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O texto a seguir é referência para as questões 01 a 10.


Produtividade subutilizada das mulheres nordestinas


Shireen Mahdi


Segundo dados de 2023 do IBGE, na região Nordeste a taxa de participação da força de trabalho caiu para 54%; em contraste, na região Sudeste a taxa é 65% e, no Brasil, como um todo, 62%. Surpreendentemente, isso acontece apesar do aumento da população em idade ativa na região Nordeste. A sub-representação das mulheres nordestinas no mercado de trabalho tem um papel importante nessa história. A participação dos homens na força de trabalho da região é de 66%, ao passo que a das mulheres é de apenas 44%.

Será que as mulheres e meninas nordestinas são menos qualificadas ou capazes que seus pares do sexo masculino para conseguir um emprego? Pelo contrário: as meninas da região concluem o ensino formal com resultados de aprendizagem melhores, o que lhes permite entrar no mercado de trabalho com capacidades superiores às dos homens. No entanto, essas capacidades acumuladas são pouco absorvidas pelo mercado de trabalho. O Relatório de Capital Humano Brasileiro, publicado pelo Banco Mundial, estima que, em média, 46% do potencial produtivo das mulheres brasileiras (seu capital humano acumulado) não foi absorvido pelo mercado de trabalho em 2019. No Nordeste, esse número sobe para 56%. Em outras palavras, ao deixar essas mulheres desempregadas, o Brasil e o Nordeste estão jogando muito dinheiro fora.

Trata-se de uma oportunidade perdida para uma região caracterizada por uma das estruturas demográficas mais jovens do país. O Nordeste tem condições de se beneficiar desse dividendo demográfico se puder oferecer bons resultados no mercado de trabalho a todos os seus jovens. Além disso, os nove estados da região, que, juntos, abrigavam 27% da população brasileira em 2022, representavam apenas 14% do PIB nacional – e quase 50% dos brasileiros em situação de pobreza crônica viviam no Nordeste (dados de 2021). Portanto, é difícil imaginar como o Nordeste poderia alcançar as regiões mais ricas do país e enfrentar seus profundos desafios de desigualdade sem mobilizar o talento de suas mulheres.

Há muitas razões ___________ as mulheres enfrentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho. As responsabilidades domésticas e os cuidados infantis são obstáculos importantes. O número insuficiente de creches e pré-escolas públicas ou com preços acessíveis amplifica os efeitos dessas responsabilidades, especialmente nos primeiros anos após o parto. Preconceitos de gênero, que desencorajam a participação de mulheres no mercado de trabalho, também impõem desafios significativos. […] Outros obstáculos são a disparidade salarial entre homens e mulheres e a renda baixa do trabalho informal, que aumentam os custos de oportunidade do trabalho feminino. […]

Tudo isso destaca a urgência de uma agenda de políticas públicas coordenada para colocar mais mulheres no mercado de trabalho. Para criar um ambiente mais favorável para as mulheres, é necessário aumentar a oferta de serviços de cuidados infantis a preços ___________, promover flexibilidade no trabalho e garantir licença parental remunerada e benefícios de maternidade e paternidade. As políticas e os programas que apoiam o empreendedorismo das mulheres, tais como o acesso a recursos financeiros e à formação, podem ajudar a empoderar as mulheres, especialmente as muitas que atuam no setor informal. Políticas de igualdade salarial entre homens e mulheres e iniciativas de combate a estereótipos e à ___________ são igualmente importantes.

Isso inclui incentivos às empresas para que promovam maior diversidade de gênero, inclusive em posições de liderança e conselhos de administração, para, assim, servirem como exemplo poderoso para as meninas de todo o país. […] O Nordeste, uma região com muito potencial e muitos desafios, parece ignorar a riqueza oculta do potencial de suas mulheres. Vamos transformar essas mulheres e meninas num motor de crescimento futuro para a região.

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/shireen-mahdi/2024/03/produtividade-subutilizada-das-mulheres-nordestinas.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa. Adaptado.

O termo “que”, destacado no 4.º parágrafo, é relativo a:

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