O delirium, um declínio aguda da atenção e cognição, é uma c...
O delirium, um declínio aguda da atenção e cognição, é uma complicação comum na fase final da vida, ocorrendo em até 85% dos pacientes nas últimas semanas de vida. O Sr. J.P.S, 78 anos, portador de doença de Parkinson, encontra-se com mieloma múltiplo em fase terminal, e apresenta-se com delírio hiperativo. A pressão arterial 100/60 mmHg; FC 88 bpm; saturação O₂ digital 94% com cateter nasal a 3 litros/minuto.
Assinale a opção que apresenta o procedimento que melhor se aplica ao caso.
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O tema central da questão é o manejo do delirium, particularmente no contexto de cuidados paliativos para um paciente com doença terminal. O delirium é um transtorno agudo que afeta a atenção e a cognição, sendo crucial entender como abordá-lo de forma eficaz em pacientes que estão nas últimas fases da vida.
Para resolver a questão, é necessário ter conhecimento sobre:
- Os tipos de delirium (hiperativo, hipoativo, misto).
- A importância de um ambiente calmo e seguro para pacientes com delírio.
- O uso de antipsicóticos apropriados e a consideração das condições médicas subjacentes.
Alternativa correta: C - Tratar uma causa subjacente, proporcionar um ambiente calmo e iniciar quetiapina.
Vamos detalhar o porquê:
C - Tratar uma causa subjacente, proporcionar um ambiente calmo e iniciar quetiapina. - Esta é a escolha correta, pois aborda o tratamento do delirium inadequado em pacientes com doenças terminais, onde a quetiapina é frequentemente utilizada devido ao seu perfil mais seguro em pacientes idosos e com condições como Parkinson, minimizando efeitos colaterais motores.
Por que as outras alternativas estão incorretas:
A - Buscar etiologia precipitante, proporcionar ambiente calmo e iniciar risperidona. - A risperidona pode ser utilizada, mas pode não ser ideal em pacientes com Parkinson devido ao risco de agravar sintomas motores.
B - Tratar uma causa subjacente, proporcionar um ambiente calmo e iniciar levopromazina. - A levopromazina é sedativa, mas também pode exacerbar sintomas parkinsonianos e causar efeitos colaterais significativos.
D - Buscar uma etiologia precipitante e iniciar clorpromazina. - A clorpromazina tem um perfil de efeitos colaterais que pode ser problemático em idosos e particularmente em pacientes com Parkinson.
E - Tratar uma causa subjacente, proporcionar um ambiente calmo e iniciar sedação venosa contínua com benzodiazepínico. - Benzodiazepínicos geralmente não são recomendados para delirium devido ao risco de piorar a condição cognitiva e causar agitação paradoxal.
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Comentários
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A melhor opção para o caso do Sr. J.P.S. é a C) Tratar uma causa subjacente, proporcionar um ambiente calmo e iniciar quetiapina.
Justificativa:
O delirium no paciente terminal é um desafio clínico complexo, exigindo uma abordagem multifatorial. A escolha da melhor conduta depende de diversos fatores, incluindo a causa subjacente do delírio, a gravidade dos sintomas e as comorbidades do paciente.
Analisando as opções:
- Opção A: A risperidona é um antipsicótico atípico que pode ser eficaz no tratamento do delírio, mas seu uso em pacientes com doença de Parkinson deve ser feito com cautela, pois pode piorar os sintomas parkinsonianos.
- Opção B: A levopromazina é um antipsicótico típico com maior potencial de causar efeitos colaterais extrapiramidais, o que pode ser prejudicial para um paciente com doença de Parkinson.
- Opção C: A quetiapina é um antipsicótico atípico com menor risco de causar efeitos colaterais extrapiramidais em comparação com a risperidona e a levopromazina. Além disso, a quetiapina possui propriedades sedativas, o que pode ser benéfico para o paciente com delírio hiperativo.
- Opção D: A clorpromazina é um antipsicótico típico com alto risco de efeitos colaterais extrapiramidais e sedação excessiva, não sendo a primeira escolha para o tratamento do delírio em pacientes com doença de Parkinson.
- Opção E: A sedação venosa contínua com benzodiazepínicos deve ser evitada em pacientes com doença de Parkinson devido ao risco de exacerbação dos sintomas parkinsonianos e depressão respiratória.
Por que a opção C é a mais adequada?
- Quetiapina: É um antipsicótico atípico com perfil de segurança mais favorável para pacientes com doença de Parkinson.
- Tratar a causa subjacente: É fundamental investigar e tratar a causa do delírio, como infecções, desidratação, distúrbios eletrolíticos, etc.
- Ambiente calmo: Um ambiente tranquilo e familiar pode ajudar a reduzir a agitação e a confusão do paciente.
Considerações adicionais:
- Monitoramento: É essencial monitorar de perto os sinais vitais, o estado mental e os efeitos colaterais da medicação.
- Cuidados paliativos: A abordagem paliativa é fundamental para garantir o conforto e a melhor qualidade de vida possível para o paciente e sua família.
- Equipe multidisciplinar: A participação de uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, é fundamental para o cuidado integral do paciente.
Em resumo:
A quetiapina, em conjunto com o tratamento da causa subjacente e a promoção de um ambiente calmo, é a abordagem mais recomendada para o manejo do delírio hiperativo no Sr. J.P.S., considerando suas comorbidades e a fase terminal da doença.
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