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“Sempre quis escapar dessa
imagem”, diz personagem de foto
histórica da Guerra do Vietnã
Poucas vezes uma foto simbolizou tão bem o
horror de uma guerra. Era 8 de junho de 1972,
no Vietnã, e o fotógrafo HuynhCong ‘Nick’ Ut viu
algumas crianças correndo, tentando escapar de
seguidas explosões na vila de TrangBang, na província
de TayNinh.
Ele não pensou duas vezes antes de fotografar
a cena, que trazia uma personagem que entraria
para a história: uma garotinha de 9 anos,
nua, gritando “muito quente, muito quente”, enquanto
tentava escapar das bombas.
A imagem tornou-se um dos símbolos da
Guerra do Vietnã e agora está perto de completar
40 anos. Hoje, a personagem da foto está com
49 anos e diz que a foto a perseguiu a vida inteira.
“Eu realmente quis escapar daquela menina”,
diz Phan Thi Kim Phuc. “Eu queria escapar dessa
imagem, mas parece que a foto não me deixou
escapar”, disse ela, que hoje comanda
uma fundação para ajudar crianças vítimas da
guerra.
“Eu fui queimada e me tornei uma vítima da
guerra, mas crescendo, tornei-me outro tipo de
vítima”, completa ela. Ao relembrar o momento
em que a foto foi tirada, ela diz ter ouvido fortes
explosões e que o chão “tremeu”.
“Eu vou ficar feia, não serei mais normal. As
pessoas vão me ver de um jeito diferente”, ela
diz ter pensado na hora, ao perceber que sua
mão e braço esquerdos estavam queimados.
Em choque, ela correu atrás de seu irmão mais
velho e não se lembra de reparar nos jornalistas
estrangeiros reunidos enquanto corria na direção
deles, gritando. Depois disso, ela perdeu a consciência.
“
Eu chorei quando a vi correndo”, diz Ut, que
cobria a guerra pela Associated Press. “Se eu
não a ajudasse e alguma coisa acontecesse que
a levasse a morte, acho que eu me mataria depois”,
comenta o fotógrafo, que nunca mais deixou
de falar com Phuc. Ele a deixou em um pequeno
hospital e fez os médicos garantirem que
tomariam conta da garota.
A foto foi publicada e, alguns dias depois, outro
jornalista, Christopher Wain, um correspondente
britânico que tinha dado água de seu cantil a Phuc,
descobriu que ela tinha sobrevivido. A garota tinha
sido transferida para uma unidade americana
em Barsky, única instalação em Saigon equipada
para lidar com ferimentos graves.
“Eu não tinha ideia do que tinha acontecido
comigo”, diz Phuc. “Acordei no hospital com muita
dor e com enfermeiras ao meu redor. Acordei com
um medo terrível”.
“Toda manhã, às 8 horas, as enfermeiras me
colocavam em uma banheira com água quente
para cortar toda a minha pele morta. Eu só chorava
e quando eu não aguentava mais, desmaiava”,
relembra ela que hoje vive com o filho e o
marido, Bui HuyToan, no Canadá.
Depois de vários enxertos de pele e cirurgias,
Phuc foi finalmente autorizada a deixar o hospital,
13 meses após o bombardeio. Ela tinha visto a
foto de Ut, que até então tinha ganhado o Prêmio
Pulitzer, mas ainda não sabia do alcance e poder
da imagem.(...)
(Folha de S. Paulo, 1/6/2012)
Considerando o vocabulário do texto, analise as afirmativas a seguir:
I) A palavra símbolos, no terceiro parágrafo, pode ser substituída por emblemas, sem prejuízo para o sentido. II) A palavra cobria, no oitavo parágrafo, possui, no texto, o sentido de tampava, vedava. III) A palavra enxertos, no último parágrafo, remete a um procedimento cirúrgico para transplantar tecidos celulares. Está(ão) correta(s) apenas:
I) A palavra símbolos, no terceiro parágrafo, pode ser substituída por emblemas, sem prejuízo para o sentido. II) A palavra cobria, no oitavo parágrafo, possui, no texto, o sentido de tampava, vedava. III) A palavra enxertos, no último parágrafo, remete a um procedimento cirúrgico para transplantar tecidos celulares. Está(ão) correta(s) apenas: