As pedagogias do teatro de muitos autores dialogam fortement...
As pedagogias do teatro de muitos autores dialogam fortemente no que se refere ao fato de repensar o lugar do espectador, mas diferem na forma como ele deve agir em relação ao personagem. A seguir destacamos a poética de alguns desses pensadores/fazedores de teatro, que chamamos de X, Y e Z, cada um com seu jeito peculiar de pensar e fazer arte:
• X propõe uma poética em que os espectadores delegam poderes ao personagem para que este atue e pense em seu lugar;
• Y propõe uma poética em que o espectador delega poderes ao personagem para que este atue em seu lugar, mas se reserva o direito de pensar por si mesmo, muitas vezes em oposição ao personagem;
• Z propõe uma poética em que o espectador não delega poderes ao personagem para que atue nem para que pense em seu lugar. Ao contrário, ele mesmo assume um papel protagônico, transforma a ação dramática inicialmente proposta, ensaia soluções possíveis, preparando-se para a ação real.
Os autores X, Y e Z são, respectivamente,
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A alternativa C - Aristóteles, Brecht e Boal é a correta. Vamos entender o porquê, analisando a relação desses autores com as poéticas descritas:
1. Aristóteles: na poética aristotélica tradicional, o espectador confere ao personagem o poder de agir e pensar em seu lugar, vivendo as emoções de forma vicária. Esse conceito está em linha com a descrição de X na questão, onde o espectador delega poderes ao personagem para atuar e pensar por ele.
2. Brecht: conhecido por sua técnica de distanciamento ou efeito de estranhamento, Brecht incentiva o espectador a manter uma postura crítica em relação à ação dramática. Ele deseja que o público reflita criticamente sobre a peça, muitas vezes contrapondo-se ao que o personagem faz ou pensa, o que corresponde à descrição de Y na questão.
3. Boal: Augusto Boal, com o Teatro do Oprimido, propõe que o espectador se torne um "espect-ator", um participante ativo que não apenas observa, mas também intervém na ação. Isso está de acordo com a descrição de Z, onde o espectador assume um papel protagônico e transforma a ação dramática.
Agora, vamos analisar por que as outras alternativas estão incorretas:
Alternativa A - Brecht, Boal e Artaud: Esta opção mistura corretamente a ordem de Y e Z (Brecht e Boal), mas Artaud não se encaixa no perfil de X. O teatro de Artaud não se caracteriza pela delegação de poderes ao personagem, mas por uma experiência sensorial intensa e transformadora para o espectador.
Alternativa B - Becket, Boal e Brecht: Becket é mais associado ao Teatro do Absurdo, que não corresponde à descrição de X ou à delegação de poderes ao personagem. A ordem de Brecht e Boal também está incorreta.
Alternativa D - Boal, Brecht e Stanislavski: Enquanto Boal e Brecht estão na ordem correta para Z e Y, Stanislavski não se encaixa no perfil de X. Ele é famoso por seu "sistema" de atuação que foca no realismo e na experiência emocional do ator, não na delegação de poderes do espectador ao personagem.
A interpretação correta dos conceitos dramatúrgicos e pedagógicos de cada autor é fundamental para a solução dessa questão. Identificar as particularidades de cada poética ajuda a evitar confusões comuns em tais questões de concurso.
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