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Q3131284 Linguística

        Art. 1.º Fica proibido o uso indiscriminado de celulares e outros dispositivos eletrônicos pelos alunos nas unidades de ensino da rede pública municipal, estadual, federal e privada em todo o território nacional, exceto para os casos de pessoas com necessidades especiais, tais como autistas, entre outras.


        Parágrafo Único. Os professores e órgãos fiscalizadores e responsáveis pela educação nacional, estadual, municipal e as instituições educacionais deverão regulamentar o possível uso desses equipamentos quando necessário, através de portaria interna, versando sobre: quando, como e em quais locais e atividades deverão ser utilizados.


Brasil. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n.º 246/2024 (em tramitação).

Internet: <camara.leg.br> (com adaptações).


Considerando as ideias e o estilo do texto precedente, bem como as concepções de linguagem, língua e interação, julgue o item a seguir. 

No texto, um dos recursos linguísticos que evidenciam a intencionalidade do discurso é o emprego do modo verbal imperativo.
Alternativas
Q3131283 Linguística

        Art. 1.º Fica proibido o uso indiscriminado de celulares e outros dispositivos eletrônicos pelos alunos nas unidades de ensino da rede pública municipal, estadual, federal e privada em todo o território nacional, exceto para os casos de pessoas com necessidades especiais, tais como autistas, entre outras.


        Parágrafo Único. Os professores e órgãos fiscalizadores e responsáveis pela educação nacional, estadual, municipal e as instituições educacionais deverão regulamentar o possível uso desses equipamentos quando necessário, através de portaria interna, versando sobre: quando, como e em quais locais e atividades deverão ser utilizados.


Brasil. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n.º 246/2024 (em tramitação).

Internet: <camara.leg.br> (com adaptações).


Considerando as ideias e o estilo do texto precedente, bem como as concepções de linguagem, língua e interação, julgue o item a seguir. 

De acordo com a concepção enunciativo-discursiva da linguagem, é correto afirmar que, mesmo em textos normativos, como o apresentado, o sentido só se completa no processo de interlocução.
Alternativas
Q3131282 Português

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


As funções da linguagem predominantes no texto são a referencial e a metalinguística, o que se observa pelo fato de ele ser informativo e o tema nele abordado ser a própria linguagem.  

Alternativas
Q3131281 Português

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


A abordagem de língua proposta por Bakhtin, ainda que se afaste da apresentada por Saussure, compartilha com esta o princípio de que a língua é um fato social. 

Alternativas
Q3131280 Linguística

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


Segundo a concepção adotada oficialmente no ensino de língua portuguesa no Brasil, a língua é fruto do processo interativo, como propõe Bakhtin.

Alternativas
Q3131279 Linguística

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


A dualidade entre língua e discurso está no fato de que, ao mesmo tempo em que a língua se constitui como um sistema, ela é passível de influências subjetivas, históricas e sociais, e o discurso, por sua vez, é o lugar em que essas influências se manifestam. 

Alternativas
Q3131278 Linguística

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


Ao mencionar a “parte marginalizada por Saussure”, a autora se refere às concepções linguísticas que não apresentam a distinção entre língua como sistema e língua como instrumento de interação. 

Alternativas
Q3131277 Linguística

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


No texto, as afirmações de que a dualidade da linguagem foi “duramente contestada por Bakhtin” e de que a “oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical” comprovam a intenção da autora em criticar os estudos saussurianos da linguagem. 

Alternativas
Q3131276 Linguística

        As abordagens da linguagem do ponto de vista filosófico, estrutural, funcional e até discursivo conservam, de alguma forma, o gesto de Saussure ao considerar na linguagem uma dualidade fundamental: língua/fala, código/mensagem, competência/performance, língua/discurso. Se contestam o objeto da linguística colocado por Saussure, nunca o fazem de uma maneira radical. Mesmo quando buscam, no objeto da linguística, a parte marginalizada por Saussure, a linguagem continua a ser concebida como uma entidade de duas faces: uma formal, constituída pelo “núcleo duro” da língua e uma outra parte por meio da qual a linguagem se relaciona com o mundo pela ação dos falantes.


        Essa dualidade da linguagem foi, contudo, duramente contestada pelo filósofo soviético Bakhtin, já no final da década de 20. A oposição que Bakhtin faz a Saussure é radical, se levarmos em conta que a linguagem, para esse filósofo, não se divide em duas instâncias. A enunciação, “a verdadeira substância da língua”, é, para Bakhtin, a síntese do processo da linguagem, o conceito-chave para se entender os processos linguísticos.


        Bakhtin afasta-se de Saussure ao ver a língua como algo concreto, fruto da manifestação interindividual, valorizando assim, a manifestação concreta da língua e não o sistema abstrato de formas. E essa manifestação é eminentemente social.


        Segundo Bakhtin, o que de fato existe é o processo linguístico, sendo a enunciação o motor da língua: “a língua vive e evolui historicamente na comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas da língua nem no psiquismo individual dos falantes”.


Sílvia Helena Barbi Cardoso. Discurso e ensino. 2 ed. Belo Horizonte:

Autêntica/ FALE-UFMG, 2005. p. 24-25. (com adaptações). 



A partir das ideias veiculadas no texto precedente, julgue o item que se segue, relativo às concepções de língua, linguagem e interação.


É correto concluir que o texto tem como principal interlocutor os falantes de língua portuguesa, pois a temática nele abordada é o idioma nacional. 


Alternativas
Q3131275 Português

        O conto Miss Dollar, de Machado de Assis, traz o leitor para dentro do texto já na primeira linha: “Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar” e “sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar lhes Miss Dollar:”. Engana-se, no entanto, a boa-fé de quem acreditar nessas promessas: ao contrário do que apregoara, o narrador entrega-se à volúpia de imaginar diferentes e variados tipos de leitores, cujas previsões sobre a identidade da personagem-título ele antecipa e desmente, valendo-se da autoridade narratorial. Começa refutando a imagem de Miss Dollar como “uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue” creditada à imaginação de um “rapaz dado ao gênio melancólico”. Linhas abaixo, o texto inventa um outro leitor, atribuindo a este a imagem de uma Miss Dollar “robusta americana, vertendo o sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita, perfeita”. No parágrafo subsequente, o mesmo imaginoso narrador investiga as expectativas de um outro tipo de leitor: daquele que, tendo já passado a segunda mocidade, tem à sua frente uma velhice sem recursos, para quem, então, a Miss Dollar do conto deve ser “boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido”. Vê-se que o narrador de Miss Dollar dispõe de galeria inesgotável de leitores-personagens que faz desfilar pelo texto: ao antecipar uma vez mais interpretações para a personagem-título, ele convoca uma outra imagem de leitor que, lisonjeiramente, qualifica de “Mais esperto que os outros” e cuja esperteza parece consistir na interpretação de Miss Dollar como “brasileira dos quatro costados”, vindo seu nome à conta de sua riqueza: “Miss Dollar quer dizer apenas que a rapariga é rica”. E só depois dessa célere multiplicação de leitores imaginários, incessantemente extraídos de sua algibeira, que, para alívio dos leitores de carne e osso, o narrador cumpre finalmente sua promessa, e desvela a identidade de Miss Dollar: “A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica (...) Miss Dollar é uma cadelinha galga”.


Marisa Lajolo. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.

São Paulo: Ática 2011, p.56-57 (com adaptações).


Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente, que consiste em uma leitura literária do conto Miss Dollar, de Machado de Assis. 

A recuperação de diferentes definições da personagem Miss Dollar atribuídas aos leitores no conto homônimo de Machado de Assis anuncia a feição irônica e satírica que caracteriza a obra machadiana.
Alternativas
Q3131274 Português

        O conto Miss Dollar, de Machado de Assis, traz o leitor para dentro do texto já na primeira linha: “Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar” e “sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar lhes Miss Dollar:”. Engana-se, no entanto, a boa-fé de quem acreditar nessas promessas: ao contrário do que apregoara, o narrador entrega-se à volúpia de imaginar diferentes e variados tipos de leitores, cujas previsões sobre a identidade da personagem-título ele antecipa e desmente, valendo-se da autoridade narratorial. Começa refutando a imagem de Miss Dollar como “uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue” creditada à imaginação de um “rapaz dado ao gênio melancólico”. Linhas abaixo, o texto inventa um outro leitor, atribuindo a este a imagem de uma Miss Dollar “robusta americana, vertendo o sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita, perfeita”. No parágrafo subsequente, o mesmo imaginoso narrador investiga as expectativas de um outro tipo de leitor: daquele que, tendo já passado a segunda mocidade, tem à sua frente uma velhice sem recursos, para quem, então, a Miss Dollar do conto deve ser “boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido”. Vê-se que o narrador de Miss Dollar dispõe de galeria inesgotável de leitores-personagens que faz desfilar pelo texto: ao antecipar uma vez mais interpretações para a personagem-título, ele convoca uma outra imagem de leitor que, lisonjeiramente, qualifica de “Mais esperto que os outros” e cuja esperteza parece consistir na interpretação de Miss Dollar como “brasileira dos quatro costados”, vindo seu nome à conta de sua riqueza: “Miss Dollar quer dizer apenas que a rapariga é rica”. E só depois dessa célere multiplicação de leitores imaginários, incessantemente extraídos de sua algibeira, que, para alívio dos leitores de carne e osso, o narrador cumpre finalmente sua promessa, e desvela a identidade de Miss Dollar: “A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica (...) Miss Dollar é uma cadelinha galga”.


Marisa Lajolo. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.

São Paulo: Ática 2011, p.56-57 (com adaptações).


Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente, que consiste em uma leitura literária do conto Miss Dollar, de Machado de Assis. 

Segundo o entendimento da autora do texto precedente, a galeria de leitores personagens do conto Miss Dollar sugere o caráter provinciano e pouco imaginativo do público leitor da época, incapaz de acompanhar a volúpia criativa do autor.
Alternativas
Q3131273 Português

        O conto Miss Dollar, de Machado de Assis, traz o leitor para dentro do texto já na primeira linha: “Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar” e “sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar lhes Miss Dollar:”. Engana-se, no entanto, a boa-fé de quem acreditar nessas promessas: ao contrário do que apregoara, o narrador entrega-se à volúpia de imaginar diferentes e variados tipos de leitores, cujas previsões sobre a identidade da personagem-título ele antecipa e desmente, valendo-se da autoridade narratorial. Começa refutando a imagem de Miss Dollar como “uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue” creditada à imaginação de um “rapaz dado ao gênio melancólico”. Linhas abaixo, o texto inventa um outro leitor, atribuindo a este a imagem de uma Miss Dollar “robusta americana, vertendo o sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita, perfeita”. No parágrafo subsequente, o mesmo imaginoso narrador investiga as expectativas de um outro tipo de leitor: daquele que, tendo já passado a segunda mocidade, tem à sua frente uma velhice sem recursos, para quem, então, a Miss Dollar do conto deve ser “boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido”. Vê-se que o narrador de Miss Dollar dispõe de galeria inesgotável de leitores-personagens que faz desfilar pelo texto: ao antecipar uma vez mais interpretações para a personagem-título, ele convoca uma outra imagem de leitor que, lisonjeiramente, qualifica de “Mais esperto que os outros” e cuja esperteza parece consistir na interpretação de Miss Dollar como “brasileira dos quatro costados”, vindo seu nome à conta de sua riqueza: “Miss Dollar quer dizer apenas que a rapariga é rica”. E só depois dessa célere multiplicação de leitores imaginários, incessantemente extraídos de sua algibeira, que, para alívio dos leitores de carne e osso, o narrador cumpre finalmente sua promessa, e desvela a identidade de Miss Dollar: “A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica (...) Miss Dollar é uma cadelinha galga”.


Marisa Lajolo. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.

São Paulo: Ática 2011, p.56-57 (com adaptações).


Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente, que consiste em uma leitura literária do conto Miss Dollar, de Machado de Assis. 

A partir da argumentação da autora do texto, é possível afirmar que Miss Dollar é um conto cuja matéria literária é a própria arte de construir uma narrativa na qual os leitores são também virtuais personagens.
Alternativas
Q3131272 Português

        O conto Miss Dollar, de Machado de Assis, traz o leitor para dentro do texto já na primeira linha: “Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar” e “sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar lhes Miss Dollar:”. Engana-se, no entanto, a boa-fé de quem acreditar nessas promessas: ao contrário do que apregoara, o narrador entrega-se à volúpia de imaginar diferentes e variados tipos de leitores, cujas previsões sobre a identidade da personagem-título ele antecipa e desmente, valendo-se da autoridade narratorial. Começa refutando a imagem de Miss Dollar como “uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue” creditada à imaginação de um “rapaz dado ao gênio melancólico”. Linhas abaixo, o texto inventa um outro leitor, atribuindo a este a imagem de uma Miss Dollar “robusta americana, vertendo o sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita, perfeita”. No parágrafo subsequente, o mesmo imaginoso narrador investiga as expectativas de um outro tipo de leitor: daquele que, tendo já passado a segunda mocidade, tem à sua frente uma velhice sem recursos, para quem, então, a Miss Dollar do conto deve ser “boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido”. Vê-se que o narrador de Miss Dollar dispõe de galeria inesgotável de leitores-personagens que faz desfilar pelo texto: ao antecipar uma vez mais interpretações para a personagem-título, ele convoca uma outra imagem de leitor que, lisonjeiramente, qualifica de “Mais esperto que os outros” e cuja esperteza parece consistir na interpretação de Miss Dollar como “brasileira dos quatro costados”, vindo seu nome à conta de sua riqueza: “Miss Dollar quer dizer apenas que a rapariga é rica”. E só depois dessa célere multiplicação de leitores imaginários, incessantemente extraídos de sua algibeira, que, para alívio dos leitores de carne e osso, o narrador cumpre finalmente sua promessa, e desvela a identidade de Miss Dollar: “A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica (...) Miss Dollar é uma cadelinha galga”.


Marisa Lajolo. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.

São Paulo: Ática 2011, p.56-57 (com adaptações).


Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente, que consiste em uma leitura literária do conto Miss Dollar, de Machado de Assis. 

Infere-se da leitura do texto que o leitor ‘Mais esperto que os outros’ é aquele capaz de adivinhar os propósitos do autor de um texto literário, baseando-se, sobretudo, nas informações oferecidas pelo narrador em 3.ª pessoa, onisciente e neutro.
Alternativas
Q3131271 Português

        O conto Miss Dollar, de Machado de Assis, traz o leitor para dentro do texto já na primeira linha: “Era conveniente ao romance que o leitor ficasse muito tempo sem saber quem era Miss Dollar” e “sem a apresentação de Miss Dollar, seria o autor obrigado a longas digressões, que encheriam o papel sem adiantar a ação. Não há hesitação possível: vou apresentar lhes Miss Dollar:”. Engana-se, no entanto, a boa-fé de quem acreditar nessas promessas: ao contrário do que apregoara, o narrador entrega-se à volúpia de imaginar diferentes e variados tipos de leitores, cujas previsões sobre a identidade da personagem-título ele antecipa e desmente, valendo-se da autoridade narratorial. Começa refutando a imagem de Miss Dollar como “uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue” creditada à imaginação de um “rapaz dado ao gênio melancólico”. Linhas abaixo, o texto inventa um outro leitor, atribuindo a este a imagem de uma Miss Dollar “robusta americana, vertendo o sangue pelas faces, formas arredondadas, olhos vivos e ardentes, mulher feita, refeita, perfeita”. No parágrafo subsequente, o mesmo imaginoso narrador investiga as expectativas de um outro tipo de leitor: daquele que, tendo já passado a segunda mocidade, tem à sua frente uma velhice sem recursos, para quem, então, a Miss Dollar do conto deve ser “boa inglesa de cinquenta anos, dotada com algumas mil libras esterlinas, e que, aportando ao Brasil em procura de assunto para escrever um romance, realizasse um romance verdadeiro, casando com o leitor aludido”. Vê-se que o narrador de Miss Dollar dispõe de galeria inesgotável de leitores-personagens que faz desfilar pelo texto: ao antecipar uma vez mais interpretações para a personagem-título, ele convoca uma outra imagem de leitor que, lisonjeiramente, qualifica de “Mais esperto que os outros” e cuja esperteza parece consistir na interpretação de Miss Dollar como “brasileira dos quatro costados”, vindo seu nome à conta de sua riqueza: “Miss Dollar quer dizer apenas que a rapariga é rica”. E só depois dessa célere multiplicação de leitores imaginários, incessantemente extraídos de sua algibeira, que, para alívio dos leitores de carne e osso, o narrador cumpre finalmente sua promessa, e desvela a identidade de Miss Dollar: “A Miss Dollar do romance não é a menina romântica, nem a mulher robusta, nem a velha literata, nem a brasileira rica (...) Miss Dollar é uma cadelinha galga”.


Marisa Lajolo. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.

São Paulo: Ática 2011, p.56-57 (com adaptações).


Julgue o item que se segue, relativo ao texto precedente, que consiste em uma leitura literária do conto Miss Dollar, de Machado de Assis. 

A organização retórica do conto de Machado de Assis baseia-se em uma “célere multiplicação de leitores imaginários”, cujas definições de Miss Dollar são frustradas ante a revelação final do narrador, a qual resulta em efeito cômico de surpresa para o leitor real.
Alternativas
Q3131270 Português
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




Em seu texto, José Paulo Paes afirma que Coivara da memória é um romance “meio fora de moda”, o que evidencia seu propósito crítico de informar implicitamente o valor relativo dessa obra de Francisco Dantas.
Alternativas
Q3131269 Literatura
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




O poema de João Cabral de Melo Neto e os textos de Ana Maria Leal Cardoso e José Paulo Paes evidenciam que a relevância de Graciliano Ramos, escritor modernista avesso ao primeiro modernismo, circunscreve-se ao regionalismo nordestino, que caracteriza as obras de João Cabral, Alina Paim e Francisco Dantas.
Alternativas
Q3131268 Português
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




No trecho de poema transcrito, a repetição da expressão “Falo somente” produz a coesão necessária à unidade do texto e ao movimento da poiesis, que se direciona do emissor ao receptor do texto poético, o que se evidencia pelo emprego dos segmentos “com o que”, “do que”, “por quem”, “para quem”.
Alternativas
Q3131267 Português
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




A semelhança entre Caetés, romance de estreia de Graciliano Ramos, e Coivara da memória, primeiro romance de Francisco Dantas, mencionados no texto de José Paulo Paes, reside fundamentalmente no fato de que ambos os romancistas publicaram suas longas narrativas apenas em sua maturidade etária e literária.
Alternativas
Q3131266 Português
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




No fragmento de texto de Ana Maria Leal Cardoso, a narrativa do diálogo entre os romancistas Alina Paim e Graciliano Ramos permite a inferência de que, para ambos, no texto literário, a forma estética antecede em importância a mensagem.
Alternativas
Q3131265 Português
Graciliano Ramos: 

Falo somente com o que falo:
com as mesmas vinte palavras
girando ao redor do sol
que as limpa do que não é faca: 

de toda uma crosta viscosa,
resto de janta abaianada,
que fica na lâmina e cega
seu gosto da cicatriz clara. 

(...) 

Falo somente do que falo: 
do seco e de suas paisagens,
 Nordestes, debaixo de um sol
ali do mais quente vinagre: 

que reduz tudo ao espinhaço, 
cresta o simplesmente folhagem, 
folha prolixa, folharada, onde possa esconder-se a fraude. 

(...) 

Falo somente por quem falo:
por quem existe nesses climas 
condicionados pelo sol,
pelo gavião e outras rapinas:

e onde estão os solos inertes
de tantas condições caatinga
em que só cabe cultivar
o que é sinônimo da míngua. 

(...) 

Falo somente para quem falo: 
quem padece sono de morto 
e precisa um despertador 
acre, como o sol sobre o olho: 

que é quando o sol é estridente,
a contrapelo, imperioso, 
e bate nas pálpebras como 
se bate numa porta a socos. 

João Cabral de Melo Neto. Obra completa: volume único.
Org. Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 311-312.

        “Senti-me bastante perturbada com a necessidade de passar para o papel aquilo que algumas pessoas que ‘habitavam’ a minha cabeça estavam querendo dizer-me. Então perguntei ao Paim (o marido) se aquilo daria mesmo um conto, ou quem sabe um romance. Ele apenas aconselhou-me a dar corpo ao texto, mesmo que não fosse um romance.” Alina passou a escrever à noite enquanto o marido dormia, pois não queria que lesse absolutamente nada. Cinco meses depois de tê-lo concluído, tratou de ir à confeitaria Colombo, em Copacabana; em uma dessas oportunidades, deparou-se com Graciliano Ramos, a quem confiou o manuscrito de Estrada da liberdade; porém, sua única exigência era que ele dissesse se o que produziu era mesmo um romance. Acertaram um reencontro para 15 dias mais tarde. Qual foi sua surpresa ao ouvi-lo dizer: “Alina, é um romance, sim, e dos bons, porém falta-lhe aprimorar a técnica.” Segundo a romancista, naquele momento nasceu uma grande amizade entre ambos, capaz de despertar ciúmes não apenas no mundo literário, mas em alguns familiares e amigos. Iniciaram-se as aulas de técnicas literárias na casa de Graciliano, de modo que ele se tornou responsável pela correção e leitura dos seus dois romances seguintes. Sua amizade, com aquele a quem chamou carinhosamente de “Mestre Graça”, rompeu-se nove anos mais tarde, por ocasião de sua morte. 

Ana Maria Leal Cardoso. Alina Paim: uma romancista esquecida nos labirintos do tempo. In: Aletria, maio-ago 2010, n. 2, v. 20, p.126-127 (com adaptações). 

        Poucas vezes terá visto o romance brasileiro uma estreia tão segura de si quanto a de Francisco J. C. Dantas. O precedente, ilustre, que logo acode a lembrança é obviamente o de Graciliano Ramos com Caetés (1933). Tal como o ex-prefeito de Palmeira dos Índios que se apresentou escritor já feito aos olhos de seus primeiros leitores, este sergipano professor de Letras que, além de ter cumprido a penitência de duas teses universitárias, só publicara até agora contos e ensaios esparsos, é dono de uma linguagem vigorosa, pessoal, rara de encontrar-se num romance de estreia. Coivara da memória é outrossim, como Caetés, um romance meio fora de moda. Melhor dizendo: providencialmente fora de moda. 

José Paulo Paes. No rescaldo do fogo morto: sobre a “Coivara da Memória”
de Francisco Dantas. In: Transleituras. São Paulo, Ática, 1995, p.46. 




O texto poético apresentado, além da referência explícita a Graciliano Ramos, reflete, em versos, a essência dos romances desse escritor, notadamente Vidas secas.
Alternativas
Respostas
3181: E
3182: C
3183: C
3184: C
3185: C
3186: C
3187: E
3188: E
3189: E
3190: C
3191: E
3192: C
3193: E
3194: C
3195: E
3196: E
3197: C
3198: E
3199: C
3200: C