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Q2127582
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O Ministério da Saúde decretou situação de
emergência na região da Terra Indígena Yanomami,
a maior reserva indígena do Brasil, com 100 mil
quilômetros quadrados distribuídos pela floresta
amazônica entre os estados do Amazonas e de
Roraima. O motivo? A morte de crianças por
desnutrição.
A área ocupada pelos yanomami conta com
grandes reservas de ouro, o que é um atrativo enorme
para a mineração. Nísia Trindade, ministra da saúde,
afirmou que o garimpo ilegal (que usa mercúrio, um
metal tóxico), é a principal causa da crise sanitária
que afeta os yanomami.
De 2016 a 2020, o garimpo em terras
yanomami cresceu 3350%. E as consequências foram
sentidas no ambiente: um laudo da Polícia Federal
feito em meados de 2022 constatou que quatro rios da
região tinham contaminação por mercúrio 8600%
superior à concentração máxima para consumo.
Líquido à temperatura ambiente, o mercúrio é
um metal cuja liberação indevida na natureza vem da
atividade humana: usinas elétricas a carvão,
processos industriais, incineradores de resíduos e,
principalmente, na mineração de ouro.
O mercúrio é usado no garimpo para facilitar
a separação. Ele se liga aos pequenos pedaços de ouro
e forma uma amálgama, o que ajuda os garimpeiros a
recolher o metal que interessa.
O processo tem um preço: para cada quilo de
ouro extraído, são usados até oito de mercúrio, e a
maior parte desse metal tóxico é jogado nos rios.
Estima-se que esse descarte represente cerca de 38%
das emissões de mercúrio no mundo. E a
contaminação pela substância traz fortes efeitos
negativos para o meio ambiente e para a saúde dos
garimpeiros e das pessoas que vivem por perto.
Uma vez no ambiente, o mercúrio pode ser
transformado por bactérias em metilmercúrio. Essa forma orgânica do metal é acumulada pelos
organismos do rio – e a concentração aumenta
conforme a cadeia alimentar avança.
Imagine que muitos plânctons contaminados
por mercúrio virarão jantar de um único peixe. A
carga de mercúrio, então, vai se acumular nesse
animal. Na sequência, um grande predador que tenha
esse peixe no cardápio vai se alimentar dele e de
vários outros peixes que comeram plânctons
contaminados. A dose de mercúrio vai ficando cada
vez mais alta.
Essa é, justamente, uma das principais formas
de exposição ao mercúrio. Cozinhar os peixes e
mariscos não basta para se livrar do metal, e quem se
alimenta desses animais torna-se mais um elo na
cadeia de acúmulo da substância.
Diversas variáveis determinam se a
contaminação vai ocasionar problemas de saúde e
qual será a sua gravidade. Entre elas estão a dose de
mercúrio, a idade da vítima, por quanto tempo ela
ficou exposta e a via de exposição (inalação, ingestão
ou contato com a pele).
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), dois grupos são mais sensíveis aos efeitos do
mercúrio. O primeiro são fetos que, geralmente, são
expostos ao metilmercúrio no útero graças ao
consumo de peixes e mariscos pela mãe. Eles podem
ter o desenvolvimento neurológico prejudicado,
afetando cognição, memória, atenção, linguagem e
habilidades motoras da criança.
O segundo grupo são pessoas frequentemente
expostas a altos níveis de mercúrio – por exemplo,
populações que dependem da pesca de subsistência
em regiões de garimpo. O metilmercúrio afeta os
sistemas nervoso central e periférico, causando
tremores, insônia, perda de memória, efeitos
neuromusculares, dores de cabeça e disfunção
cognitiva e motora.
Em doses elevadas, o envenenamento por
mercúrio pode causar disfunção renal, insuficiência
respiratória e até morte. No século 20, no que ficou
conhecido como o Desastre de Minamata, uma
indústria dessa cidade japonesa descartava materiais com mercúrio próximo a uma baía. 1.700 pessoas
morreram por intoxicação ao consumir a pesca da
região.
CAPARROZ, Leo. Intoxicação por mercúrio: entenda como o
metal age no corpo. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/saude/intoxicacao-por-mercurioentenda-como-o-metal-age-no-corpo/>. Último acesso em 20
fev. 2023. (Adaptado)
Em “a concentração aumenta conforme a cadeia
alimentar avança”, o termo destacado introduz a ideia
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