O primeiro parágrafo permanecerá redigido conforme a norma-...
Leia o texto para responder à questão abaixo.
Vamos partir de uma situação que grande parte de nós já vivenciou. Estamos saindo do cinema, depois de termos visto uma adaptação de um livro do qual gostamos muito. Na verdade, até que gostamos do filme também: o sentido foi mantido, a escolha do elenco foi adequada, e a trilha sonora reforçou a camada afetiva da narrativa. Por que então sentimos que algo está fora do lugar? Que está faltando alguma coisa?
O que sempre falta em um filme sou eu. Parto dessa ideia simples e poderosa, sugerida pelo teórico Wolfgang Iser em um de seus livros, para afirmar que nunca precisamos tanto ler ficção e poesia quanto hoje, porque nunca precisamos tanto de faíscas que ponham em movimento o mecanismo livre da nossa imaginação. Nenhuma forma de arte ou objeto cultural guarda a potência escondida por aquele monte de palavras impressas na página.
Essa potência vem, entre outros aspectos, do tanto que a literatura exige de nós, leitores. Não falo do esforço de compreender um texto, nem da atenção que as histórias e os poemas exigem de nós – embora sejam incontornáveis também. Penso no tanto que precisamos investir de nós, como sujeitos afetivos e como corpos sensíveis, para que as palavras se tornem um mundo no qual penetramos.
Somos bombardeados todo dia, o dia inteiro, por informações. Estamos saturados de dados e de interpretações. A literatura – para além do prazer intelectual, inegável – oferece algo diferente. Trata-se de uma energia que o teórico Hans Ulrich Gumbrecht chama de “presença” e que remete a um contato com o mundo que afeta o corpo do indivíduo para além e para aquém do pensamento racional.
Muitos eventos produzem presença, é claro: jogos e exercícios esportivos, shows de música, encontros com amigos, cerimônias religiosas e relações amorosas e sexuais são exemplos óbvios. Por que, então, defender uma prática eminentemente intelectual, como a experiência literária, com o objetivo de “produzir presença”, isto é, de despertar sensações corpóreas e afetos? A resposta está, como já evoquei mais acima, na potência guardada pela ficção e pela poesia para disparar a imaginação. Mas o que é, afinal, a imaginação, essa noção tão corriqueira e sobre a qual refletimos tão pouco?
Proponho pensar a imaginação como um espaço de liberdade ilimitada, no qual, a partir de estímulos do mundo exterior, somos confrontados (mas também despertados) a responder com memórias, sentimentos, crenças e conhecimentos para forjar, em última instância, aquilo que faz de cada um de nós diferente dos demais. A leitura de textos literários é uma forma privilegiada de disparar esse mecanismo imenso, porque demanda de nós todas essas reações de modo ininterrupto, exige que nosso corpo esteja ele próprio presente no espaço ficcional com que nos deparamos, sob pena de não existir espaço ficcional algum.
(Ligia G. Diniz. https://brasil.elpais.com. 22.02.2018. Adaptado)
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"porquanto" no sentido de "já que"
Abraços
Porquanto: conjunção explicativa ( pois, que, porque, porquanto)
Pontos importantes da questão:
em quais casos são empregados o dois pontos ( ver comentário do Rodrigo Marcelo)
Sentido que as conjunções exprimem nas frases.
a)porquanto ( EXPLICATIVA ) Correta
b)ainda que (CONCESSIVA) Errada
c)em contrapartida (CONCESSIVA) Errada
d)por conseguinte (CONCLUSIVA) Errada
e)a fim de que (FINALIDADE) Errada
Conjunçao explicativa: porquanto
CLASSIFICAÇÃO CONECTIVOS(conjunções) EXEMPLOS
Aditivos: e, nem (nem...nem), não só...mas também, tampouco, tanto...quanto. Não só fez um péssimo trabalho como também cobrou caro.
Adversativos: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto. É um bom livro, todavia custa caro.
Alternativos: ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...quer, seja...seja. Ou mude seu comportamento ou mude-se daqui!
Conclusivos: Logo, pois (deslocado), portanto, por conseguinte, assim, então, por isso. Você estudou, portanto será aprovado em um bom concurso!
Explicativos: Pois, que, porque, porquanto. Não prejudique as pessoas, porque você pode ser prejudicado!
Causais: Pois, Porque, visto que, como, uma vez que, na medida em que, porquanto, haja vista que, já que. A torcida aclamou porque o gol foi lindo!
Consecutivos: Tão (tamanho, tanto, tal)...que, de modo que, de maneira que. Foi tanto amor que os dois acabaram se casando.
Concessivos: Embora, conquanto, não obstante, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que, por mais que, por pior que, apesar de que, a despeito de, malgrado, em que pese. Embora você tenha boas intenções, é impossível acreditar em suas palavras.
Comparativos: Como, mais...(do) que, menos...(do) que, , tão...como, tanto...quanto, tão...quanto, assim como. O enfermeiro foi mais eficiente que o médico.
Condicionais: Se, caso, sem que, se não, a não ser que, exceto se, a menos que, contanto que, salvo se, desde que. Se você demorar, eu não vou te procurar.
Conformativos: Conforme, consoante, como, segundo. Segundo pesquisas, o aquecimento global é um efeito natural.
Finais: Para, para que, a fim de que, de modo que, de forma que, de sorte que, porque. Os policiais trabalham para que a segurança seja mantida.
Proporcionais: À proporção que, à medida que, quanto mais, ao passo que. Os homens destroem o planeta à medida que se desenvolvem.
Temporais: Quando, enquanto, assim que, logo que, desde que, até que, mal, depois que, eis que. Enquanto os políticos descansam, os brasileiros trabalham arduamente.
Força amigos e rumo a posse!
Não confundir ''conquanto'' com ''porquanto'':
Porquanto = conjunção explicativa = porque; pois.
Conquanto = conjunção concessiva = embora; ainda que.
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