- quase o dobro do crescimento verificado nos municípios gra...
O crescimento das cidades
médias, aquelas com mais de 100.000 e menos de 500.000 habitantes, é o grande
fenômeno nacional. Na próxima década, a catarinense Joinville, a gaúcha Caxias
do Sul, Niterói e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e Santos e São José
do Rio Preto, em São Paulo, devem ombrear com Londrina, no Paraná. No sertão
nordestino, a pernambucana Petrolina e a paraibana Campina Grande já se
comportam como metrópoles. Há vários casos de cidades médias que crescem a um
ritmo chinês, como a paulista Hortolândia, a paraense Marabá e Angra dos Reis e
Cabo Frio, estas no Rio de Janeiro. Um estudo da socióloga Diana Motta e
do economista Daniel da Mata, ambos do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, nos últimos dez
anos, elas se converteram no verdadeiro motor do desenvolvimento brasileiro.
Para se ter uma ideia, entre 2002 e 2007 o produto interno bruto cresceu a uma
taxa de 4% ao ano. O das cidades médias contribuiu, em média, 5,4% ao ano -
quase o dobro do crescimento verificado nos municípios grandes. Donas de um parque
industrial e um setor de serviços mais pujantes, elas respondem, agora, por 28%
da economia nacional.
Hoje, um em cada quatro brasileiros vive em
cidades médias. O dinamismo constatado pelos dois pesquisadores é um sinal
inequívoco de progresso. "A
evolução das cidades médias indica que o Brasil está superando uma deficiência
histórica: a concentração da riqueza nos grandes centros situados ao longo do
litoral", diz o economista Danilo Igliori, da Universidade de São Paulo.
No século XVII, frei Vicente do Salvador, considerado o primeiro historiador do
país, condenava o modelo de ocupação do território. "Contentam-se de andar
arranhando (as terras) ao longo do mar como caranguejos", escreveu em sua História do Brazil, publicada em 1630. Somente durante
o milagre econômico dos anos 70 o governo federal percebeu que algumas cidades
médias tinham se tornado polos econômicos regionais, atraíam contingentes de imigrantes
e precisavam adotar políticas específicas para não enfrentar processos de favelização
semelhantes aos vividos por São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto rendeu
frutos. Embora abriguem bolsões de pobreza, esses municípios obtiveram melhores
resultados na preservação de seu tecido urbano.
Em meados dos anos 90, os investidores
depararam com capitais estranguladas e resolveram interiorizar suas operações industriais
e comerciais. Hoje, de cada real produzido nas fábricas brasileiras, 44
centavos são provenientes de unidades instaladas em cidades médias. Um dos
resultados da expansão econômica foi o aumento vertiginoso do setor de
serviços. Tais mudanças conferiram tanta independência às cidades médias que
60% delas não precisam ter maiores vínculos com a região metropolitana da
capital de seu Estado.
(ESPECIAL CIDADES MÉDIAS. Veja, 1 de setembro de 2010, pp. 78-80, com adaptações.)
Considerando-se o contexto, a afirmativa acima constitui