Para John Bowlby (2015), o que caracteriza o indivíduo psic...
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A alternativa correta é a alternativa C. Vamos entender o porquê disso e analisar também as outras alternativas.
John Bowlby, criador da Teoria do Apego, estudou intensamente a relação entre bebês e suas figuras de apego, geralmente os pais ou cuidadores principais. Ele destacou a importância do vínculo emocional estabelecido entre o bebê e a mãe (ou figura de apego) para o desenvolvimento saudável da criança. Quando esse vínculo é rompido, especialmente em momentos críticos do desenvolvimento, pode haver consequências sérias para a capacidade do indivíduo de regular emoções e conflitos no futuro.
Na questão em tela, Bowlby menciona que a separação do bebê de sua mãe após o estabelecimento do vínculo emocional pode levar a dificuldades na regulação dos conflitos. A alternativa correta é a C, pois ela destaca que "voracidade libidinal e ódio se tornam intensos demais para ser regulados". Isso está alinhado com as ideias de Bowlby sobre como a separação pode intensificar emoções difíceis de manejar pelo bebê, resultando em problemas de regulação emocional.
Vamos analisar as outras alternativas:
A - "o bebê não dispõe de recursos para lidar com um ambiente visto como imprevisível."
Embora faça sentido que um bebê tenha poucos recursos para lidar com um ambiente imprevisível, Bowlby enfatiza mais a questão das emoções intensas e difíceis de regular após a separação, e não necessariamente a imprevisibilidade do ambiente.
B - "o ódio terá de ser reprimido porque o objeto que o causou não está mais presente."
A repressão de emoções pode ocorrer, mas Bowlby foca mais na intensidade das emoções que surgem devido à separação e na dificuldade de regulá-las, não apenas na repressão do ódio.
D - "a integridade do ego em formação é ameaçada por significativo sentimento de culpa."
A ideia de culpa não é central nos estudos de Bowlby sobre separação e apego. Ele se concentra mais na dificuldade de regulação emocional e nos sentimentos intensos de voracidade e ódio.
E - "a ruptura do vínculo compromete a confiança do bebê de que mereça ser amado."
Embora a confiança e a sensação de ser amado sejam aspectos importantes, Bowlby enfatiza as dificuldades emocionais que surgem diretamente da separação, principalmente a intensificação de emoções como a voracidade libidinal e o ódio.
Dessa forma, a alternativa C é a que melhor reflete as ideias de Bowlby sobre as consequências da separação entre mãe e bebê após o estabelecimento do vínculo emocional.
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GABARITO LETRA C
A pessoa sadia sabe regular sua ambivalência e uma criança que foi separada de sua mãe após o estabelecimento de um vínculo emocional tem essa capacidade pertubarda, logo a voracidade libidinal e o ódio decorrentes da perda e toda carga de ansiedade que com ela vem, faz a criança perder sua capacidade regulativa das emoções. BOWLBY, John. Formação e rompimento dos laços afetivos. São Paulo: Martins Fontes, 1982.
"Se a criança seguir um caminho favorável, ela crescerá consciente de que existem, em seu íntimo, impulsos contraditórios, mas estará apta a dirigi-los e controlá-los, e a ansiedade e culpa que eles engendram será suportável. Se o seu progresso for menos favorável, a criança será assediada por impulsos sobre os quais sente não ter controle ou ter um controle inadequado; em conseqüência disso, sofrerá uma ansiedade aguda com relação à segurança das pessoas que ela ama e também temerá o revide que, acredita ela, não deixará de cair sobre sua própria cabeça."
Portanto, uma chave para os cuidados com a criança é tratá-la de tal maneira que nenhum dos dois impulsos que põem em perigo a pessoa amada — a voracidade libidinal e o ódio — se tome demasiado intenso. BOWLBY, John. Formação e rompimento dos laços afetivos.
Parece existir agora uma razoável certeza de que é por causa da intensidade da demanda libidinal e do ódio gerados que a separação de uma criança de sua mãe, depois que formou com ela uma relação emocional, pode acarretar efeitos tão devastadores para o desenvolvimento de sua personalidade.
Paulo: Martins Fontes, p.7, 1982.
O que sabemos, pois, das condições que geram a dificuldade? Não pode haver dúvida de que uma característica principal do conflito que toma difícil regulá-lo é a magnitude de seus componentes. No caso de ambivalência, se o impulso para obter satisfação libidinal *(2) ou o impulso para magoar e destruir a pessoa amada for extraordinariamente forte, aumentará o problema de regular o conflito.
Uma chave para os cuidados com a criança é tratá-la de tal maneira que nenhum dos dois impulsos que põem em perigo a pessoa amada — a voracidade libidinal e o ódio — se tome demasiado intenso.
Se um bebê tem o amor e a companhia de sua mãe e logo também a de seu pai, ele crescerá sem uma pressão exagerada de anseios libidinais e sem uma propensão irresistível para odiar. Se não tiver essas coisas, seus anseios libidinais provavelmente serão muito elevados, o que significa que o bebê estará procurando constantemente amor e afeição, e será continuamente propenso a odiar aqueles que não conseguem dar afeto.
A alternativa A "o bebê não dispõe de recursos para lidar com um ambiente visto como imprevisível" atribuímos a Winnicott.
"O trauma é uma imposição do ambiente que ocorre antes que haja um desenvolvimento dos mecanismos individuais que tornam previsível o imprevisível" (Winnicott, 1967)
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