Leia o texto, para responder à questão.
Com tanta coisa acontecendo no mundo, deve ser
molez a arranjar assunto fresquinho para escrever. Foi o que
me disseram outro dia, e me flagrei pensando: quem dera.
Recebemos uma overdose de informação, mas isso
não significa que os acontecimentos sejam surpreendentes a ponto de fazer a festa dos colunistas. É leite tirado de
pedra diariamente. Como ser original quando tudo se repete
e repete e repete?
O Brasil inteiro está comentando a lista de convocados
pelo técnico, uns o criticando, outros o absolvendo, e daqui
a pouco uma nova Copa começará em que a nossa seleção
terá boa chance de vencer, e alguma de perder. Já não passamos por isso antes, igualzinho?
Questões envolvendo a extradição de um criminoso,
ataques sangrentos em alguns países, crise nas Bolsas de
Valores, barreiras comerciais afetando a relação entre países, alerta para chuva forte, violência nas estradas. Mais do
mesmo.
Atos insanos surgem aqui e ali, nos escandalizando por
alguns dias, fazendo com que discutamos sobre mentes
d oentias e a necessidade que tantos têm de espetacularizar
a própria história, e então, passado o susto, viramos a página.
Crises econômicas, conflitos religiosos, garotos matando
colegas de aula, casamentos e separações de celebridades,
denúncias de corrupção, tendências da moda outono-inverno,
últimos capítulos de novela. O que ainda suspende a nossa
respiração? O que é que ainda falta dizer? O que ainda nos
deixa perplexos? Como ofertar um pouco de originalidade ao
leitor? Que pretensão.
É só um desabafo: hoje os absurdos se sucedem em
e scala industrial e os fatos novos são como mariposas, nascem e morrem no mesmo dia. Por essas e outras, persevero
no trivial, que, contrariando sua natureza, passou a ser o inusitado da vida.
(Martha Medeiros, Feliz por nada. Adaptado)