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Ano: 2017 Banca: Quadrix Órgão: CRF-RS Prova: Quadrix - 2017 - CRF-RS - Advogado |
Q1702274 Português

Para responder à questão, leia o texto a seguir.


Viciados em remédios

A máquina de propaganda da indústria farmacêutica, a

irresponsabilidade de muitos médicos e a ignorância dos usuários

criaram um novo tipo de vício, tão perigoso quanto o das drogas

ilegais: a farmacodependência


     Um dia, sem querer, você abre uma das gavetas do seu filho adolescente e encontra um cigarro de maconha. A sensação é de decepção, medo, angústia, seguida da terrível constatação: “Meu filho é um drogado”. Enquanto torce mentalmente para que ele não esteja viciado, você, sem perceber, se vê abrindo a gaveta de remédios para retirar o calmante que usa nos momentos de tensão, antevendo a inevitável e difícil conversa que precisará travar quando ele chegar. É nessa gaveta de medicamentos que você encontra o alívio para o corpo e a alma. São analgésicos para a dor, ansiolíticos para relaxar, anti-inflamatórios e até mesmo comprimidos de anfetamina usados para conter o apetite que tantas vezes você não consegue controlar naturalmente. Em meio ao nervosismo, você não se dá conta de que alguns desses remédios ingeridos diariamente podem causar mais danos e dependência que as substâncias que você conhece como “drogas ilícitas”.
     Esteja certo: se um químico fizesse uma análise fria das substâncias encontradas na sua gaveta e na do seu filho, o garoto não seria o único a precisar de uma conversa séria sobre o perigo de se amparar em muletas psicoativas.
     “Do ponto de vista científico, não há diferença entre um dependente de cocaína e um viciado em remédios que contêm anfetamina”, diz o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (Proad), da Universidade Federal de São Paulo. “Droga é droga, não importa se ela foi comprada num morro ou numa farmácia dentro de um shopping.” Se é assim, como explicar a extrema intolerância social diante das drogas ilícitas acompanhada de uma permissividade leviana diante de drogas prescritas pelos médicos (que coloca o Brasil no quinto lugar em consumo de medicamentos)? Afinal, precisamos mesmo de tantos remédios? 
     Segundo a maioria dos especialistas, a resposta é não. Apesar dos problemas de saúde da maioria dos brasileiros pobres, que mal conseguem ter acesso a alimentos básicos, e das doenças comuns entre a classe média e os ricos, o uso abusivo e irregular de medicamentos cresce numa velocidade preocupante. O número de farmácias per capita no país é um bom indicador do problema. Há uma drogaria para cada 3 mil habitantes, mais que o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Ou seja: há mais pontos de venda de remédios no Brasil do que de pão — são 54 mil farmácias contra 50 mil padarias. Drogas químicas podem ser compradas por telefone e pela internet, com ou sem receita médica. Balconistas diagnosticam doenças e “tratam” pessoas com remédios da moda, dos analgésicos às pílulas contra impotência.
     O resultado é alarmante: segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), o Brasil teve 22.121 casos de intoxicação, no ano de 2000, provocados pelo uso indevido de remédios, quase um terço de todos os casos registrados. “E isso é só a ponta do iceberg”, diz Rosany Bochner, coordenadora da instituição. “Como não recebemos informações de todos os estados e nem sempre os médicos assumem os erros de prescrição, esse número deve ser pelo menos quatro vezes maior.” Se ela estiver certa, o número de casos no Brasil passaria dos 100 mil. Nos Estados Unidos, onde a situação é bem mais grave, 1 milhão de pessoas são intoxicadas por medicamentos todos os anos. Com dados tão alarmantes, você deve estar se perguntando por que a população de lá não pressiona o seu governo a usar parte da fortuna usada no combate às drogas ilegais (no ano de 2000, foram 39 bilhões de dólares) em campanhas de prevenção de intoxicação por medicamentos. Boa pergunta. 
     Boa pergunta. “É que a gravidade desses dados termina sendo mascarada nas estatísticas”, diz a coordenadora do Sinitox. Ela explica que as pesquisas norte-americanas, por exemplo, classificam os casos de intoxicação por tipo de medicamento, separando analgésicos de antidepressivos e assim por diante. “Somados, os medicamentos também são a maior causa de intoxicação por lá”, diz Rosany. “Mas, devido a essa classificação, são os produtos de limpeza que aparecem como vilões em primeiro lugar, já que estão agrupados numa única categoria.” 
     Enquanto prevalece uma estranha cortina de silêncio sobre o problema, milhares de pessoas que ingerem medicamentos correm, sem saber, risco de se tornarem dependentes. Um problema que conta com a irresponsabilidade de alguns médicos e os interesses bilionários de uma das mais poderosas forças econômicas mundiais: a indústria farmacêutica. 

(super.abril.com.br) 

Observe as duas ocorrências de "a", dos dois últimos parágrafos do texto.


I. "Mas, devido a essa classificação, são os produtos de limpeza que aparecem como vilões em primeiro lugar [...]".


II. "Um problema que conta com a irresponsabilidade de alguns médicos [...]".


Com base nelas, assinale a alternativa totalmente correta sobre o sinal indicativo de crase.

Alternativas

Comentários

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Não se usa crase antes dos pronomes demonstrativos esta e essa.

Gabarito letra "C"

A  não deve ser empregada junto a alguns pronomes demonstrativos.

Os pronomes demonstrativos não admitem  (artigo, por exemplo). Dessa forma, não é apresentada na oração a contração entre artigo e preposição, mas tão somente a preposição.

Exemplos:

  1. Os estudos apontados levaram-nos à estas conclusões. [Inadequado]
  2. Os estudos apontados levaram-nos a estas conclusões. [Adequado]
  3. Era exatamente à isso que a gente se referia. [Inadequado]
  4. Era exatamente a isso que a gente se referia. [Adequado]

Outros demonstrativos (aquele – e suas flexões –, mesmotal e, próprio) admitem a crase quando o termo regido pela preposição "a" é uma palavra feminina determinada por esses pronomes.

Exemplos:

  1. Voltei, então, aquela estalagem dos sonhos de abril! [Inadequado]
  2. Voltei, então, àquela estalagem dos sonhos de abril! [Adequado]
  3. ...[termo regente: voltar a ]
  4. ...[termo regido: (a) estalagem]
  5. ...[estalagem: palavra feminina]
  6. As glórias dos garimpeiros vinculavam-se a tal mobilização do governo. [Inadequado]
  7. As glórias dos garimpeiros vinculavam-se à tal mobilização do governo. [Adequado]
  8. ...[termo regente: vincular-se a ]
  9. ...[termo regido: (a) mobilização]
  10. ...[mobilização: palavra feminina]

Fonte.: minigramatica

Assertiva C.

USO FACULTATIVO

 

MACETE: ATÉ SUA MARIA

 

ATÉ: depois da preposiçãoaté”;

SUA: antes de pronome possessivo feminino no singular ; Cuidado! no plural será obrigatório.

MARIA: Antes de substantivos próprios no feminino.

GABARITO: LETRA C

ACRESCENTANDO:

Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

1→ Antes de palavra masculina

2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

4→ Antes de verbos

5→ Prep. + Palavra plural

6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

7→ Nome feminino completo

8→ Antes de Prep. (*Até)

9→ Em sujeito

10→ Obj. Direito

11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

12→ Antes pronome pessoal

13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

14→ Antes pronome indefinido

15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

4→ Topônimos (gosto de/da_____)

a) Feminino – C/ crase

b) Neutro – S/ Crase

c) Neutro Especificado – C/ Crase

5→ Paralelismo

6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

2→ Após Até

3→ Antes de nome feminino s/ especificador

IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

1→ Prep. “A” + Artigo “a”

2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

3→ Loc. Adverbiais Feminina

4→ Antes de horas (pode está subentendida)

5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita

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