Na psicanálise, entre os pós-kleinianos encontra-se Wilfred ...
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A alternativa correta é a alternativa A - receptividade materna.
Vamos entender o contexto da questão a partir dos conhecimentos sobre Wilfred Bion, um psicanalista pós-kleiniano. Bion introduziu o conceito de rêverie para descrever um estado específico de receptividade, particularmente no contexto da relação entre mãe e bebê.
O conceito de rêverie refere-se à capacidade da mãe de estar emocionalmente sintonizada e receptiva às necessidades do bebê, permitindo que ela compreenda e traduza as experiências emocionais do bebê. Esse estado de receptividade é crucial para o desenvolvimento emocional saudável da criança. Assim, a alternativa A está correta ao associar rêverie com a receptividade materna.
Alternativa B - recusa materna: Esta alternativa está incorreta, pois a recusa materna sugere uma atitude de rejeição ou não acolhimento das necessidades do bebê, o que é o oposto do conceito de rêverie.
Alternativa C - distração materna: Também incorreta, uma vez que o estado de rêverie implica uma presença e atenção consciente e intencional da mãe, ao contrário de distração.
Alternativa D - intrusão paterna: Esta alternativa não se relaciona com o conceito de rêverie, que é centrado na relação materno-infantil e não envolve diretamente a figura paterna.
Alternativa E - evasão paterna: Assim como a alternativa anterior, esta também não está relacionada ao conceito de rêverie, já que o foco de Bion é na receptividade emocional da mãe em relação ao bebê.
Compreender o conceito de rêverie é fundamental para entender a importância da relação emocional entre mãe e filho na psicanálise pós-kleiniana. A atenção e a sensibilidade da mãe às emoções e necessidades do bebê são elementos chave para o desenvolvimento emocional saudável, conforme destacado pela teoria de Bion.
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O rêverie é uma função seletiva e especializada da função alfa materna no vínculo com o bebê. Sua função é transformadora ao metabolizar, desintoxicar e acolher a descarga emocional das identificações projetivas do bebê e da própria mãe.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-641X2010000400007
GABARITO A
... "Esse continente materno, que Bion também nomina de capacidade de rêverie é de fundamental importância na relação mãe-bebê. Uma boa capacidade de rêverie da mãe exige aquilo que Bion denomina função-alfa, ou seja, a mãe vai ajudar a criança a transformar os “elementos-beta” que unicamente servem para ser evacuados, em “elementos-alfa”, que se constituem como matéria-prima para uma crescente evolução da capacidade para pensar. Trata-se, portanto, de uma verdadeira alfabetização emocional. ... A função de rêverie deve vir acompanhada de uma capacidade de empatia, ou seja, de uma forma de comunicação primitiva entre a mãe e o bebê, pela qual a mãe consegue “intuir” o que está-se passando com o filho.
Trechos retirados do livro: Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática - David E. Zimerman.
Porto Alegre : Artmed, 2014.
Este substantivo que surge no middle english tardio origina-se do adjetivo rêverie do francês arcaico, que significa júbilo e regozijo, que por sua vez vem do verbo rever (fazer, agradecer, festejar, regalar). Interessa aqui enfatizar que no século XVII o termo passou a ser sinônimo de outras expressões. Brown study (absorvido em devaneio, pensativo) e Day dream (quimera, sonho, devaneio), ganhando assim seu sentido atual, aquele que Bion atribui potencialmente na psique materna.3 (p. 57)
Rêverie é um estado particular de consciência receptiva e uma atividade psíquica para se manter nesse estado (Parson, 2007).
Bion o usou pela primeira vez em 1959 afirmando que o paciente psicótico não tem capacidade de rêverie.
Este termo tem penumbras de associações poéticas e musicais (Sandler, 2005). Melsohn (2001, p. 112) nos lembra que essa expressão havia sido usada por Max Scheler em 1923. É a sensibilidade da mãe na determinação das modulações espontâneas de seu comportamento em resposta às manifestações da vida emocional do bebê. Ela o nutre com experiências expressivas, que estabelecem uma ponte de união entre o mundo interno e o mundo externo. O filósofo alemão escreve:
Nós teremos ... um caso típico de fusão afetiva nas relações existentes entre mãe e filho .... Aqui nos apresenta esta particularidade que é ser amado primitivamente..., no sentido concreto e especial do termo de ser amante .... Nos rêveries da mulher absorvida pela maternidade ou pela espera da futura maternidade pode-se ver um estado de êxtase: pois é um êxtase, por assim dizer, intraorgânico, no curso do qual a mulher tem a revelação do filho em vias de nascer.4 (Scheler, citado por Melsohn , 2001, p. 112)
Este é um conceito teórico forte e criativo na obra de Bion, relacionado com a teoria do pensamento, a capacidade de tolerar a frustração, a necessidade de amor, o processo de conhecimento e a função alfa (Bion, 1967, 1970, 1973, 1977, 1980). Rêverie é o conceito chave que destaca e ilumina a relação de objeto ao mesmo tempo em que é o nome de um verdadeiro mistério e um desafio à nossa compreensão.
Assim, as relações de objeto e as identificações com a função materna são simultâneas e permitem que o bebê possa aprender com a experiência compartilhada, criativamente. O bebê aprende a ter fé e confiança no juízo da mãe.
Não posso deixar de mencionar, nesta introdução, a diferença entre os conceitos de Winnicott (1965) sobre holdinge o rêverie, em Bion. Se ambas as experiências nos remetem à dimensão estética (Colucci e Silveira, 2009), é importante ter em conta que cada autor parte de uma base epistemológica distinta.
O holding, conceito de Winnicott, consiste na sustentação – pela "mãe suficientemente boa", capaz de "preocupações maternas primárias" – da crença na própria onipotência do bebê. A mãe ampara o filho na dependência absoluta. A valorização da realidade é uma consequência de um holding bem-sucedido. A rêverie é a tentativa materna de proporcionar uma função continente destinada a compreender a realidade do bebê, para sustentar a perda da onipotência e dosar o contato com a realidade.
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