“É o que parece dizer a História.”A autora, ao finalizar o t...
Texto para as questões 1 a 4
Desde a chegada da esquadra de Cabral à costa brasileira até quase duzentos anos
depois não há a menção do nome de nenhuma mulher em nossa História oficial. Há
referências a paixões de europeus por índias, aos contatos voluptuosos com a mulher
exótica; há a menção de que os jesuítas solicitaram ao rei que mandasse para cá
5 mulheres aptas ao casamento e vieram as órfãs, para constituírem a família de “pai
soturno, mulher submissa e filhos aterrados”. Vieram as prostitutas, as feiticeiras, as
criminosas, as adúlteras, vieram as negras para a escravidão e para o ranger dos
catres.
Vemos a mulher fazendo pudim, a mulher parindo, a mulher servindo ao homem,
10 o comportamento da mulher controlado nos seus atos mais recônditos pelas normas
aterrorizantes do Santo Ofício ou pelo receituário escolástico que interditava
a posição mulier super virum por ser oposta à superioridade ativa dos machos. A
Inquisição formou algumas de nossas características de introversão, doçura e em
nós marcou a noção do pecado. Revela alguns dos costumes secretos das mulheres de
15 antigamente, as que fomos outrora, das quais temos quase sempre apenas um nome vago,
uma data de nascimento, casamento e morte. Padre Vieira achava que as mulheres
deviam sair de casa em apenas três ocasiões: para o batismo, para o casamento e o
próprio enterro. E, macilentas, esverdinhadas, foi o que fizemos durante séculos. É
o que parece dizer a História.
MIRANDA, Ana. Ser mulher.
Disponível em: <http://xoomer.virgilio.it/leonildoc/mulher.htm>. Acesso em 28/11/2016 (fragmento).
“É o que parece dizer a História.”
A autora, ao finalizar o texto com essa declaração, tem como intenção