‘‘A vida me ensinou que não existe nada mais inútil que pr...
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Ano: 2024
Banca:
Creative Group
Órgão:
Prefeitura de Brasileira - PI
Provas:
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Técnico de Enfermagem
|
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Educador Físico |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Enfermeiro ESF |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Fisioterapeuta |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Médico ESF |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Assistente Social |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Supervisor do Programa Criança Feliz |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Cirurgião Dentista da ESF |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Nutricionista |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Psicólogo |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Médico Veterinário |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Técnico de Saúde Bucal |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Operador de Máquina |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Entrevistador Social |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Motorista AB |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Motorista D |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Motorista de Ambulância |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Agente Administrativo |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Agente Comunitário de Saúde |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Visitador do Programa Criança Feliz |
Creative Group - 2024 - Prefeitura de Brasileira - PI - Contador |
Q2489966
Português
Texto associado
LEIA O TEXTO E RESPONDA A QUESTÃO SEGUINTE.
Que pipoquem experimentos!
A vida me ensinou que não existe nada mais
inútil que projeções futurológicas: o final é sempre
outro… Mas pediram que eu me aventurasse… Assim,
o que vou fazer é indicar algumas das tendências
“escolares” que vejo no presente e imaginar seu destino
futuro.
Em primeiro lugar há “escola tradicional”. A “escola tradicional” se caracteriza por ser baseada em “programas” em que os saberes, organizados numa determinada ordem, são estabelecidos por autoridades burocráticas superiores ausentes. Os professores sabem o programa e o ensinam. Os alunos não sabem e devem aprender.
Os alunos são agrupados em turmas independentes que não se comunicam umas com as outras. A atividade de pensar é fragmentada em unidades de tempo chamadas aulas, que também não se relacionam umas com as outras. Livros-texto garantem a uniformidade do ensino. A aprendizagem é avaliada numericamente por meio de testes.
As “escolas tradicionais”, como todas as instituições, são dotadas de mecanismos para impedir as mudanças. Muitas das “escolas tradicionais” são estatais, o que significa garantia de segurança, por meio de um emprego vitalício. Mas, como se sabe, a segurança põe a inteligência a dormir.
Prevejo que, daqui a 25 anos, essas escolas estarão do mesmo jeito, talvez pintadas com cores mais alegres.
Mas, de repente, os saberes começaram a pulular fora dos limites da “escola tradicional”. Circulam livres no ar —sem depender de turmas, salas, aulas, programas, professores, livros-texto—, dotados do poder divino da onipresença: o aprendiz aperta um botão e viaja instantaneamente pelo espaço.
O aprendiz se descobre diante de um mundo imenso, onde não há caminhos predeterminados por autoridades exteriores. Viaja ao sabor da sua curiosidade, quer explorar, experimenta a surpresa, o inesperado, a possibilidade de comunicação com outros aprendizes companheiros de viagem.
Mas o fato é que ele se encontra diante de uma tela de computador. É um mundo virtual. Trata-se apenas de um meio. E é somente isso, essa alienação da realidade vital, que torna possível a sua imensidão potencialmente infinita. Mas, como disse McLuhan, “o meio é a mensagem”. E a “massagem”…
Há o perigo de que os fins, a vida, sejam trocados pelo fascínio dos meios —mais seguros e mais extensos. Fascinante esse novo espaço educativo. Não é preciso ser profeta para prever que ele irá se expandir além daquilo que podemos imaginar, especialmente em se considerando a sua ligação com interesses econômicos gigantescos. Mas é preciso perguntar: “Qual é o sentido desses meios para os milhões de pobres que não têm o que comer? E quais serão as consequências do seu fascínio virtual?”.
Há, finalmente, um florescimento de experimentos educacionais alternativos.
Por oposição ao conhecimento virtual, essas experiências de aprendizagem se constroem a partir dos problemas vitais com que os alunos se defrontam no seu cotidiano, no seu lugar, na sua particularidade. Não há programas universais definidos por uma burocracia ausente porque a vida não é programável.
Os desafios que enfrentam as crianças nas praias de Alagoas, nas favelas do Rio, nas matas da Amazônia e nas montanhas de Minas não são os mesmos. Além dos saberes que porventura venham a ser aprendidos, esses experimentos buscam o desenvolvimento da capacidade de ver, de maravilharse diante do mundo, de fazer perguntas e de pensar.
Tenho a esperança de que esses experimentos continuarão a pipocar, porque é neles que o meu coração se sente esperançoso.
Em primeiro lugar há “escola tradicional”. A “escola tradicional” se caracteriza por ser baseada em “programas” em que os saberes, organizados numa determinada ordem, são estabelecidos por autoridades burocráticas superiores ausentes. Os professores sabem o programa e o ensinam. Os alunos não sabem e devem aprender.
Os alunos são agrupados em turmas independentes que não se comunicam umas com as outras. A atividade de pensar é fragmentada em unidades de tempo chamadas aulas, que também não se relacionam umas com as outras. Livros-texto garantem a uniformidade do ensino. A aprendizagem é avaliada numericamente por meio de testes.
As “escolas tradicionais”, como todas as instituições, são dotadas de mecanismos para impedir as mudanças. Muitas das “escolas tradicionais” são estatais, o que significa garantia de segurança, por meio de um emprego vitalício. Mas, como se sabe, a segurança põe a inteligência a dormir.
Prevejo que, daqui a 25 anos, essas escolas estarão do mesmo jeito, talvez pintadas com cores mais alegres.
Mas, de repente, os saberes começaram a pulular fora dos limites da “escola tradicional”. Circulam livres no ar —sem depender de turmas, salas, aulas, programas, professores, livros-texto—, dotados do poder divino da onipresença: o aprendiz aperta um botão e viaja instantaneamente pelo espaço.
O aprendiz se descobre diante de um mundo imenso, onde não há caminhos predeterminados por autoridades exteriores. Viaja ao sabor da sua curiosidade, quer explorar, experimenta a surpresa, o inesperado, a possibilidade de comunicação com outros aprendizes companheiros de viagem.
Mas o fato é que ele se encontra diante de uma tela de computador. É um mundo virtual. Trata-se apenas de um meio. E é somente isso, essa alienação da realidade vital, que torna possível a sua imensidão potencialmente infinita. Mas, como disse McLuhan, “o meio é a mensagem”. E a “massagem”…
Há o perigo de que os fins, a vida, sejam trocados pelo fascínio dos meios —mais seguros e mais extensos. Fascinante esse novo espaço educativo. Não é preciso ser profeta para prever que ele irá se expandir além daquilo que podemos imaginar, especialmente em se considerando a sua ligação com interesses econômicos gigantescos. Mas é preciso perguntar: “Qual é o sentido desses meios para os milhões de pobres que não têm o que comer? E quais serão as consequências do seu fascínio virtual?”.
Há, finalmente, um florescimento de experimentos educacionais alternativos.
Por oposição ao conhecimento virtual, essas experiências de aprendizagem se constroem a partir dos problemas vitais com que os alunos se defrontam no seu cotidiano, no seu lugar, na sua particularidade. Não há programas universais definidos por uma burocracia ausente porque a vida não é programável.
Os desafios que enfrentam as crianças nas praias de Alagoas, nas favelas do Rio, nas matas da Amazônia e nas montanhas de Minas não são os mesmos. Além dos saberes que porventura venham a ser aprendidos, esses experimentos buscam o desenvolvimento da capacidade de ver, de maravilharse diante do mundo, de fazer perguntas e de pensar.
Tenho a esperança de que esses experimentos continuarão a pipocar, porque é neles que o meu coração se sente esperançoso.
(Rubem Alves)
‘‘A vida me ensinou que não existe nada mais inútil
que projeções futurológicas: o final é sempre outro…’’
Os dois-pontos, presentes no trecho, têm a função de:
Os dois-pontos, presentes no trecho, têm a função de: