De acordo com Pierre Bourdieu, as desigualdades escolares sã...
De acordo com Bourdieu, as classes médias tendem a investir sistematicamente na escolarização dos filhos, comportamento que se explica, entre outros fatores, pelas chances objetivamente superiores (em comparação com as classes populares) de os filhos das classes médias alcançarem o sucesso escolar, bem como pelas expectativas de futuro sustentadas por esse grupo social.
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Vamos analisar a questão apresentada com base nas teorias de Pierre Bourdieu, um sociólogo francês renomado por estudar as relações entre educação e sociedade.
Tema Central: A questão aborda a ideia de que as desigualdades escolares refletem as desigualdades sociais. Bourdieu argumenta que as classes sociais médias têm uma tendência a investir mais na educação dos filhos. Isso ocorre porque eles têm chances objetivas superiores de sucesso escolar em comparação com as classes populares e possuem expectativas de futuro que sustentam esse comportamento.
Alternativa Correta: C - certo
A alternativa está correta porque reflete diretamente a teoria de Bourdieu. Ele defende que o investimento em educação pelas classes médias não é apenas uma questão de acesso econômico, mas também está relacionado às expectativas sociais e culturais que influenciam o sucesso escolar. As famílias de classe média veem a educação como um meio de garantir estabilidade e ascensão social, o que não é tão acessível para as classes populares devido às desigualdades estruturais.
Por que a alternativa "E - errado" está incorreta? A alternativa "E" sugere que a afirmação é incorreta, mas, na verdade, ela está alinhada com as ideias de Bourdieu. Ao afirmar que as classes médias investem sistematicamente na escolarização dos filhos, considerando suas maiores chances de sucesso em relação às classes populares, estamos justamente aplicando a crítica de Bourdieu em relação às desigualdades sociais refletidas no sistema educacional.
Para interpretar questões como essa, lembre-se de associar o contexto sociológico apresentado com os conceitos centrais do autor mencionado. No caso de Bourdieu, é importante lembrar como ele vê a educação como um meio de perpetuar as desigualdades sociais já existentes.
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Pierre Bourdieu aponta que as duas principais instituições socializadoras são a família e a escola. Para esse autor, as relações educativas nas sociedades capitalistas são essencialmente relações de comunicação. Isso significa que a compreensão do que é comunicado depende de um repertório prévio de conhecimentos, o que podemos constatar, por exemplo, na apreciação das artes eruditas.
A hierarquização da sociedade e a desigualdade na distribuição de recursos materiais e simbólicos fazem com que algumas famílias possuam bagagem cultural para identificar e assimilar os códigos de ensinamento escolares, e que outras não. Assim sendo, estudantes oriundos de famílias abastadas já iniciam sua trajetória escolar em condição de vantagem com relação aos estudantes oriundos de famílias pobres, posto que já receberam em casa elementos que os auxiliarão a decodificar os conteúdos apresentados na escola.
A cultura escolar, para Bourdieu, é similar à cultura dos grupos sociais detentores dos quatro tipos de capitais, que são hegemônicos e dominantes sobre os demais. Esses grupos do topo da hierarquia social acumulam, por gerações, o conhecimento ensinado nas escolas, e estas, por sua vez, legitimam a predominância cultural deles.
Num contexto de rígida hierarquia e desigualdade entre grupos, o tratamento igualitário no ambiente escolar acaba por incorrer em distorções e injustiças, na visão de Bourdieu. Quando a escola cobra de todos a familiaridade com a alta cultura que só uns poucos possuem, sem levar em conta as diferenças de origem social e suas implicações na socialização do conhecimento, ela reforça desigualdades preexistentes.
Bourdieu detectou um descompasso entre as competências culturais exigidas pela escola e as competências culturais desenvolvidas nas famílias da base da pirâmide social. Para ele, o sistema escolar furta-se ao seu papel de oferecer o acesso democrático do conhecimento a todos quando elege como superior uma competência cultural identificada com o pequeno grupo detentor do capital cultural necessário para praticá-la, o que reforça as distinções entre os grupos, relegando os segmentos populares à inadequação ou ao estigma da incompetência.
Essa restrição do acesso ao conhecimento não é prejudicial somente aos estudantes, representa também o desperdício de talentos. A esse processo da exigência escolar de um conhecimento cultural anterior para receber a transmissão do ensino, que implica a negação de outras formas de cultura que não fosse a erudita, Bourdieu denominou violência simbólica.
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