda a noção d...

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Q1636289 Conhecimentos Gerais

Leia o Texto III para responder à questão.


Texto III 

    “Uma jarra de vidro, uma cesta de palha, um vestido rústico de musselina, uma bandeja de madeira: objetos belos, não apesar de sua utilidade, mas por causa dela. Sua beleza lhes é inerente, como o perfume ou a cor das flores. É inseparável de sua função: são coisas belas porque são coisas úteis. O artesanato pertence a um mundo anterior à distinção entre o útil e o belo. Tal distinção é mais recente do que se imagina. Muitos dos artefatos que chegaram até nossos museus e coleções particulares pertenciam a um mundo no qual a beleza não era um valor isolado e autônomo. A sociedade era dividida em dois grandes domínios: o profano e o sagrado. Em ambos, a beleza era uma qualidade subordinada: no domínio do profano, subordinada à utilidade do objeto em questão, e no domínio do sagrado, ao seu poder mágico. Um utensílio, um talismã, um símbolo: a beleza era a aura em torno do objeto, resultante – quase sempre involuntariamente – da relação secreta entre sua forma e seu significado. Forma: o modo como uma coisa é fabricada; significado: o propósito para o qual é fabricada.”

PAZ, Octavio. O Artesanato. Arte na Omaguás. Disponível em: http://arteomaguas.wordpress.com/o-artista-e-o-artesao-feirao-maguas-artesanato-arte-feira-de-artesanato-norma-nacsa-pinheiros-passeios-merleau-ponty/o-artesanato-otavio-paz/ Acesso em 15/08/2013

O Texto, do escritor mexicano Octavio Paz, aborda a noção de artesanato num sentido que não a distancia da noção corrente de arte, enquanto criação associada ao universo estético. Artefatos, souvenirs e coleções vendidos nas feiras e nas praças das grandes cidades brasileiras, nos finais de semana, compõem esse universo, mas são normalmente considerados por seus consumidores como obras de valor inferior àquelas da “grande arte”. Isto se justifica:
Alternativas

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A alternativa correta é a A.

Vamos entender o tema abordado na questão e a justificativa para essa escolha.

O texto de Octavio Paz discute a relação entre artesanato e arte, ressaltando que a beleza dos objetos artesanais está intrinsecamente ligada à sua funcionalidade. Diferentemente de uma visão mais recente que separa o útil do belo, no universo do artesanato, esses conceitos são inseparáveis. A beleza de um objeto artesanal não é apenas um detalhe estético, mas uma consequência de sua utilidade e significado.

Agora, analisando as alternativas, percebe-se que a correta é a alternativa A, pois ela aborda um aspecto crucial da discussão sobre a hierarquização entre a cultura erudita e a cultura popular. No contexto contemporâneo, há uma distinção arbitrária que privilegia a "grande arte", frequentemente associada a uma formação acadêmica e à elevação estilística, em detrimento do artesanato, que é visto como uma forma de expressão cultural popular e, portanto, de menor valor estético.

A alternativa A diz: por corresponder a uma separação consagrada numa hierarquização social e cultural contemporânea que distingue, de forma arbitrária, a cultura erudita da cultura popular. Isso está de acordo com a ideia central do texto de Octavio Paz, que critica essa separação e hierarquização, defendendo que a beleza do artesanato está na sua função e utilidade, e não deve ser considerada inferior à "grande arte".

As outras alternativas, por outro lado, não contemplam adequadamente essa perspectiva do texto:

  • B - Afirma que o belo não pode depender da utilidade, o que contraria diretamente a premissa do texto, onde a beleza é consequência da utilidade.
  • C - Fala de uma separação "abissal" e de uma suposta falta de especialização e formação acadêmica dos artesãos, não considerando a visão de Paz sobre a beleza intrínseca do artesanato.
  • D - Argumenta que o valor das obras artesanais é apenas cultural e antropológico, ignorando a discussão sobre a beleza funcional apresentada no texto.
  • E - Refere-se ao sentido sagrado e à aura transcendental dos objetos artesanais, o que não está em linha com a argumentação do texto sobre a união de beleza e utilidade no artesanato.

Portanto, a alternativa A é a que mais corretamente reflete a discussão proposta por Octavio Paz sobre a relação entre arte e artesanato, e a hierarquização social e cultural que distingue, de forma arbitrária, a cultura erudita da popular.

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