Transpondo para a voz passiva a construção Darcy Ribeiro (.....
Darcy Ribeiro, um dos mais originais e polêmicos pensadores do Brasil, não admitiria a alternativa que está no título deste artigo. Para ele, trabalho não era opção para as crianças: só deveria haver a obrigatoriedade da escola, da boa escola, em período integral e com duas refeições diárias. Estava pensando em atender amplamente as necessidades dos meninos e meninas carentes - parcela significativa da infância brasileira. Mas enquanto o sonho de Darcy não se torna realidade, o debate continua.
A favor do trabalho infantil estão aqueles que, considerando a inviabilidade de qualquer outra solução imediata, preferem evitar o mal maior - o do abandono e da delinquência de nossas crianças -, contornando-o com a permissão oficial de integração do menor no mercado de trabalho. Regulamentados por lei o horário máximo e as condições mínimas de adequação ao universo da criança, as empresas seriam encorajadas a admitir, treinar e a ajudar a desenvolver os pequenos trabalhadores, facilitando-lhes, inclusive, o acesso a uma educação suplementar: cursos profissionalizantes, estágios, atualizações etc.
Contra o trabalho infantil alinham-se os que defendem tanto o encaminhamento obrigatório das crianças à escola como a interdição do aproveitamento delas em qualquer tipo detrabalho profissional, em qualquer caso. Ainda que a escola não venha a suprir a necessidade das refeições diárias completas, do uniforme doado e do banho tomado, ela representaria o compromisso mínimo da educação em meio período, do ambiente de socialização e da sempre oportuna merenda escolar. Caberiam aos pais, aos adultos, à sociedade em geral as providências para que se poupassem as crianças de qualquer outra atividade.
Ainda temos muito a caminhar: é olhar as ruas das grandes cidades para constatar que a realidade vem exibindo uma terceira - e a pior - via. A tragédia dos menores abandonados é de tal ordem que faz pensar na abrangência das propostas de Darcy Ribeiro, que são também, certamente, as mais justas. Rever, reexaminar, rediscutir suas propostas não é um retorno ao passado: é buscar atender as necessidades de um melhor futuro.
(Tarso de Cintra Meirelles, inédito)
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A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
Não admitiria alternativa - > Não seria admitida alternativa
Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
1.º) O verbo deve ser transitivo direto ou transitivo direto e indireto.
2.º) Não pode se tratar de um verbo de ligação.
3.º) A frase deve formar sentido quando transformada para a voz passiva.
A) Para transformar a frase Darcy Ribeiro (...) não admitiria a alternativa, primeiramente devemos ver se ela comporta transposição para a voz passiva. A resposta é sim, pois o verbo admitir é VTD (verbo transitivo direto).
B) Depois disso, devemos ver em que modo e tempo verbal está o verbo.
Admitiria = Futuro do pretérito (ele admitiria)
C) Estando o verbo admitir no futuro do pretérito, o verbo ser também deve estar no futuro do pretérito (ele seria). O verbo admitir vai o particípio. Vejamos.
A alternativa não seria admitida por Darcy Ribeiro.
Em que tempo e modo está o verbo na voz ativa? Futuro do
pretérito simples do indicativo. Então, na voz passiva (verbal ou analítica),
ele ficará no particípio; seu auxiliar (ser, estar, ficar) assumirá o tempo e o
modo dele. Na alternativa A, o verbo ser está conjugado no futuro do pretérito
composto do indicativo. Na alternativa B, no futuro do pretérito simples do
indicativo. Na alternativa C, o verbo admitir continua na voz ativa; apenas foi
conjugado no futuro do pretérito composto do indicativo. Na alternativa D, o
verbo auxiliar está no pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo Na
alternativa E, a locução verbal caracteriza voz ativa ( o verbo
principal, “admitir”, não está no particípio, mas sim no infinitivo).
Gabarito: B
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