No que se refere às formas de expressão e enfrentamento da ...

A afirmação apresentada dialoga diretamente com o entendimento clássico da questão social em Serviço Social, conforme abordado por autores como Marx, Iamamoto e Yazbek.

De acordo com Karl Marx, a "questão social" surge a partir das contradições do modo de produção capitalista, onde o trabalho é explorado e a desigualdade entre classes sociais se intensifica. No ambiente escolar, essas desigualdades se expressam na dificuldade de permanência e sucesso dos alunos de classes populares, que, em função de sua origem socioeconômica, enfrentam limitações materiais (falta de alimentação adequada, moradia precária, necessidade de trabalhar desde cedo, etc.) e simbólicas (falta de capital cultural, dificuldades de acesso a bens educacionais, entre outros).

Marilda Iamamoto contribui para essa análise ao enfatizar que o Serviço Social deve compreender a questão social em sua totalidade, entendendo-a como expressão das relações sociais capitalistas e não apenas como manifestações isoladas de carência. No contexto escolar, a evasão e o insucesso não são problemas individuais dos estudantes, mas sim expressões de um sistema que marginaliza e dificulta o acesso pleno ao direito à educação.

Maria Carmelita Yazbek também reforça que a questão social manifesta-se como demandas postas à sociedade, exigindo respostas que nem sempre atacam suas causas estruturais. A escola, sendo parte dessa sociedade, reflete essas desigualdades: alunos das camadas populares tendem a ter um percurso escolar mais vulnerável, afetado pela falta de políticas públicas efetivas, pela insuficiência de recursos e pelo preconceito estrutural.

Assim, o insucesso e a evasão escolar de estudantes oriundos de classes menos favorecidas devem ser compreendidos como uma expressão concreta da questão social, refletindo a negação parcial do direito à educação e da igualdade de oportunidades. Cabe ao assistente social que atua na educação, portanto, reconhecer essas determinações estruturais para construir práticas interventivas que ultrapassem a lógica do assistencialismo e contribuam para a efetivação de direitos sociais.