Questões de Concurso

Foram encontradas 83.794 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: SEDAM-RO Prova: FUNCAB - 2014 - SEDAM-RO - Administrador |
Q2826417 Português

Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.


Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio


Estou deitado na margem. Dois barcos, presos a um tronco de salgueiro cortado em remotos tempos, oscilam ao jeito do vento, não da corrente, que é macia, vagarosa, quase invisível. A paisagem em frente, conheço-a. Por uma aberta entre as árvores, vejo as terras lisas da lezíria, ao fundo uma franja de vegetação verde-escura, e depois, inevitavelmente, o céu onde boiam nuvens que só não são brancas porque a tarde chega ao fim e há o tom de pérola que é o dia que se extingue. Entretanto, o rio corre. Mais propriamente se diria: anda, arrasta-se- mas não é costume.

Três metros acima da minha cabeça estão presos nos ramos rolos de palha, canalhas de milho, aglomerados de lodo seco. São os vestígios da cheia. À esquerda, na outra margem, alinham-se os freixos que, a esta distância, por obra do vento que lhes estremece as folhas numa vibração interminável, me fazem lembrar o interior de uma colmeia. É o mesmo fervilhar, numa espécie de zumbido vegetal, uma palpitação (é o que penso agora), como se dez mil aves tivessem brotado dos ramos numa ansiedade de asas que não podem erguer voo.

Entretanto, enquanto vou pensando, o rio continua a passar, em silêncio. Vem agora no vento, da aldeia que não está longe, um lamentoso toque de sinos: alguém morreu, sei quem foi, mas de que serve dizê-lo? Muito alto, duas garças brancas (ou talvez não sejam garças, não importa) desenham um bailado sem princípio nem fim: vieram inscrever-se no meu tempo, irão depois continuar o seu, sem mim.

Olho agora o rio que conheço tão bem. A cor das águas, a maneira como escorregam ao longo das margens, as espadanas verdes, as plataformas de limas onde encontram chão as rãs, onde as libélulas (também chamadas tira-olhos) pousam a extremidade das pequenas garras - este rio é qualquer coisa que me corre no sangue, a que estou preso desde sempre e para sempre. Naveguei nele, aprendi nele a nadar, conheço-lhe os fundões e as locas onde os barbos pairam imóveis. É mais do que um rio, é talvez um segredo.

E, contudo, estas águas já não são as minhas águas. O tempo flui nelas, arrasta-as e vai arrastando na corrente líquida, devagar, à velocidade (aqui, na terra) de sessenta segundos por minuto. Quantos minutos passaram já desde que me deitei na margem, sobre o feno seco e doirado? Quantos metros andou aquele tronco apodrecido que flutua? O sino ainda toca, a tarde teve agora um arrepio, as garças onde estão? Devagar, levanto-me, sacudo as palhas agarradas à roupa, calço-me. Apanho uma pedra, um seixo redondo e denso, lanço-o pelo ar, num gesto do passado. Cai no meio do rio, mergulha (não vejo, mas sei), atravessa as águas opacas, assenta no lodo do fundo, enterra-se um pouco.[ ... ]

Desço até a água, mergulho nela as mãos, e não as reconheço. Vêm-me da memória outras mãos mergulhadas noutro rio. As minhas mãos de há trinta anos, o rio antigo de águas que já se perderam no mar. Vejo passar o tempo. Tem a cor da água e vai carregado de detritos, de pétalas arrancadas de flores, de um toque vagaroso de sinos. Então uma ave cor de fogo passa como um relâmpago. O sino cala-se. E eu sacudo as mãos molhadas de tempo, levando-as até aos olhos - as minhas mãos de hoje, com que prendo a vida e a verdade desta hora.

(SARAMAGO, José. Deste mundo e do outro. Lisboa: Editorial Caminho, 1985. p. 35-37)


Vocabulário:

lezíria - zona agrícola muito fértil, situada na região do Ribatejo, em Portugal.

freixo - árvore das florestas dos climas temperados, de madeira clara, macia e resistente.

espadana - planta herbácea, aquática ou palustre, com folhas agudas.

loca - toca; furna; gruta pequena; esconderijo do peixe, debaixo da água, sob uma laje ou tronco submersos.

barbo-peixe vulgar de água doce.

A função da linguagem predominante no texto é:

Alternativas
Q2825038 Português

Leia o texto para responder às questões de números 05 a 07.


Em busca do tempo perdido


Houve um tempo, já um pouco distante, em que fui perseguido tenazmente por uma mesma pergunta. Nas dezenas de entrevistas a que fui submetido, tive de responder que rodava mil e quinhentos quilômetros por semana. Isso não pareceria nada estranho aos repórteres se eu fosse um motorista profissional, mas era professor.

O significado que a pergunta começou a formular em minha consciência, contudo, eclodiu passado algum tempo, quando uma repórter, com ar meio incrédulo, acrescentou: “Mas então quantas horas o senhor passa dentro do carro a cada semana?” Pronto, estava estabelecido o conflito íntimo. A partir de então comecei a fazer cálculos, a estabelecer porcentagens, comecei a me torturar. Quanto tempo da minha vida estava jogando fora por semana, por mês, por ano?

Torturei-me durante algumas semanas com essa ideia. Pensei até em mudar de profissão. Jogar fora nas estradas meu precioso tempo pareceu-me de uma irresponsabilidade sem perdão.

Dias depois me lembrei de um poema de Mario Quintana, lido há muitos anos e nunca mais encontrado. Era sobre a passagem do trem por uma estaçãozinha. Havia os que chegavam e havia os que partiam. Além deles havia os que não chegavam nem partiam, apenas ficavam olhando as pessoas nas janelas do trem e sonhando com o mundo além, o mundo possível se houvesse a coragem de partir. E ele arrematava com uns poucos versos em que dizia não importar a estação de partida nem a de chegada. O que vale mesmo, dizia o mago do Caderno H, é a viagem.

O poema de Mario Quintana devolveu-me a paz. Sem me sentir culpado por estar jogando fora a vida pela janela do carro, voltei a usar o tempo das travessias, em que o corpo estava preso e condicionado a uns poucos movimentos mecânicos, para soltar a imaginação. Assim foi que, no azul do céu, quase sempre muito azul, debaixo do qual costumava viajar, começaram a surgir revoadas de palavras que aos poucos e aos bandos se combinavam, pintavam cores e formas, botavam algumas ideias respirando e de pé.


(Menalton Braff. www.cartacapital.com.br/sociedade/ em-busca-do-tempo-perdido-8754.html, 03.05.2014. Adaptado)

A partir da leitura do último parágrafo, conclui-se, corretamente, que o autor passou a usar o tempo em que dirigia para

Alternativas
Q2824715 Português

Analise os itens a seguir:


I. Hiato é a sequência de vogal com vogal em sílabas separadas. Ex.: po-e-ta.

II. Ditongo é a sequência de vogal com semivogal (decrescente) ou semivogal com vogal (crescente) na mesma sílaba. Ex.: vai-da-de, tênue.

III. Tritongo é a sequência de semivogal com vogal e outra semivogal na mesma sílaba. Ex.: i-guais.


Quantos itens estão corretos?

Alternativas
Q2822319 Português

Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.


Palavras e Ideias


01---------Há alguns anos, o Dr. Johnson Oconor, do Laboratório de Engenharia Humana, de Boston,

02---e do Instituto de Tecnologia, de Hoboken, Nova Jersey, submeteu ____ um teste de vocabulário

03---100 alunos de um curso de formação de dirigentes de empresas industriais. Cinco anos mais

04---tarde, verificou que os 10% que haviam revelado maior conhecimento ocupavam cargos de

05---direção, ao passo que dos 25% mais “fracos” nenhum alcançara igual posição.

06---------Isso não prova, entretanto, que, para vencer na vida, basta ter um bom vocabulário;

07---outras qualidades se fazem, evidentemente, necessárias.

08---------Mas parece não haver dúvidas de que, dispondo ____ palavras suficientes e adequadas

09---___ expressão do pensamento de maneira clara, fiel e precisa, estamos em melhores condições

10---de assimilar conceitos, de refletir, de escolher, de julgar, do que outros cujo acervo léxico seja

11---insuficiente ou medíocre para a tarefa vital da comunicação.

12---------Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras são o

13---revestimento das ideias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar. Como pensar que

14---“amanhã tenho uma aula ____ 8 horas”, se não figuro mentalmente essa atividade por meio

15---dessas ou de outras palavras equivalentes? Do mesmo modo que um vocabulário escasso e

16---inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio desenvolvimento

17---mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de observar, compreender

18---e até mesmo de sentir.

19---------Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais claro, tanto

20---mais profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente, quanto mais escasso

21---e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunido, do grito ou do gesto, formas

22---rudimentares de comunicação capazes de traduzir apenas as expansões instintivas dos primitivos,

23---dos infantes e dos irracionais.


(Texto adaptado: Garcia, Othon Moacir. Comunicação em Prosa Moderna. 27ª edição, FGV editora, 2011)

Avalie as assertivas que seguem em relação às palavras do texto, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.


( ) No vocábulo “submeteu”, pode-se considerar a existência de 9 fonemas e um encontro consonantal.

( ) Em “expressão”, ocorre encontro consonantal e um dígrafo; a ocorrência desse dígrafo provoca a diferença numérica entre fonemas e letras.

( ) No vocábulo “reflexão” há um encontro consonantal e 9 fonemas.


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

Alternativas
Q2820332 Português

Leia este texto.


Algumas dúvidas ainda pairam nesse emaranhado da era tecnológica e mostram que é fundamental o estabelecimento de padronização da definição do e-book. Contudo, independentemente das indefinições a respeito desse novo formato do livro, os e-books continuam existindo e apresentam vantagens e desvantagens que precisam ser ponderadas. Uma das grandes vantagens do livro eletrônico é o mecanismo de busca inerente a ele, que possibilita a pesquisa por palavras e, em poucos segundos, a obtenção do resultado, não sendo necessário folhear o livro ou relê-lo.


REIS, Juliana Menezes; ROZADOS, Helen Beatriz Frota. O livro digital: histórico, definições, vantagens e desvantagens. In: XIX Seminário Nacional De Bibliotecas Universitárias, 2016, Anais Manaus: UFAM; IFAM, 2016. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/151235/001009111.pdf?sequen. Acesso em: 10 jun. 2023.


A função de linguagem predominante nessa notícia de jornal é a

Alternativas
Respostas
76: D
77: B
78: D
79: C
80: C