Adjetivos frequentemente são empregados nos textos como moda...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Ano: 2024 Banca: Instituto Consulplan Órgão: FUNASG - RJ Provas: Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Nutricionista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Cirurgião Dentista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Enfermeiro | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Fisioterapeuta | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Fonoáudiólogo | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Psicólogo | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Assistente Social | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Pediatra | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Angiologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Cardiologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Clínico Geral | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Dermatologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Endocrinologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Gastroenterologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Ginecologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Mastologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - MÉDICO NEUROLOGISTA | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Ortopedista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Otorrinolaringologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Pneumologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Proctologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Reumatologista | Instituto Consulplan - 2024 - FUNASG - RJ - Médico Urologista |
Q3056116 Português
Abaixo a norma curta do português!


   “Norma curta” é o excelente nome que o linguista Carlos Alberto Faraco dá a certo conjunto dogmático de regrinhas gramatiqueiras, vetos arbitrários, apego acrítico à variedade lusitana da língua e pegadinhas em geral.

  Repare que não falo da norma culta, registro da língua de fato usado pelas camadas de maior escolaridade da população. Esta tem papel social imprescindível e deveria ser ensinada com mais eficiência – não menos – na escola.

   Me refiro à norma curta, que ninguém de fato fala, mas fingimos que sim, e que vem a ser uma versão idealizada, caricatural, burra e mesquinha daquela. No fim das contas, sua inimiga, pois transforma o estudo da língua portuguesa em território hostil para uma imensa maioria da população.

   “Ai, como é difícil a nossa língua!”, dizemos quase todos. Difícil nada, ou não teríamos aprendido a falá-la na primeira infância. Tem seus caprichos, como toda língua, e desvelá-los carinhosamente deveria ser um prazer. Insana de tão difícil é a norma curta, que tira seu sustento dessa dificuldade.

   Reacionária a ponto de fazer um gramático conservador como Napoleão Mendes de Almeida parecer às vezes um Marcos Bagno, amante do é-porque-é, a norma curta tem, infelizmente, imenso poder.

   É ela que move a indústria do português concurseiro e dos consultórios gramaticais da internet. É ela que, via Enem, obriga adolescentes a encher suas redações de “outrossim” e outros entulhos juridiquentos.

   A norma curta não quer saber se você consegue ler e interpretar um texto. Que importância tem isso? Fundamental é que recite a lista das “figuras de linguagem” em ordem alfabética enquanto equilibra uma bola no nariz. Vai me dizer que não manja de zeugma?

   Os estudantes capazes de memorizar os truques e evitar as armadilhas que a norma curta chama de provas de português entram para um grupo privilegiado de norma-curtistas.

   Seu esforço é então recompensado e eles, mesmo os que são incapazes de interpretar um parágrafo simples, ganham o direito de oprimir outros falantes e humilhar quem não alcançou o paraíso do norma-curtismo.

   A norma curta é inculta. Nunca leu Graciliano Ramos, Rubem Braga, Rachel de Queiroz e tantos outros estilistas do brasileiro que, ao longo do século passado, moldaram um jeito de escrever que soa como música aos ouvidos de quem nasceu aqui. Os autores contemporâneos também brilham pela ausência. A norma curta nunca leu nada.

  Leram por ela, é verdade. Isso foi muito tempo atrás: um Alexandre Herculano aqui, um Almeida Garrett acolá. Todos portugueses. Nesses clássicos, leitores mortos desde o pré-modernismo pinçaram arbitrariamente só o que confirmava seus dogmas. Estavam prontas – pela eternidade – as tábuas da lei.

   A norma curta engana muita gente com sua pose de defensora do “bom português”. Tudo mentira. Ela ignora mais de um século de conhecimento teórico e prático sobre a matéria, desprezando grandes gramáticos e zombando de nossos maiores escritores.

   Ontem me deparei com um caso demencial de norma-curtismo: na página internética de “dicas de português”, o cartum de traço fofo mostra o rapaz se declarando para a moça (“Te amo!”) e sendo corrigido por ela: “Não se pode começar frase com pronome oblíquo átono”. Sim, ela queria ouvir um “Amo-te!” lusitano, acredite quem quiser. A página tem quase um milhão de seguidores. Me parece que estamos lascados.


(RODRIGUES, Sérgio. Abaixo a norma curta do português! Folha de S. Paulo, 2024. Adaptado.)
Adjetivos frequentemente são empregados nos textos como modalizadores para expressar juízos de valor do enunciador acerca de seu discurso. Com base nessas informações, analise o emprego dos adjetivos destacados a seguir:

I. “[...] ao longo do século passado [...]” (10º§) II. “Esta tem papel social imprescindível [...]” (2º§) III. “[...] ‘figuras de linguagem’ em ordem alfabética [...]” (7º§) IV. “[...] apego acrítico à variedade lusitana da língua [...]” (1º§)

Está correto o que se afirma apenas em
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

A alternativa correta é B - II e IV.

Tema central da questão: A questão aborda o uso de adjetivos como modalizadores em um texto. Esses modalizadores expressam juízos de valor do enunciador sobre o objeto do discurso. Para resolver a questão, é necessário compreender o papel dos adjetivos na construção do significado e interpretação do texto.

Justificativa para a alternativa correta:

II. “Esta tem papel social imprescindível [...]” (2º§)

O adjetivo “imprescindível” expressa um juízo de valor positivo, indicando que o papel social mencionado é essencial, necessário e não pode ser dispensado pelo enunciador. É uma avaliação clara e direta sobre a importância desse papel social.

IV. “[...] acrítico à variedade lusitana da língua [...]” (1º§)

O adjetivo “acrítico” expressa um juízo de valor negativo, apontando que o apego à variedade lusitana é feito sem critério ou reflexão. Isso reflete uma crítica do enunciador a essa postura, destacando um aspecto questionável ou problemático.

Análise das alternativas incorretas:

I. “[...] ao longo do século passado [...]” (10º§)

O adjetivo “passado” é temporal e denotativo, utilizado apenas para situar um período histórico, sem expressar juízo de valor do enunciador sobre o discurso. Não se trata de um modalizador.

III. “[...] ‘figuras de linguagem’ em ordem alfabética [...]” (7º§)

O adjetivo “alfabética” também é denotativo, descrevendo apenas a ordem em que algo é apresentado. Não carrega um juízo de valor por parte do enunciador, portanto, não funciona como um modalizador.

Conclusão: As alternativas I e III não são adjetivos modalizadores, pois não expressam juízos de valor, enquanto II e IV fazem isso de forma clara. Portanto, a escolha correta é a alternativa B.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo

Comentários

Veja os comentários dos nossos alunos

Gab: B.

1. Enunciado I - “[...] ao longo do século passado [...]”: O adjetivo “passado” não expressa um juízo de valor, mas sim um aspecto temporal, indicando apenas uma localização no tempo (o século que se passou).

2. Enunciado II - “Esta tem papel social imprescindível [...]”: O adjetivo “imprescindível” expressa um juízo de valor, indicando que o enunciador considera o papel social mencionado como algo de extrema importância e necessidade.

3. Enunciado III - “[...] ‘figuras de linguagem’ em ordem alfabética [...]”: O adjetivo “alfabética” apenas descreve uma característica objetiva da ordem, sem indicar juízo de valor.

4. Enunciado IV - “[...] apego acrítico à variedade lusitana da língua [...]”: O adjetivo “acrítico” reflete um juízo de valor, pois o enunciador está emitindo uma avaliação sobre o apego mencionado, sugerindo que ele é realizado sem uma reflexão crítica.

A alternativa correta é: B- II e IV.

I. “[...] ao longo do século passado [...]” (10º§)

  • O adjetivo “passado” aqui é um adjetivo temporal, não expressando juízo de valor.

II. “Esta tem papel social imprescindível [...]” (2º§)

  • O adjetivo “imprescindível” expressa um juízo de valor positivo, indicando a importância e a necessidade da norma culta.

III. “[...] ‘figuras de linguagem’ em ordem alfabética [...]” (7º§)

  • O adjetivo “alfabética” é uma descrição neutra, não expressando juízo de valor sobre as figuras de linguagem.

IV. “[...] apego acrítico à variedade lusitana da língua [...]” (1º§)



  • O adjetivo “acrítico” expressa um juízo de valor negativo, indicando a falta de reflexão e crítica em relação à norma.

Um modalizador é um elemento gramatical ou lexical que permite ao autor expressar a sua opinião e posicionamento em relação a um tema ou conteúdo específico.

A modalização é um conceito da linguística que define os mecanismos discursivos que manifestam a posição do enunciador em relação ao que é dito.

Clique para visualizar este comentário

Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo