Considerando que o novo aluno, Rodrigo, é chamado de Gaúcho ...
Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 5 a 7.
Pechada
O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de “Gaúcho”. Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.
− Aí, Gaúcho!
− Fala, Gaúcho!
Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português.
− Mas o Gaúcho fala “tu”! − disse o Jorge, que era quem mais implicava com o novato.
− E fala certo − disse a professora.
− Pode-se dizer “tu” e pode-se dizer “você”. Os dois estão certos. O Jorge fez cara de quem não se entregara. Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.
− O pai atravessou a sinaleira e pechou. − O quê?
− O pai. Atravessou a sinaleira e pechou. A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.
− O que foi que ele disse, tia? − quis saber o Jorge.
− Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.
− E o que é isso? − Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
− Nós vinha...
− Nós vínhamos.
− Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.
A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o Jorge rindo daquele jeito.
“Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.
− Aí, Pechada!
− Fala, Pechada!
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. “Pechada”. Revista Nova Escola. São Paulo, maio/2001. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ fundamental-1/pechada-634220.shtml)
Considerando que o novo aluno, Rodrigo, é chamado de Gaúcho e, posteriormente, de Pechada pelos colegas, conclui-se que a escolha dos apelidos