Leia o texto a seguir para responder às questões 01 e 02A te...
Leia o texto a seguir para responder às questões 01 e 02
A terra
Ao sobrevir da chuvas, a terra (...) transfigura-se em mutações fantásticas, contrastando com a desolação anterior. Os vales secos fazem-se rios. Insulam-se os cômoros escalvados, repentinamente verdejantes. A vegetação recama de flores, cobrindo-os, os grotões escancelados, e disfarça a dureza das barrancas, e arredonda em colinas os acervos de blocos disjungidos – de sorte que chapadas grandes, intermeadas de convales, se ligam em curvas mais suaves aos tabuleiros altos. Cai a temperatura. Com o desaparecer das soalheiras anula-se a secura anormal dos ares. Novos tons na paisagem: a transparência do espaço salienta as linhas mais ligeiras, em todas as variantes da forma e da cor.
Dilatam-se os horizontes. O firmamento, sem o azul carregado dos desertos, alteia-se, mais profundo, ante o expandir revivescente da terra.
E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, sem dono.
Depois tudo isto se acaba. Voltam os dias torturantes; a atmosfera asfixiadora; o empedramento do solo; a nudez da flora; e nas ocasiões em que os estios se ligam sem a intermitência das chuvas – o espasmo assombrador da seca.
A natureza compraz-se em um jogo de antítese.
(Euclides da Cunha. Os sertões:campanha de Canudos. 31ª ed. RJ: F. Alves, 1982, p. 37-8)
Quanto à tipologia textual, o texto ...
Vamos analisar a questão e entender por que a alternativa correta é a Alternativa A.
A correta: A alternativa A afirma que o texto "é uma descrição literária de uma parte da paisagem telúrica brasileira".
Para justificar:
O texto de Euclides da Cunha descreve de forma detalhada e poética a transformação da paisagem do sertão brasileiro com a chegada das chuvas. Ele utiliza uma linguagem rica em imagens e metáforas, caracterizando-se claramente como uma descrição literária.
Os trechos "transfigura-se em mutações fantásticas" e "a vegetação recama de flores" exemplificam como o autor pinta um quadro visual da paisagem sertaneja, explorando suas mudanças e contrastes. Portanto, o texto é predominantemente descritivo, focando na paisagem e suas transformações naturais.
Agora, vamos entender por que as outras alternativas estão incorretas:
Alternativa B: Esta alternativa sugere que o texto "constitui uma narrativa ficcional dos principais problemas enfrentados pelos homens do sertão no trato da terra".
Porém, o texto não está focado em uma narrativa ficcional nem nos problemas enfrentados pelos sertanejos. Ele descreve a paisagem e suas mudanças, sem desenvolver uma história com personagens ou conflitos específicos. A presença de termos como "mutação fantástica" e "chapadas grandes" reforça o caráter descritivo, não narrativo.
Alternativa C: Esta alternativa diz que o texto deve ser entendido como parte de um relatório técnico, com linguagem denotativa.
O texto de Euclides da Cunha não é um relatório técnico, pois utiliza uma linguagem conotativa, cheia de metáforas e figuras de linguagem, o que é típico de uma descrição literária. Um relatório técnico seria mais seco e direto, sem os floreios literários presentes no texto.
Alternativa D: Esta alternativa afirma que o texto é uma dissertação sobre os impasses da seca no solo nordestino.
Embora a seca seja mencionada, o foco do texto é a transformação da paisagem com a chegada das chuvas, e não uma dissertação argumentativa sobre os problemas da seca. A estrutura do texto é descritiva, não dissertativa.
Alternativa E: Esta alternativa diz que o texto é uma argumentação em favor do tratamento hídrico dos cerrados do Planalto Central.
O texto não apresenta uma argumentação nem defende explicitamente o tratamento hídrico. Ele apenas descreve as mudanças na paisagem sertaneja com a chegada das chuvas. Não há uma proposta de solução ou um argumento desenvolvido em favor de alguma medida específica.
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