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Q2511075 Português
Os mecanismos linguísticos são os recursos disponíveis na linguagem que os falantes utilizam para construir significado e alcançar diferentes objetivos comunicativos. Acerca dos tipos de coesão textual, assinale aquela que ocorre quando há a omissão de algumas palavras sem que o entendimento das ideias da oração seja comprometido. Ou seja, consiste na supressão de elementos que são facilmente identificados ou que já tenham sido mencionados no texto:
Alternativas
Q2510515 Português

O que faz o Brasil ter a maior população de

domésticas do mundo

Marina Wentzel


1 Se organizasse um encontro de todos os seus trabalhadores domésticos, o Brasil reuniria uma população maior que a da Dinamarca, composta majoritariamente por mulheres negras, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).


2 Segundo dados de 2017, o país emprega cerca de 7 milhões de pessoas no setor − o maior grupo no mundo. São três empregados para cada grupo de 100 habitantes − e a liderança brasileira nesse ranking só é contestada pela informalidade e falta de dados confiáveis de outros países.


3 Com um perfil predominante feminino, afrodescendente e de baixa escolaridade, o trabalho doméstico é alimentado pela desigualdade e pela dinâmica social criada principalmente após a abolição da escravatura no Brasil, afirmam especialistas.


4 “Ainda hoje o trabalho doméstico é uma das principais ocupações entre as mulheres, que são a maioria no setor em todo o mundo, cerca de 80%. No Brasil, permanece sendo a principal fonte de emprego entre as mulheres”, diz Claire Hobden, especialista em Trabalhadores Vulneráveis da OIT. O professor e pesquisador americano David Evan Harris é um dos especialistas que defendem que cenário do trabalho doméstico no Brasil atual é herança do período escravagista.


5 “O Brasil foi um dos últimos países do mundo a acabar com a escravidão. Se olharmos para quem são as empregadas, veremos que elas tendem a ser pessoas de cor”, diz o acadêmico, formado pela Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, e mestre pela USP. [...]


6 Segundo a historiadora e escritora Marília Bueno de Araújo Ariza, mesmo após a abolição, em 1888, mulheres e homens negros continuaram sendo servos ou escravos informais, o que também deixou seu legado no mercado de trabalho. [...]


7 As domésticas de hoje são majoritariamente afrodescendentes porque “justamente eram essas pessoas que ocupavam os postos de trabalho mais aviltados na saída da escravidão e na entrada da liberdade no pós-abolição”, afirmou ela à BBC Brasil.

A ideia de ter um servo na família era muito comum, mesmo entre quem não era rico e vivia nas regiões semiurbanas do século 19, segundo Ariza.


8 “A escravidão brasileira foi diversa, mas foi sobretudo uma escravidão de pequena posse. No Brasil, todo mundo tinha escravos. Quando as pessoas tinham dinheiro, elas compravam escravos com muita frequência.”


9 Ariza acredita que o Brasil do século 21 herdou do passado colonial, imperial e escravista uma “profunda desigualdade na sociedade que não foi resolvida” e “um racismo estrutural”. Essas duas coisas combinadas nos levam a um quadro contemporâneo que usa racionalmente o trabalho doméstico porque ele é mal remunerado e, até recentemente, não tinha quaisquer direitos reconhecidos”, resume. [...]


10 “Apesar dos esforços dos governos recentes em trazer essas empregadas para a formalidade, o que se vê hoje é o aumento da informalidade”, pondera o professor e doutor em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Eduardo Coutinho da Costa. [...]


11 “Já que o trabalho formal é um meio de ascensão, as oportunidades nesse âmbito foram administradas por um viés racial, no qual negros foram encaminhados aos postos inferiores, mais precarizados, para que não evoluíssem economicamente”, diz Coutinho da Costa.


12 Em sua tese de mestrado na USP, o pesquisador americano David Evan Harris comparou a relação da sociedade com os trabalhadores domésticos no Brasil e nos Estados Unidos. Para ele, em ambos os países os empregados são explorados, apesar das diferenças culturais. No Brasil, diz Harris, predomina o discurso da proximidade afetiva, na qual a empregada é tratada “praticamente como se fosse alguém da família”. Já nos EUA, elas costumam ser terceirizadas e recrutadas via empresas de serviços de limpeza. Essa profissionalização daria o distanciamento necessário para que a “culpa” e o “constrangimento moral” das famílias americanas por causa da desigualdade social fossem mitigados.


Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-43120953. Acesso: 16 set. 2023. Com alterações

Sobre o vocábulo “empregados”, presente no 2 parágrafo, é correto considerar que se trata de uma palavra
Alternativas
Q2510487 Português
História do lixo

        No início dos tempos, os primeiros homens eram nômades, moravam em cavernas, sobreviviam da caça e pesca, vestiam-se de peles e formavam uma população minoritária na Terra. Quando a comida começava a ficar escassa, mudavam-se para outra região, e seus resíduos, deixados no meio ambiente, eram logo decompostos pela ação do tempo.

        À medida que foram se civilizando, os seres humanos passaram a produzir objetos para promover seu conforto, como vasilhames de cerâmica, instrumentos para o plantio e roupas mais apropriadas. Também desenvolveram hábitos como a construção de moradias, criação de animais, cultivo de alimentos e fixação permanente em um local. A produção de lixo consequentemente aumentou, mas ainda não constituía um problema mundial.

        Naturalmente, a população humana aumentou, e com a revolução industrial, a geração de lixo teve um grande impulso. A partir da segunda metade do século XX, a humanidade começou a se preocupar com o planeta onde vive. Fatos como o buraco na camada de ozônio e o aquecimento global da Terra despertaram a população mundial para os problemas ambientais.

        Até a metade do século, a composição do lixo era predominantemente de matéria orgânica, restos de comida. Com o avanço da tecnologia, materiais como plásticos, isopores, pilhas, baterias de celular e lâmpadas tornaram-se cada vez mais comuns na coleta. Há 50 anos, os bebês usavam fraldas de pano, tomavam sopa feita em casa e bebiam leite em garrafas reutilizáveis. Hoje, bebês usam fraldas descartáveis, tomam sopa em potinhos descartáveis e bebem leite em embalagens Tetrapak. Ao final de uma semana de vida, o lixo que produzem equivale, em volume, a quatro vezes o seu tamanho.

        Um dos maiores problemas do lixo é que muitas pessoas pensam que basta jogá-lo na lata e o problema da sujeira estará resolvido. Nada disso. O problema só começa aí.

    (Universidade Federal de Minas Gerais. “História do Lixo”. Adaptado)
Assinalar a alternativa em que todas as palavras foram escritas CORRETAMENTE.
Alternativas
Q2510430 Português
Um Brasil de cidades
Por Washington Fajardo


    Em 2024, empurraremos a pedra da esperança para cima da montanha da realidade, como Sísifos urbanos, votando novamente em prefeitos. A escolha das lideranças locais deveria ser a forma mais exitosa da democracia representativa, pela proximidade entre cidadão e político, mas comumente converte-se em frustração com duração de quatro anos. O Brasil é um país de cidades, com gigantesco contingente humano dentro da urbanização, vivendo dilemas que futuros prefeitos precisarão saber manejar e equacionar. O Censo evidenciou a consolidação da interiorização do país, cuja nova geografia aponta risco de redução da complexidade econômica justamente pela eficiência das commodities extrativistas-exportadoras, incapazes, entretanto, de impulsionar o mercado de trabalho “metropolinizado” e envelhecido.

    Os brasileiros vivem em conurbações, deslocando-se entre municípios altamente assimétricos, desesperados por serviços públicos de qualidade, buscando oportunidades não em utópicas cidades de 15 minutos, mas em manchas urbanas com no mínimo duas horas de viagem, lidando há décadas com violência e medo. Apesar dessa conjuntura labiríntica, votamos em prefeitos que conseguem atuar em partes do problema, em governadores que não organizam as metrópoles e em presidentes que têm agendas de macroescala. Quem está de fato cuidando do chão onde o povo mais urbanizado do planeta vive?

     A União vem ganhando nas últimas décadas um perigoso perfil moralista de exclusivo garantidor da cidadania, como formulador, financiador e implementador de programas e projetos, retroalimentando infatigavelmente a polarização política. Os governos estaduais são medíocres em viabilizar a integração da mobilidade metropolitana e em expandir a oferta de transporte de alta capacidade, o básico rudimentar. A insegurança brutal mostra que o escopo de trabalho dos governadores precisa ser logo revisado. Melhor seria elegermos síndicos de metrópoles. Sobram, então, na base, os prefeitos que, se não tiverem visão estratégica, serão apenas tarefeiros de programas federais. Ou bajuladores de governadores inúteis.

    Os fundamentos da Nova Democracia vieram das cidades e das lutas urbanas em polinização cruzada, formando uma união pelas partes. A genialidade do Estatuto da Cidade residia no fato de ter conseguido coletar experiências locais, vislumbradas na Reforma Urbana, sistematizadas e dando-lhes relevância de política pública nacional, funcionando como metodologias que outras cidades poderiam então acessar. O desenho municipalista da nossa Constituição, exagerado até, não viabilizou em 35 anos cidades melhores. Precisamos urgentemente de resultados para o desenvolvimento urbano brasileiro semelhantes aos do Plano Real e do Bolsa Família.

     Isso ocorre porque Brasília seduz e exerce um controle exagerado. O Planalto Central agressivamente amplia a tutela sobre a vida nacional, atuando de cima para baixo na forja de soluções locais, mas com rarefeita eficácia. Assim tem sido no subsídio da moradia popular racionalista e positivista, no apoio ao rodoviarismo anacrônico, no saneamento vacilante, no silêncio avassalador sobre o financiamento do transporte público. Brasília joga em todas as posições quando deveria ser um técnico orientando jogadores, observando como o jogo se desenvolve, cobrando resultados, dando broncas, valendo-se de métricas, indicadores e premiações, mas não entrando em campo, como faz com frequência.

    O resultado é uma redução drástica das inovações nas cidades, ao contrário do processo que deu origem aos alicerces institucionais da gestão urbana do Brasil contemporâneo. O colossal desafio de ressignificação, revitalização e repovoamento dos centros das cidades brasileiras, uma enxaqueca para prefeitos, nem sequer é percebido como relevante pelo governo federal. Nesse quadro, os prefeitos precisam saber cocriar soluções com os cidadãos, responder efetivamente à desigualdade, à crise climática e ao ocaso da infraestrutura e da habitação, compreender e não temer o urbanismo, meio pelo qual se pode melhorar a qualidade de vida. E, aos eleitores, cabe votar na ousadia, para que nossas cidades possam ser de novo, um dia, as fontes de inspiração das políticas nacionais, e não o contrário.

*Washington Fajardo é arquiteto e urbanista

Disponível em: https://oglobo.globo.com. [Adaptado]
Para compreender a primeira afirmativa do texto, o leitor precisa, prioritariamente, 
Alternativas
Respostas
146: A
147: C
148: D
149: A
150: C