No que diz respeito à formação ética/moral há também dois m...

Alternativa correta: E - perspectiva dialógica.

Vamos abordar os conceitos fundamentais para compreender essa questão. A questão discute a formação ética e moral e como a tolerância pode ser compreendida e praticada de maneiras diferentes. Uma concepção é preventiva, ou seja, age-se de maneira a evitar o mal para que o mesmo não seja retribuído. Esta concepção está mais alinhada à ideia de uma aceitação cultural, onde se respeita o outro para evitar conflitos ou por expectativa de reciprocidade.

Entretanto, a segunda concepção de tolerância vai além e é chamada de propositiva. Ela não está apenas preocupada em evitar ações negativas, mas também em promover ações positivas para com o outro - fazer ao outro o que gostaríamos que fizessem conosco. Esta abordagem envolve um interesse genuíno pelo bem-estar do outro, uma tentativa de entender seus interesses e como comunicar os nossos interesses a eles.

Esta segunda concepção está atrelada ao que a alternativa E chama de perspectiva dialógica. A dialética é uma forma de comunicação e raciocínio que envolve a troca de ideias e argumentos opostos de maneira construtiva, visando alcançar uma verdade ou conclusão por meio do diálogo. Na perspectiva dialógica, há uma valorização do diálogo como meio de alcançar uma compreensão mútua e de promover o respeito e a valorização do outro, caracterizando-se por uma postura ética que busca a harmonia e a compreensão nas relações humanas.

A alternativa E está correta porque a perspectiva dialógica captura exatamente essa ideia de uma tolerância ativa e engajada, onde a busca por entender e atender aos interesses do outro é central na formação de uma ética relacional e de práticas morais que transcendem a simples não-agressão para uma atuação positiva e construtiva nas relações interpessoais.

A única que se encaixa no enunciado é a letra E.

Gabarito: E

No que diz respeito à formação ética/moral do futuro cidadão, há também dois modos de conceber a tolerância em relação ao outro. Pode-se tomar a regra de ouro em um sentido preventivo: não fazer algo ruim, não molestar, não agredir para não sofrer ações recíprocas. Esse modo corresponde, no plano ético/moral, à aceitação cultural, na medida em que não estreita a relacionalidade humana, antes preservando espaços conquistados e limites de ação bem estabelecidos.

Outra forma de se adotar a regra de ouro é aquela em que o sentido de interdição é retirado, tornando-a propositiva: fazer ao outro o que desejaríamos que ele nos fizesse. A princípio, tal positividade poderia sugerir apenas uma inversão da prescrição em termos genéricos, o que a tornaria semelhante a formulações do tipo "fazer o bem sem olhar a quem" ou "amar ao próximo como a si mesmo". Entretanto, se a supressão dos "nãos" for acompanhada por questões como "quais seriam os interesses do outro?" e "de que maneira o outro pode tomar conhecimento dos nossos interesses?", tem-se em vista a perspectiva dialógica. As diferenças passam então a ser problematizadas, o que significa confrontar as hierarquias de valores, os juízos e as ações praticadas por meio de processos argumentativos nos quais os interlocutores se coloquem ao mesmo tempo na situação de oradores e de auditório.

Fonte: OLIVEIRA, Renato José de. Ética na escola: (re)acendendo uma polêmica. (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302001000300012&lng=en&nrm=iso)