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Q1121333 Português

                                              O gato preto


      Não espero nem peço que acreditem na narrativa tão estranha e ainda assim tão doméstica que estou começando a escrever. Louco, de fato, eu seria se esperasse por isso, num caso em que até os meus sentidos rejeitam seu próprio testemunho. No entanto, louco eu não sou - e com toda certeza eu não estou sonhando. Mas se morro amanhã, hoje alivio minha alma. O meu objetivo imediato é apresentar ao mundo, sucintamente e sem comentários, uma série de eventos meramente domésticos. Em suas consequências, tais fatos aterrorizaram - torturaram - destruíram minha pessoa. No entanto, não vou tentar explicá-los. Para mim representam apenas horror - para muitos vão parecer menos terríveis do que barrocos. No futuro, talvez, algum intelecto será capaz de reduzir meu fantasma ao lugar-comum - algum intelecto mais calmo, mais lógico, e muito menos excitável que o meu, que vai perceber, nas circunstâncias que detalho com pasmo, nada mais que uma habitual de causas e efeitos muito naturais.

      Desde criança que eu era conhecido pela docilidade e humanidade do meu caráter. O meu coração era tão terno que fez de mim um objeto de escárnio dos meus camaradas. Gostava particularmente de animais e os meus pais autorizavam-me a ter uma grande variedade de bichos de estimação. Com eles passava a maior parte do tempo e nunca me sentia tão feliz como quando os alimentava e acarinhava. Esta peculiaridade do meu caráter cresceu comigo e em adulto derivava daí uma das minhas principais fontes de prazer. Para quem já alguma vez amou um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou intensidade da satisfação daí emanada. Algo existe no amor desinteressado e generoso de uma besta que vai direito ao coração daquele que teve frequentemente a ocasião de avaliar a fraca amizade e a evanescente fidelidade do homem vulgar.

POE, Edgar Allan (1978) “O gato preto". In _____ . Histórias extraordinárias. Trad. Breno da Silveira e outros. São Paulo: Abril Cultural, p.39-51. 

Do ponto de vista da norma culta, o segmento destacado em “O meu coração era tão terno QUE FEZ DE MIM UM OBJETO DE ESCÁRNIO DOS MEUS CAMARADAS." possui valor de:
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Comentários

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GABARITO: LETRA E

Consecutivas: introduzem uma oração que expressa a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que (tendo como antecedente na oração principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. Por exemplo:

Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do exame.
A dor era tanta que a moça desmaiou.

FONTE: WWW.SÓPORTUGUÊS.COM.BR

O fato do coração ser tão terno(causa), fez dele um objeto de escárnio(consequência).

*Para saber se há relação de causa/consequência, basta pensar ''o fato de...fez com que...

*O valor será aquele que está após o verbo.

GABARITO: LETRA E

? ?O meu coração era tão terno QUE FEZ DE MIM UM OBJETO DE ESCÁRNIO DOS MEUS CAMARADAS.?

? "tão... que" (=conjunção subordinativa consecutiva); temos a ideia de causa e consequência, depois do Tesão vem a consequência.

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? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

A questão quer saber o valor da oração destacada em “O meu coração era tão terno QUE FEZ DE MIM UM OBJETO DE ESCÁRNIO DOS MEUS CAMARADAS.". Vejamos:

Conjunções subordinativas são as que tornam orações dependentes, isto é, subordinam uma oração à outra. Com exceção das conjunções integrantes (que introduzem orações substantivas), essas conjunções introduzem orações adverbiais e exprimem circunstâncias (causa, comparação, concessão, condição, conformidade, consequência, fim, tempo e proporção). 

A finalidade.

Oração subordinada adverbial final: exprime ideia de finalidade, intenção em relação ao fato expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções a fim de que, para que, que e porque (= para que). 

Ex.: Resolveu todas as questões a fim de que fosse aprovado. 

B conformidade.

Oração subordinada adverbial conformativa: exprime ideia de conformidade com o pensamento expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções conforme, como, segundo, consoante... 

Ex.: Tudo saiu conforme combinamos. 

C proporção.

Oração subordinada adverbial proporcional: exprime ideia de proporção ou fato simultâneo ao expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (ou menos), tanto mais (ou menos)... 

Ex.: Quanto mais se estuda, mais se aprende. 

D causa.

Oração subordinada adverbial causal: exprime ideia de causa do fato expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções porque, pois, porquanto, uma vez que, visto que, já que, como... 

Ex.: Já que você estudou muito, suas chances de passar são enormes. 

E consequência.

Oração subordinada adverbial consecutiva: exprime consequência do fato expresso na oração principal. É introduzida pelas conjunções que (precedido de tão, tal, tanto, tamanho), sem que, de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que... 

Ex.: Estudou tanto que passou na prova. 

Em relação à questão, a oração "que fez de mim um objeto de escárnio dos meus camaradas" possui valor de consequência!

 

Gabarito: Letra E

Correta, E

TÃO --> QUE = CONSEQUÊNCIA.

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