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Um médico do programa de saúde da família de um município foi ao domicílio de uma paciente de 85 anos para reavaliação 7 dias após a alta de internação hospitalar em que foi corrigida uma fratura de colo de fêmur, após queda da própria altura. Familiares referem que a paciente, há três dias, não se alimenta corretamente e está mais sonolenta. O exame clínico revela: desidratação acentuada, delirium hipoativo, PA = 90 x 60 mmHg, eupneica em ar ambiente e temperatura axilar = 36 ºC. A perna operada está com a cicatriz limpa e seca, sem hiperemia, com discreto edema residual. Exames laboratoriais atuais: glicemia capilar = 645 mg/ dL; sódio = 159 mEq/L e gasometria com pH = 7,41 e bicarbonato = 16,3 mEq/L.
Assinale a alternativa que apresenta a afirmação correta.
Gabarito comentado
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Alternativa Correta: A - Trata-se de um estado hiperosmolar hiperglicêmico e a internação é recomendada.
O tema central desta questão é o diagnóstico diferencial de complicações agudas do diabetes mellitus, especialmente entre o estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) e a cetoacidose diabética (CAD). Para resolver essa questão, é necessário compreender as características clínicas e laboratoriais que diferenciam essas condições.
Justificativa da Alternativa Correta:
A paciente apresenta glicemia capilar extremamente elevada (645 mg/dL) e sódio também elevado (159 mEq/L), sugerindo um quadro de hiperosmolaridade. Além disso, o pH de 7,41 indica uma condição sem acidose metabólica importante, o que é característico do estado hiperosmolar hiperglicêmico (EHH) e não da cetoacidose diabética. O delirium hipoativo e a desidratação acentuada também são manifestações comuns do EHH. Portanto, a internação para tratamento é indicada.
Análise das Alternativas Incorretas:
B - O caso é sugestivo de cetoacidose diabética e insulina regular e bicarbonato devem ser iniciados.
Essa alternativa está incorreta porque, embora a glicemia esteja elevada, o pH normal (7,41) e a ausência de cetoacidose (bicarbonato baixo, mas não extremamente) indicam que não se trata de CAD. A CAD geralmente apresenta acidose metabólica com pH < 7,3.
C - Trata-se de paciente com acidose lática em decorrência de jejum prolongado e desidratação.
Embora a desidratação esteja presente, o pH de 7,41 não sugere acidose, e não há indicação de aumento de lactato. Além disso, a glicemia elevada não é característica principal em acidose lática causada por jejum.
D - Não é possível afirmar o diagnóstico atual, sem a coleta de função renal e nível sérico de potássio.
Essa alternativa é incorreta porque as informações clínicas e laboratoriais já fornecidas são suficientes para suspeitar fortemente de EHH. A função renal e potássio sérico são importantes para manejo, mas não são necessários para suspeita diagnóstica inicial.
E - Trata-se de um quadro de sepse em decorrência de infecção cirúrgica e a administração de antibióticos é recomendada.
Apesar do paciente apresentar fatores de risco, como idade avançada e recente cirurgia, não há sinais clínicos de infecção na área operada, febre ou leucocitose que sugeririam sepse.
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