Assinale a frase a seguir em que a preposição de é uma exigê...
Texto 1 – Dados Primários
Há cerca de 15 anos, um grupo de pesquisadores do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) preparava um estudo sobre indicadores de sustentabilidade da cidade de Belém e precisava saber quantos metros quadrados de praças e áreas verdes havia em cada bairro da região metropolitana. Durante três meses, os pesquisadores buscaram o dado junto a órgãos públicos. Protocolo para cá, ofício para lá, o máximo que conseguiram foi uma estimativa de que existiam “umas cem praças”. Beto Veríssimo, líder de estudo, reuniu a equipe e propôs; vamos medir nós mesmos. Armados de GPS, trena e suor, em dois meses mapearam quase duas mil praças e áreas verdes na capital paraense.
Lembrei-me desse episódio ao participar do debate recente sobre os dados de cobertura e uso da terra no Brasil.
Em artigo recente no “Valor Econômico”, o autor conclui, após, segundo ele, cruzar várias fontes de dados, que entre 1990 e 2016 a área ocupada pela atividade agropecuária no Brasil teria sido reduzida em 4,2 milhões de hectares, a despeito de 38 milhões de hectares terem sido desmatados no mesmo período. Afirma que a regeneração da mata nativa teria alcançado 50 milhões de hectares no período e que, portanto, para cada hectare desmatado, 1,3 hectare era recuperado. A expansão da produção agropecuária teria se dado, então, exclusivamente pelos extraordinários ganhos de produtividade.
O incauto, ao ler tal informação, poderia concluir que a área das matas brasileiras teria aumentado nas últimas décadas, e a agropecuária reduzido a área ocupada. Portanto, a expansão da agropecuária não teria causado desmatamento e degradação. Ou seja, tudo ótimo, nada a mudar, basta seguirmos no rumo em que estamos.
Nestas horas, é importante voltar às fontes de dados primários sólidas e abrangentes no tempo e no espaço.
Existem atualmente três iniciativas de mapeamento de cobertura e uso da terra no Brasil. [...] Ainda que todos possam ser melhorados e, embora tenham diferenças de abordagem metodológica, legenda e resolução, os dados gerados por esses três projetos indicam de forma inequívoca:
• o Brasil perdeu cobertura florestal e vegetação nativa durante todos os períodos analisados;
• a área ocupada pela atividade agropecuária cresceu em todos os períodos;
• houve regeneração em larga escala no Brasil, mas ela ainda representa menos de um terço das áreas desmatadas;
• mais de 90% das áreas desmatadas se convertem em agropecuária.
Esta é a realidade nua e crua dos dados primários. Eles, decerto, estão sujeitos a muitas análises e interpretações. Estas só não podem ir de encontro aos fatos.
Tasso Azevedo, O GLOBO, 28/02/2018.
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Analisando com mais atenção as opções, verifica-se que as palavras anteriores às preposições sublinhadas são nomes. Ora, o que precisamos, então, é identificar em qual dos exemplos abaixo a preposição é relacional e liga o complemento nominal ao seu termo antecedente. Desse modo, eliminaremos todas as opções em que encontrarmos preposições nocionais, constituintes não de complementos, mas de adjuntos adnominais. Examinemos:
A) “um grupo de pesquisadores do Imazon." ERRADA.
A palavra “grupo" não “pede" complemento, além disso a preposição a ela relacionado apresenta valor semântico de especificação, pois não se trata de qualquer grupo, mas sim do restrito grupo de pesquisadores do Imazon. Para finalizar, o termo preposicionado, não sendo complemento, só pode ser classificado como adjunto adnominal, porque, além das características já mencionadas, especifica um substantivo concreto. Vale lembrar que associados a substantivos concretos os termos com preposição são adjuntos adnominais.
B) “indicadores de sustentabilidade da cidade de Belém." CORRETA.
Sabemos que “que ou quem tem indicadores" TEM INDICADORES DE ALGO OU DE ALGUÉM. Assim, “de sustentabilidade" completa o sentido do substantivo abstrato “indicadores", não expressando valor semântico algum. Trata-se de uma preposição relacional porque “exigida" pelo nome no seu processo de complementação. Por essa razão, a letra B é a resposta da questão.
C) “Armados de GPS, trena e suor." ERRADA.
Segundo o texto, sabemos que “armados" refere-se a “pesquisadores". Assim, no fragmento “pesquisadores armados de GPS, trena e suor mapearam quase duas mil praças e áreas verdes", “armados de GPS, trena e suor" é um extenso adjunto adnominal de “pesquisadores", sendo o adjetivo “armados" especificado pelo determinante preposicionado “de GPS, trena e suor". O que temos, em síntese, é um adjunto adnominal preposicionado dentro de outro, o qual se liga diretamente a “pesquisadores". Tal como ocorre no exemplo da letra A, a preposição presente em “de GPS, trena e suor" é também nocional, porém apresentando sentido de instrumento. Por todas essas razões, a letra C não poderia ser a resposta da questão.
D) “debate recente sobre os dados de cobertura." ERRADA.
O substantivo concreto “dados" não “pede" complemento e só poderia ser associado a um adjunto adnominal. A preposição nocional DE passa aqui, como na letra B, a ideia de especificação.
E) “50 milhões de hectares." ERRADA.
No exemplo da letra E, verificamos que o substantivo masculino “milhões" é especificado por dois adjuntos adnominais, o numeral “50" e o determinante preposicionado “de hectares", em que a preposição nocional DE expressa valor partitivo.
Resposta do professor: B.
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Comentários
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"de sustentabilidade " é complemento do nome indicadores, e todo complemento nominal é preposicionado.
Não entendi nada. Alguém?
FIQUEI EM DUVIDA ENTRE A B e D
acertei pelo seguinte: SE É INDICADOR tem que dizer o que está indicando. Então é essa que tá pedindo complemento.
Nesses casos o complemento não é exigido, pois o sentido já estaria completo na frase.
a) Um grupo.
c) Armados.
d) Debate recente sobre os dados.
e) 50 milhões.
Opção Correta: LETRA B
Observe que ao lermos a palavra indicadores, vem logo a pergunta? "Indicadores de que?" Logo, exige complemento.
Quando a FGV falar de exigência da preposição pelo termo anterior , ela quer saber qual é o complemento nominal
Para diferenciar complemento nominal de adjunto adverbial , é só se ligar que complemento nominal da uma idéia de passividade , ou seja,
Sustentabilidade sofre à ação de ser indicada , enquanto adjunto adnominal da idéia de posse
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