De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e em rela...
Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2014
Banca:
CETRO
Órgão:
Prefeitura de São Paulo - SP
Prova:
CETRO - 2014 - SME - SP - Auxiliar Técnico de Educação |
Q478347
Português
Texto associado
Apartheids no país da Copa
Desta vez não foi preciso esperar junho. Dois acontecimentos de tonalidades quase opostas, no início de ano futebolístico, tiveram o dom de mostrar ao mundo a formação estamental brasileira sob o manto da suposta igualdade civil. Refiro-me à retomada dos irônicos “rolezinhos” em shoppings de São Paulo e ao macabro vídeo das decapitações no Maranhão.
O sentido ideológico das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos é difícil de precisar. Como fica claro em entrevista do antropólogo Alexandre Barbosa Pereira (brasil.elpais.com), elas contêm profunda ambiguidade. De um lado, ao contestar a falta de áreas de lazer e a exclusividade de espaços semipúblicos para quem tem dinheiro, trazem demanda igualitária. Por outro, ao expressar fascínio pelo universo da mercadoria, ajudam a reproduzir a desigualdade contestada.
Mas, ao menos numa dimensão, o movimento juvenil em torno dos locais de consumo traz recado claro e insofismável. As meninas e meninos estão dizendo: “Nós existimos e queremos ter o direito pleno a participar desta sociedade, seja ela como for”. Convencidos, por bons motivos, de que a vida social gira em torno da mercadoria, a garotada periférica se organizou para afirmar que não admite mais ser excluída desse círculo.
Embora quase impossível, se abstrairmos o que há de monstruoso na ação dos detentos maranhenses, há também ali um grito de desespero, uma maneira cruel e sanguinária de dizer que não é possível viver naquela situação excluída por completo do cânone civilizado. Celas com 13 presos em espaço onde caberiam apenas quatro. Galinha crua como refeição. Cheiro nauseante de fezes, urina e comida estragada. Foram tais amostras superficiais do inferno penitenciário que a Folha colheu em presídio de São Luís análogo ao do horrendo filme.
A organização dos presidiários em bandos que, na prática, controlam o cotidiano da prisão é a consequência óbvia de tais condições. Sociedade de massas com um dos mais altos índices de detentos do planeta, o Brasil gera, quase que de maneira automática, redes criminosas que, uma vez formadas, funcionam como pequenos Estados dentro do Estado. O problema é que são Estados tirânicos, onde a lei é simplesmente a do mais forte.
Tanto os “rolezinhos” paulistanos quanto as cabeças cortadas de Pedrinhas estão a lembrar a tarefa que o país da Copa do Mundo ainda tem diante de si: incluir, integrar, dar acesso universal aos benefícios que já foi capaz de produzir para uma parte da população. Esvaziar presídios e encher praças vai exigir de nós bem mais do que terminar os estádios a tempo.
SINGER, A. Folha de S.Paulo, São Paulo, p. A2. 11 jan. 2014. Adaptado.
Desta vez não foi preciso esperar junho. Dois acontecimentos de tonalidades quase opostas, no início de ano futebolístico, tiveram o dom de mostrar ao mundo a formação estamental brasileira sob o manto da suposta igualdade civil. Refiro-me à retomada dos irônicos “rolezinhos” em shoppings de São Paulo e ao macabro vídeo das decapitações no Maranhão.
O sentido ideológico das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos é difícil de precisar. Como fica claro em entrevista do antropólogo Alexandre Barbosa Pereira (brasil.elpais.com), elas contêm profunda ambiguidade. De um lado, ao contestar a falta de áreas de lazer e a exclusividade de espaços semipúblicos para quem tem dinheiro, trazem demanda igualitária. Por outro, ao expressar fascínio pelo universo da mercadoria, ajudam a reproduzir a desigualdade contestada.
Mas, ao menos numa dimensão, o movimento juvenil em torno dos locais de consumo traz recado claro e insofismável. As meninas e meninos estão dizendo: “Nós existimos e queremos ter o direito pleno a participar desta sociedade, seja ela como for”. Convencidos, por bons motivos, de que a vida social gira em torno da mercadoria, a garotada periférica se organizou para afirmar que não admite mais ser excluída desse círculo.
Embora quase impossível, se abstrairmos o que há de monstruoso na ação dos detentos maranhenses, há também ali um grito de desespero, uma maneira cruel e sanguinária de dizer que não é possível viver naquela situação excluída por completo do cânone civilizado. Celas com 13 presos em espaço onde caberiam apenas quatro. Galinha crua como refeição. Cheiro nauseante de fezes, urina e comida estragada. Foram tais amostras superficiais do inferno penitenciário que a Folha colheu em presídio de São Luís análogo ao do horrendo filme.
A organização dos presidiários em bandos que, na prática, controlam o cotidiano da prisão é a consequência óbvia de tais condições. Sociedade de massas com um dos mais altos índices de detentos do planeta, o Brasil gera, quase que de maneira automática, redes criminosas que, uma vez formadas, funcionam como pequenos Estados dentro do Estado. O problema é que são Estados tirânicos, onde a lei é simplesmente a do mais forte.
Tanto os “rolezinhos” paulistanos quanto as cabeças cortadas de Pedrinhas estão a lembrar a tarefa que o país da Copa do Mundo ainda tem diante de si: incluir, integrar, dar acesso universal aos benefícios que já foi capaz de produzir para uma parte da população. Esvaziar presídios e encher praças vai exigir de nós bem mais do que terminar os estádios a tempo.
SINGER, A. Folha de S.Paulo, São Paulo, p. A2. 11 jan. 2014. Adaptado.
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e em relação às regras de concordância nominal, analise as frases abaixo.
I. É difícil precisar os sentidos ideológicos das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos.
II. É difícil de precisar os sentidos ideológicos das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos.
III. São difíceis de precisar os sentidos ideológicos das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos.
É correto o que está contido em
I. É difícil precisar os sentidos ideológicos das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos.
II. É difícil de precisar os sentidos ideológicos das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos.
III. São difíceis de precisar os sentidos ideológicos das manifestações dos jovens da periferia nos centros de compras paulistanos.
É correto o que está contido em