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Q2789039 Pedagogia

Texto para responder às questões de 01 a 15


Uma estranha descoberta


Lá dentro viu dependurados compridos casacos de peles. Lúcia gostava muito do cheiro e do contato das peles. Pulou para dentro e se meteu entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto. Não fechou a porta, naturalmente: sabia muito bem que seria uma tolice fechar-se dentro de um guarda roupa. Foi avançando cada vez mais e descobriu que havia uma segunda fila de casacos pendurada atrás da primeira. Ali já estava meio escuro, e ela estendia os braços, para não bater com a cara no fundo do móvel. Deu mais uns passos, esperando sempre tocar no fundo com as pontas dos dedos. Mas nada encontrava.

“Deve ser um guarda-roupa colossal!”, pensou Lúcia, avançando ainda mais. De repente notou que estava pisando qualquer coisa que se desfazia debaixo de seus pés. Seriam outras bolinhas de naftalina? Abaixou-se para examinar com as mãos. Em vez de achar o fundo liso e duro do guardaroupa, encontrou uma coisa macia e fria, que se esfarelava nos dedos. “É muito estranho”, pensou, e deu mais um ou dois passos.

O que agora lhe roçava o rosto e as mãos não eram mais as peles macias, mas algo duro, áspero e que espetava.

– Ora essa! Parecem ramos de árvores!

Só então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz, onde deveria estar o fundo do guarda-roupa, mas lá longe. Caía-lhe em cima uma coisa leve e macia. Um minuto depois, percebeu que estava num bosque, à noite, e que havia neve sob os seus pés, enquanto outros flocos tombavam do ar.

Sentiu-se um pouco assustada, mas, ao mesmo tempo, excitada e cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos sombrios das árvores, viu ainda a porta aberta do guarda-roupa e também distinguiu a sala vazia de onde havia saído. Naturalmente, deixara a porta aberta, porque bem sabia que é uma estupidez uma pessoa fechar-se num guarda-roupa. Lá longe ainda parecia divisar a luz do dia.

- Se alguma coisa não correr bem, posso perfeitamente voltar.

E ela começou a avançar devagar sobre a neve, na direção da luz distante.

Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião. O que estaria fazendo um lampião no meio de um bosque? Lúcia pensava no que deveria fazer, quando ouviu uns pulinhos ligeiros e leves que vinham na sua direção. De repente, à luz do lampião, surgiu um tipo muito estranho.

Era um pouquinho mais alto do que Lúcia e levava uma sombrinha branca. Da cintura para cima parecia um homem, mas as pernas eram de bode (com pelos pretos e acetinados) e, em vez de pés, tinha cascos de bode. Tinha também cauda, mas a princípio Lúcia não notou, pois ela descansava elegantemente sobre o braço que segurava a sombrinha, para não se arrastar pela neve.

Trazia um cachecol vermelho de lã enrolado no pescoço. Sua pele também era meio avermelhada. A cara era estranha, mas simpática, com uma barbicha pontuda e cabelos frisados, de onde lhe saíam dois chifres, um de cada lado da testa. Na outra mão carregava vários embrulhos de papel pardo. Com todos aqueles pacotes e coberto de neve, parecia que acabava de fazer suas compras de Natal.

Era um fauno. Quando viu Lúcia, ficou tão espantado que deixou cair os embrulhos.

– Ora bolas! - exclamou o fauno.

[...]


LEWIS, C.S. Uma estranha descoberta. In: As Crônicas de Nárnia .Tradução de Paulo Mendes Campos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p.105-6. Volume único.

De acordo com os estudos de regência verbal e considerando o padrão culto da língua, o verbo em destaque em “PARECEM ramos de árvores!” é:

Alternativas

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Vamos discutir a questão proposta e entender por que a alternativa correta é a E - de ligação.

Em primeiro lugar, é importante compreender o que são verbos de ligação. Eles são utilizados para unir o sujeito a uma característica ou estado, indicando uma qualidade ou condição do sujeito. No caso da frase "Parecem ramos de árvores!", o verbo parecem está unindo o sujeito oculto (que seriam "eles" ou "as coisas que roçavam o rosto da Lúcia") a uma característica (ramos de árvores).

Vamos agora analisar as alternativas incorretas para entender por que não são adequadas:

A - intransitivo: Um verbo intransitivo é aquele que não precisa de complemento para ter sentido completo, como em "Ela sorriu." O verbo parecer na frase dada necessita de um complemento para indicar o que é que parece ramos de árvores, portanto, ele não é intransitivo.

B - transitivo direto e indireto: Um verbo transitivo direto e indireto precisa de dois complementos: um objeto direto e um objeto indireto. Um exemplo seria "Ele emprestou um livro ao amigo." O verbo parecer não tem essa estrutura na frase dada, então essa alternativa também não é adequada.

C - transitivo direto: Um verbo transitivo direto necessita apenas de um complemento para completar seu sentido, como em "Ele comprou um carro." O verbo parecer na frase dada não é seguido de um objeto direto, mas sim de uma característica do sujeito, então essa alternativa está incorreta.

D - transitivo indireto: Um verbo transitivo indireto precisa de um complemento introduzido por uma preposição, como em "Ela gosta de música." Na frase em questão, parecer não exige uma preposição para completar seu sentido, o que torna essa alternativa incorreta.

Portanto, analisando a estrutura da frase e o papel do verbo parecer, concluímos que a alternativa correta é a E - de ligação porque o verbo está ligando o sujeito a uma característica.

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