Questões de Concurso Comentadas sobre português

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Q2160060 Português

Leia atentamente o texto a seguir para responder à questão.


Se for para ter horário de verão, que seja permanente 




(Marcelo Leite. Jornalista de ciência e ambiente, autor de “Psiconautas - Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira”. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2023/03/se-for-parater-horario-de-verao-que-seja-permanente.shtml.)

Assinale a alternativa em que a palavra indicada, no texto, não exerça papel adverbial. 
Alternativas
Q2160058 Português

Leia atentamente o texto a seguir para responder à questão.


Se for para ter horário de verão, que seja permanente 




(Marcelo Leite. Jornalista de ciência e ambiente, autor de “Psiconautas - Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira”. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/2023/03/se-for-parater-horario-de-verao-que-seja-permanente.shtml.)

Ocorre que não há só estatísticas epidemiológicas, mas também as saídas de pesquisas de opinião pública. (L.29-30)
Assinale a alternativa em que, alterando-se o segmento sublinhado no período acima, manteve-se a correção gramatical. Não leve em conta possíveis alterações de sentido.
Alternativas
Q2160014 Português
Há ERRO de regência em: 
Alternativas
Q2160011 Português
Considerando-se o emprego dos sinais de pontuação, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(_) Comissário você esqueceu o relatório em cima da mesa. (_) Marcos, o responsável pela comissão, viajou na segunda.
Alternativas
Q2160009 Português
    Os terremotos ou abalos sísmicos ocorrem ____ bilhões de anos. Eles são vibrações que acontecem a todo momento na crosta terrestre, causadas pelo movimento das placas tectônicas. Todos os dias ocorrem milhares de pequenos terremotos que as pessoas não percebem. Quando essas vibrações são mais intensas, podem provocar transformações nas paisagens, grande destruição e, em áreas muito habitadas, a morte de muitas pessoas e muitos seres vivos.
    Um forte terremoto na crosta oceânica pode levar ao deslocamento de uma enorme massa de água do oceano, gerando um tsunami — onda gigantesca, de grandes proporções, que pode ser catastrófica ao invadir áreas ocupadas pelas pessoas, causando destruição de construções e vitimando a população dessas áreas.
    Os abalos sísmicos são registrados por equipamentos conhecidos como sismógrafos. Graças a esses equipamentos, e com base em estudos sobre os movimentos das placas tectônicas, é possível estimar onde existe maior risco de terremotos e buscar __________ a população contra possíveis tragédias.
     Os terremotos podem causar destruição de diversas maneiras. As ameaças primárias são as rupturas do chão, que __________ quando as falhas se rompem, a permanente subsidência e o soerguimento da superfície terrestre, causados pelo falhamento, e o tremor de terra, originado pelas ondas sísmicas irradiadas durante a ruptura.
      As vibrações do solo podem sacudir tanto as estruturas que elas chegam a colapsar.
    As acelerações do terreno próximas ao epicentro de um grande terremoto podem se aproximar ou até exceder a aceleração da gravidade, de modo que um objeto em repouso na superfície pode literalmente ser arremessado ao ar.
    Poucas estruturas construídas pelo homem podem suportar um tremor tão intenso, e aquelas que o conseguem são seriamente danificadas. O colapso de prédios e de outras estruturas é a principal causa de danos econômicos e perdas humanas durante os terremotos [...].
     Os terremotos frequentemente ocorrem como reações em cadeia. Os efeitos primários do falhamento e do tremor de terra geram perigos secundários, como desmoronamentos, deslizamentos de terra e outras formas de avarias no chão. Quando as ondas sísmicas sacodem intensamente os solos saturados em água, eles comportamse como líquidos e podem tornar-se instáveis. O chão simplesmente flui, levando prédios, pontes e qualquer outra coisa consigo.
(Fonte: Livro Araribá Mais: Geografia. 1 - adaptado.)
As palavras “frequentemente”, “intensamente” e “simplesmente”, utilizadas no último parágrafo do texto, são classificadas como:
Alternativas
Q2159926 Português
 Há um ERRO de regência em: 
Alternativas
Q2159925 Português
Assinalar a alternativa que substitui as palavras sublinhadas na sentença abaixo sem que elas percam seu sentido:
“As peripécias que aquelas crianças faziam eram impensáveis.”
Alternativas
Q2159921 Português
Água

    Em janeiro de 1997, entrou em vigor a Lei nº 9.433/1997, também conhecida como Lei das Águas. O instrumento legal instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Segundo a Lei das Águas, a Política Nacional de Recursos Hídricos tem seis fundamentos. A água é considerada um bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de valor ____________.
    A Lei prevê que a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar os usos múltiplos das águas, de forma descentralizada e participativa, contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Também determina que, em situações de escassez, o uso prioritário da água é para o consumo humano e para a dessedentação de animais. Outro fundamento é o de que a bacia hidrográfica é a unidade de atuação do SINGREH e de implementação da PNRH.
    O segundo artigo da Lei explicita os objetivos da PNRH: assegurar a disponibilidade de água de qualidade às gerações presentes e futuras, promover uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos (chuvas, secas e enchentes), sejam eles naturais ou decorrentes do mau uso dos recursos naturais.
    O território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Ao todo, são 200 mil ___________ espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como as bacias do São Francisco, do Paraná e a Amazônica (a mais extensa do mundo, sendo 60% dela localizada no Brasil). É um enorme potencial hídrico, capaz de prover um volume de água por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 1.700 m³/s por habitante por ano.
    Apesar da abundância, os recursos hídricos brasileiros não são inesgotáveis. O acesso à água não é igual para todos. As características geográficas de cada região e as mudanças de __________ dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do ano, afetam a distribuição.

(Fonte: Antigo Ministério do Meio Ambiente - adaptado.)
Em “o uso prioritário da água é para o consumo humano e para a dessedentação de animais.”, a palavra sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo de sentido, por:
Alternativas
Q2159920 Português
Água

    Em janeiro de 1997, entrou em vigor a Lei nº 9.433/1997, também conhecida como Lei das Águas. O instrumento legal instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Segundo a Lei das Águas, a Política Nacional de Recursos Hídricos tem seis fundamentos. A água é considerada um bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de valor ____________.
    A Lei prevê que a gestão dos recursos hídricos deve proporcionar os usos múltiplos das águas, de forma descentralizada e participativa, contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades. Também determina que, em situações de escassez, o uso prioritário da água é para o consumo humano e para a dessedentação de animais. Outro fundamento é o de que a bacia hidrográfica é a unidade de atuação do SINGREH e de implementação da PNRH.
    O segundo artigo da Lei explicita os objetivos da PNRH: assegurar a disponibilidade de água de qualidade às gerações presentes e futuras, promover uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos (chuvas, secas e enchentes), sejam eles naturais ou decorrentes do mau uso dos recursos naturais.
    O território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Ao todo, são 200 mil ___________ espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como as bacias do São Francisco, do Paraná e a Amazônica (a mais extensa do mundo, sendo 60% dela localizada no Brasil). É um enorme potencial hídrico, capaz de prover um volume de água por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 1.700 m³/s por habitante por ano.
    Apesar da abundância, os recursos hídricos brasileiros não são inesgotáveis. O acesso à água não é igual para todos. As características geográficas de cada região e as mudanças de __________ dos rios, que ocorrem devido às variações climáticas ao longo do ano, afetam a distribuição.

(Fonte: Antigo Ministério do Meio Ambiente - adaptado.)
Assinalar a alternativa que preenche as lacunas do texto CORRETAMENTE:
Alternativas
Q2159487 Português
BASTA DE TANTA RAIVA

Não é fácil controlar a irritação profunda, mas uma nova leva de recursos tecnológicos está ajudando a reduzir a frequência e a intensidade das explosões
Diego Alejandro

    SENTIR RAIVA é uma situação comum. Quem vive em uma grande cidade, corre contra prazos no trabalho e se equilibra para cuidar dos filhos e pagar as contas dificilmente passa dias sem experimentar momentos de irritação profunda. Os motivos variam de gravidade. Pode ser o trânsito parado, o eletrodoméstico que quebrou – e ninguém consertou –, ou a perda de um relatório completo porque o computador pifou. Dependendo do dia, uma faísca dessas pode ser o estopim para explosões memoráveis.
    Elas fazem parte das manifestações emocionais de todos nós, e estranho seria nunca as ter apresentado. A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos levam a reagir contra circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios. “Ela é um dos sentimentos mais relevantes do ser humano”, diz o psiquiatra Eduardo Martinho Jr., da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O problema está na medida. Quando vai além do que seria esperado tanto em intensidade quanto em frequência, tem-se uma grande questão a ser resolvida.
   Entende-se por episódios fora de controle aqueles que prejudicam a vida social, afetiva e profissional. Até recentemente, a única forma de enfrentá-los era a terapia presencial e medicações quando necessárias. O avanço das ferramentas digitais, contudo, mudou o cenário radicalmente. Sessões on-line, aplicativos e recursos de realidade virtual estão tornando o tratamento mais acessível e eficaz, para a alegria dos pacientes e de quem está ao redor.
      Não é, enfim, nada fácil conviver com pessoas irascíveis. A pandemia impulsionou o uso desses atalhos eletrônicos. A impossibilidade de realizar sessões de terapia presencialmente, por exemplo, aumentou sua migração para o mundo digital. No início, temia-se que a modalidade não fosse tão eficiente, mas as evidências revelam o contrário. Um trabalho que acaba de ser publicado por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, mostra que terapias rápidas, de um mês apenas, feitas pela internet, ajudam no controle da raiva desadaptativa, caracterizada por comportamentos não condizentes com as situações e que acabam por prejudicar o paciente. A investigação comparou dois métodos: um deles tem por objetivo aumentar a capacidade do indivíduo de perceber e aceitar os próprios sentimentos sem julgá-los ou agir sobre eles, e outro auxilia na reinterpretação de pensamentos e situações, identificando caminhos alternativos às explosões. Quando ambas as técnicas foram aplicadas, os participantes saíram-se melhor.
      Nos Estados Unidos, a tecnologia ajudou na criação, pelo U.S. Departament of Veterans Affairs, de um programa para smartwatches, capaz de captar sinais fisiológicos de que ataques de raiva estão a caminho, oferecer intervenções autoguiadas curtas de respiração profunda e relaxamento muscular e de entrar em contato com o terapeuta do usuário. Na Coreia do Sul, pesquisadores da Universidade de Yonsei provaram a eficiência da realidade virtual a partir de uma experiência com sessenta jovens. Os pacientes foram expostos a ambientes projetados para provocar raiva. Assim, houve um modo de treiná-los no universo virtual para saber como reagiriam em situações reais. Funcionou.
       No Brasil, o manejo da raiva é incipiente. Existe um centro – na Psiquiatria da USP – para atender pacientes com transtorno explosivo intermitente, definido por crises que se tornam intensas e acontecem pelo menos duas vezes por semana ao longo de três meses. Contudo, também lá houve a constatação de que a terapia virtual, adotada na pandemia, funciona. “O maior ganho é a ampliação do acesso ao tratamento, inclusive para pessoas de outros estados”, diz a psicóloga Carolina Bernardo. Em 2020, ela e outros profissionais do serviço lançaram o livro Como Lidar com a Raiva e o Transtorno Explosivo Intermitente: Guia Prático para Pacientes, Familiares e Profissionais da Saúde, o primeiro do tipo no Brasil e à venda na Amazon. O futuro do gerenciamento de emoções promete outras novidades animadoras e relaxantes também. Um conselho: segure a onda, e calma.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 62-63)
As vírgulas foram usadas com a mesma função: separar os adjuntos adverbiais intercalados ou invertidos, EXCETO em:
Alternativas
Q2159485 Português
BASTA DE TANTA RAIVA

Não é fácil controlar a irritação profunda, mas uma nova leva de recursos tecnológicos está ajudando a reduzir a frequência e a intensidade das explosões
Diego Alejandro

    SENTIR RAIVA é uma situação comum. Quem vive em uma grande cidade, corre contra prazos no trabalho e se equilibra para cuidar dos filhos e pagar as contas dificilmente passa dias sem experimentar momentos de irritação profunda. Os motivos variam de gravidade. Pode ser o trânsito parado, o eletrodoméstico que quebrou – e ninguém consertou –, ou a perda de um relatório completo porque o computador pifou. Dependendo do dia, uma faísca dessas pode ser o estopim para explosões memoráveis.
    Elas fazem parte das manifestações emocionais de todos nós, e estranho seria nunca as ter apresentado. A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos levam a reagir contra circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios. “Ela é um dos sentimentos mais relevantes do ser humano”, diz o psiquiatra Eduardo Martinho Jr., da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O problema está na medida. Quando vai além do que seria esperado tanto em intensidade quanto em frequência, tem-se uma grande questão a ser resolvida.
   Entende-se por episódios fora de controle aqueles que prejudicam a vida social, afetiva e profissional. Até recentemente, a única forma de enfrentá-los era a terapia presencial e medicações quando necessárias. O avanço das ferramentas digitais, contudo, mudou o cenário radicalmente. Sessões on-line, aplicativos e recursos de realidade virtual estão tornando o tratamento mais acessível e eficaz, para a alegria dos pacientes e de quem está ao redor.
      Não é, enfim, nada fácil conviver com pessoas irascíveis. A pandemia impulsionou o uso desses atalhos eletrônicos. A impossibilidade de realizar sessões de terapia presencialmente, por exemplo, aumentou sua migração para o mundo digital. No início, temia-se que a modalidade não fosse tão eficiente, mas as evidências revelam o contrário. Um trabalho que acaba de ser publicado por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, mostra que terapias rápidas, de um mês apenas, feitas pela internet, ajudam no controle da raiva desadaptativa, caracterizada por comportamentos não condizentes com as situações e que acabam por prejudicar o paciente. A investigação comparou dois métodos: um deles tem por objetivo aumentar a capacidade do indivíduo de perceber e aceitar os próprios sentimentos sem julgá-los ou agir sobre eles, e outro auxilia na reinterpretação de pensamentos e situações, identificando caminhos alternativos às explosões. Quando ambas as técnicas foram aplicadas, os participantes saíram-se melhor.
      Nos Estados Unidos, a tecnologia ajudou na criação, pelo U.S. Departament of Veterans Affairs, de um programa para smartwatches, capaz de captar sinais fisiológicos de que ataques de raiva estão a caminho, oferecer intervenções autoguiadas curtas de respiração profunda e relaxamento muscular e de entrar em contato com o terapeuta do usuário. Na Coreia do Sul, pesquisadores da Universidade de Yonsei provaram a eficiência da realidade virtual a partir de uma experiência com sessenta jovens. Os pacientes foram expostos a ambientes projetados para provocar raiva. Assim, houve um modo de treiná-los no universo virtual para saber como reagiriam em situações reais. Funcionou.
       No Brasil, o manejo da raiva é incipiente. Existe um centro – na Psiquiatria da USP – para atender pacientes com transtorno explosivo intermitente, definido por crises que se tornam intensas e acontecem pelo menos duas vezes por semana ao longo de três meses. Contudo, também lá houve a constatação de que a terapia virtual, adotada na pandemia, funciona. “O maior ganho é a ampliação do acesso ao tratamento, inclusive para pessoas de outros estados”, diz a psicóloga Carolina Bernardo. Em 2020, ela e outros profissionais do serviço lançaram o livro Como Lidar com a Raiva e o Transtorno Explosivo Intermitente: Guia Prático para Pacientes, Familiares e Profissionais da Saúde, o primeiro do tipo no Brasil e à venda na Amazon. O futuro do gerenciamento de emoções promete outras novidades animadoras e relaxantes também. Um conselho: segure a onda, e calma.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 62-63)
Em: “A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos levam a reagir contra circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios.”, o termo em destaque exemplifica o seguinte processo de formação de palavras:
Alternativas
Q2159484 Português
BASTA DE TANTA RAIVA

Não é fácil controlar a irritação profunda, mas uma nova leva de recursos tecnológicos está ajudando a reduzir a frequência e a intensidade das explosões
Diego Alejandro

    SENTIR RAIVA é uma situação comum. Quem vive em uma grande cidade, corre contra prazos no trabalho e se equilibra para cuidar dos filhos e pagar as contas dificilmente passa dias sem experimentar momentos de irritação profunda. Os motivos variam de gravidade. Pode ser o trânsito parado, o eletrodoméstico que quebrou – e ninguém consertou –, ou a perda de um relatório completo porque o computador pifou. Dependendo do dia, uma faísca dessas pode ser o estopim para explosões memoráveis.
    Elas fazem parte das manifestações emocionais de todos nós, e estranho seria nunca as ter apresentado. A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos levam a reagir contra circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios. “Ela é um dos sentimentos mais relevantes do ser humano”, diz o psiquiatra Eduardo Martinho Jr., da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O problema está na medida. Quando vai além do que seria esperado tanto em intensidade quanto em frequência, tem-se uma grande questão a ser resolvida.
   Entende-se por episódios fora de controle aqueles que prejudicam a vida social, afetiva e profissional. Até recentemente, a única forma de enfrentá-los era a terapia presencial e medicações quando necessárias. O avanço das ferramentas digitais, contudo, mudou o cenário radicalmente. Sessões on-line, aplicativos e recursos de realidade virtual estão tornando o tratamento mais acessível e eficaz, para a alegria dos pacientes e de quem está ao redor.
      Não é, enfim, nada fácil conviver com pessoas irascíveis. A pandemia impulsionou o uso desses atalhos eletrônicos. A impossibilidade de realizar sessões de terapia presencialmente, por exemplo, aumentou sua migração para o mundo digital. No início, temia-se que a modalidade não fosse tão eficiente, mas as evidências revelam o contrário. Um trabalho que acaba de ser publicado por pesquisadores do Karolinska Institutet, na Suécia, mostra que terapias rápidas, de um mês apenas, feitas pela internet, ajudam no controle da raiva desadaptativa, caracterizada por comportamentos não condizentes com as situações e que acabam por prejudicar o paciente. A investigação comparou dois métodos: um deles tem por objetivo aumentar a capacidade do indivíduo de perceber e aceitar os próprios sentimentos sem julgá-los ou agir sobre eles, e outro auxilia na reinterpretação de pensamentos e situações, identificando caminhos alternativos às explosões. Quando ambas as técnicas foram aplicadas, os participantes saíram-se melhor.
      Nos Estados Unidos, a tecnologia ajudou na criação, pelo U.S. Departament of Veterans Affairs, de um programa para smartwatches, capaz de captar sinais fisiológicos de que ataques de raiva estão a caminho, oferecer intervenções autoguiadas curtas de respiração profunda e relaxamento muscular e de entrar em contato com o terapeuta do usuário. Na Coreia do Sul, pesquisadores da Universidade de Yonsei provaram a eficiência da realidade virtual a partir de uma experiência com sessenta jovens. Os pacientes foram expostos a ambientes projetados para provocar raiva. Assim, houve um modo de treiná-los no universo virtual para saber como reagiriam em situações reais. Funcionou.
       No Brasil, o manejo da raiva é incipiente. Existe um centro – na Psiquiatria da USP – para atender pacientes com transtorno explosivo intermitente, definido por crises que se tornam intensas e acontecem pelo menos duas vezes por semana ao longo de três meses. Contudo, também lá houve a constatação de que a terapia virtual, adotada na pandemia, funciona. “O maior ganho é a ampliação do acesso ao tratamento, inclusive para pessoas de outros estados”, diz a psicóloga Carolina Bernardo. Em 2020, ela e outros profissionais do serviço lançaram o livro Como Lidar com a Raiva e o Transtorno Explosivo Intermitente: Guia Prático para Pacientes, Familiares e Profissionais da Saúde, o primeiro do tipo no Brasil e à venda na Amazon. O futuro do gerenciamento de emoções promete outras novidades animadoras e relaxantes também. Um conselho: segure a onda, e calma.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 62-63)
Analise a posição do pronome oblíquo átono destacado nas seguintes frases:
1- Elas fazem parte das manifestações emocionais de todos nós, e estranho seria nunca as ter apresentado.
2- A raiva, goste-se ou não, é um dos motores que nos levam a reagir contra circunstâncias que causam desconforto ou agridem princípios.
3- Quem vive em uma grande cidade, corre contra prazos no trabalho e se equilibra para cuidar dos filhos e pagar as contas dificilmente passa dias sem experimentar momentos de irritação profunda.
4- Até recentemente, a única forma de enfrentá-los era a terapia presencial e medicações quando necessárias.
5- Quando vai além do que seria esperado tanto em intensidade quanto em frequência, tem-se uma grande questão a ser resolvida.
A posição do pronome oblíquo átono é facultativa em:
Alternativas
Q2159374 Português
TEXTO

FALE COM ESTRANHOS
Duda Monteiro de Barros

   No mundo menor e mais falante de antigamente, puxar conversa com estranhos era praticamente uma obrigação e passar uma corrida de táxi inteira sem dirigir uma palavra ao motorista pregava no passageiro a pecha de mal-educado. Aos poucos, no entanto, o desconhecido foi ficando distante, desinteressante e até ameaçador, situação expressa na rima “stranger danger” (estranhos representam perigo), inculcada na cabeça das crianças nos Estados Unidos através de livros, filmes e conselhos de pais e professores. O normal agora é o silêncio imperar, estimulado pelo atrativo da tela do smartphone, nas filas, nos elevadores, nas salas de espera e no transporte público, um comportamento que o enclausuramento das pessoas durante a pandemia contribuiu para enraizar, ao encolher as habilidades sociais.
   Hoje em dia, travar contato com alguém fora do círculo de amizades e do ambiente de trabalho é uma aventura que poucos estão dispostos a enfrentar – isso não é bom. “Conversar com desconhecidos pode ensinar coisas novas, fazer de você um cidadão melhor, um pensador melhor e uma pessoa melhor”, ensina o jornalista americano Joe Keohane, autor de “O Poder dos Estranhos”, uma ampla pesquisa sobre “os benefícios de se conectar em um mundo desconfiado”.
   Segundo Keohane, criar vínculos, ainda que passageiros, com desconhecidos faz o indivíduo furar a bolha de convívio usual e deparar com ideias e realidades distintas das que está acostumado. A designer carioca Júlia Sampaio, 34 anos, confessa que nunca foi do tipo que puxa assunto na fila do banco, mas aprendeu, aos poucos, que conversar com anônimos pode facilitar a vida e tornar situações muito mais prazerosas. “Adoro viajar sozinha e descobri que travar amizade com outras pessoas dá um upgrade na experiência. Fiz amigos que mantenho até hoje e sempre tento me aproximar de quem vejo que também está só”, diz Júlia. “O contato com o diferente sempre foi primordial para o desenvolvimento das culturas e sociedades. Quando você dialoga com o outro, torna-se mais empático e tolerante”, confirma o antropólogo Bernardo Conde, professor da PUC-Rio.
    Essas conexões casuais, chamadas de “laços fracos”, têm a capacidade de diminuir o sentimento de solidão e melhorar o humor tanto de quem aborda quanto de quem é abordado. Isso porque neurotransmissores com funções ligadas à sensação de liberdade, como dopamina, serotonina e ocitocina, são liberados quando o ser humano se relaciona socialmente. “A porção frontal do nosso cérebro só foi capaz de evoluir por causa das interações interpessoais”, explica a neurocientista Cláudia Feitosa Santana.
     Além de agradáveis, os papos com estranhos podem ser úteis. O comissário de bordo baiano Mário Lourenço, 23 anos, lembra com nostalgia do dia em que se envolveu em um papo com um concorrente na fila de uma entrevista de emprego internacional e trocaram contatos. O outro candidato foi aprovado e Lourenço não, mas não deixaram de se comunicar. “No ano seguinte, fui selecionado pela mesma empresa e me mudei para Dubai, onde o colega estava morando. Ele foi me receber e me mostrou a cidade. Teria me sentido perdido e sozinho sem isso”, afirma Lourenço.
    Não se trata de forçar conversa e invadir o espaço alheio – é indispensável que o outro se mostre aberto ao contato. Uma dica para entabular uma interação do tipo que começa e acaba na espera para embarcar no avião é iniciar com assuntos triviais e a partir daí buscar interesses em comum. Boa notícia: a reação mais comum é a reciprocidade, como mostra um experimento realizado pelos cientistas comportamentais Nicholas Epley e Juliana Schroeder, da Universidade de Chicago. Eles reuniram um grupo de pessoas e pediram que elas quebrassem a norma social do silêncio em ônibus e salas de espera. Os participantes foram a campo com certo receio de ser rejeitados, mas o resultado foi o exato oposto: a maioria constatou que os estranhos foram receptivos, curiosos e agradáveis. A conclusão dos especialistas foi que existe um “profundo mal-entendido nas relações sociais”. Desfazê-lo passa por respirar fundo, abrir um sorriso e fazer um comentário agradável para a pessoa sentada ao lado no metrô. Se ela responder, a viagem provavelmente vai passar mais rápido. Estranhos, afinal, não são sinônimos de perigo.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/comportamento/por-que-conversar-com-estranhos-pode-melhorar-o-bem-estar/ Acesso em: 16 fev. 2023 (Adaptado)
As vírgulas foram usadas com a mesma função: separar o adjunto adverbial, EXCETO em:
Alternativas
Q2159373 Português
TEXTO

FALE COM ESTRANHOS
Duda Monteiro de Barros

   No mundo menor e mais falante de antigamente, puxar conversa com estranhos era praticamente uma obrigação e passar uma corrida de táxi inteira sem dirigir uma palavra ao motorista pregava no passageiro a pecha de mal-educado. Aos poucos, no entanto, o desconhecido foi ficando distante, desinteressante e até ameaçador, situação expressa na rima “stranger danger” (estranhos representam perigo), inculcada na cabeça das crianças nos Estados Unidos através de livros, filmes e conselhos de pais e professores. O normal agora é o silêncio imperar, estimulado pelo atrativo da tela do smartphone, nas filas, nos elevadores, nas salas de espera e no transporte público, um comportamento que o enclausuramento das pessoas durante a pandemia contribuiu para enraizar, ao encolher as habilidades sociais.
   Hoje em dia, travar contato com alguém fora do círculo de amizades e do ambiente de trabalho é uma aventura que poucos estão dispostos a enfrentar – isso não é bom. “Conversar com desconhecidos pode ensinar coisas novas, fazer de você um cidadão melhor, um pensador melhor e uma pessoa melhor”, ensina o jornalista americano Joe Keohane, autor de “O Poder dos Estranhos”, uma ampla pesquisa sobre “os benefícios de se conectar em um mundo desconfiado”.
   Segundo Keohane, criar vínculos, ainda que passageiros, com desconhecidos faz o indivíduo furar a bolha de convívio usual e deparar com ideias e realidades distintas das que está acostumado. A designer carioca Júlia Sampaio, 34 anos, confessa que nunca foi do tipo que puxa assunto na fila do banco, mas aprendeu, aos poucos, que conversar com anônimos pode facilitar a vida e tornar situações muito mais prazerosas. “Adoro viajar sozinha e descobri que travar amizade com outras pessoas dá um upgrade na experiência. Fiz amigos que mantenho até hoje e sempre tento me aproximar de quem vejo que também está só”, diz Júlia. “O contato com o diferente sempre foi primordial para o desenvolvimento das culturas e sociedades. Quando você dialoga com o outro, torna-se mais empático e tolerante”, confirma o antropólogo Bernardo Conde, professor da PUC-Rio.
    Essas conexões casuais, chamadas de “laços fracos”, têm a capacidade de diminuir o sentimento de solidão e melhorar o humor tanto de quem aborda quanto de quem é abordado. Isso porque neurotransmissores com funções ligadas à sensação de liberdade, como dopamina, serotonina e ocitocina, são liberados quando o ser humano se relaciona socialmente. “A porção frontal do nosso cérebro só foi capaz de evoluir por causa das interações interpessoais”, explica a neurocientista Cláudia Feitosa Santana.
     Além de agradáveis, os papos com estranhos podem ser úteis. O comissário de bordo baiano Mário Lourenço, 23 anos, lembra com nostalgia do dia em que se envolveu em um papo com um concorrente na fila de uma entrevista de emprego internacional e trocaram contatos. O outro candidato foi aprovado e Lourenço não, mas não deixaram de se comunicar. “No ano seguinte, fui selecionado pela mesma empresa e me mudei para Dubai, onde o colega estava morando. Ele foi me receber e me mostrou a cidade. Teria me sentido perdido e sozinho sem isso”, afirma Lourenço.
    Não se trata de forçar conversa e invadir o espaço alheio – é indispensável que o outro se mostre aberto ao contato. Uma dica para entabular uma interação do tipo que começa e acaba na espera para embarcar no avião é iniciar com assuntos triviais e a partir daí buscar interesses em comum. Boa notícia: a reação mais comum é a reciprocidade, como mostra um experimento realizado pelos cientistas comportamentais Nicholas Epley e Juliana Schroeder, da Universidade de Chicago. Eles reuniram um grupo de pessoas e pediram que elas quebrassem a norma social do silêncio em ônibus e salas de espera. Os participantes foram a campo com certo receio de ser rejeitados, mas o resultado foi o exato oposto: a maioria constatou que os estranhos foram receptivos, curiosos e agradáveis. A conclusão dos especialistas foi que existe um “profundo mal-entendido nas relações sociais”. Desfazê-lo passa por respirar fundo, abrir um sorriso e fazer um comentário agradável para a pessoa sentada ao lado no metrô. Se ela responder, a viagem provavelmente vai passar mais rápido. Estranhos, afinal, não são sinônimos de perigo.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/comportamento/por-que-conversar-com-estranhos-pode-melhorar-o-bem-estar/ Acesso em: 16 fev. 2023 (Adaptado)
A divisão silábica está correta, EXCETO em:
Alternativas
Q2159371 Português
TEXTO

FALE COM ESTRANHOS
Duda Monteiro de Barros

   No mundo menor e mais falante de antigamente, puxar conversa com estranhos era praticamente uma obrigação e passar uma corrida de táxi inteira sem dirigir uma palavra ao motorista pregava no passageiro a pecha de mal-educado. Aos poucos, no entanto, o desconhecido foi ficando distante, desinteressante e até ameaçador, situação expressa na rima “stranger danger” (estranhos representam perigo), inculcada na cabeça das crianças nos Estados Unidos através de livros, filmes e conselhos de pais e professores. O normal agora é o silêncio imperar, estimulado pelo atrativo da tela do smartphone, nas filas, nos elevadores, nas salas de espera e no transporte público, um comportamento que o enclausuramento das pessoas durante a pandemia contribuiu para enraizar, ao encolher as habilidades sociais.
   Hoje em dia, travar contato com alguém fora do círculo de amizades e do ambiente de trabalho é uma aventura que poucos estão dispostos a enfrentar – isso não é bom. “Conversar com desconhecidos pode ensinar coisas novas, fazer de você um cidadão melhor, um pensador melhor e uma pessoa melhor”, ensina o jornalista americano Joe Keohane, autor de “O Poder dos Estranhos”, uma ampla pesquisa sobre “os benefícios de se conectar em um mundo desconfiado”.
   Segundo Keohane, criar vínculos, ainda que passageiros, com desconhecidos faz o indivíduo furar a bolha de convívio usual e deparar com ideias e realidades distintas das que está acostumado. A designer carioca Júlia Sampaio, 34 anos, confessa que nunca foi do tipo que puxa assunto na fila do banco, mas aprendeu, aos poucos, que conversar com anônimos pode facilitar a vida e tornar situações muito mais prazerosas. “Adoro viajar sozinha e descobri que travar amizade com outras pessoas dá um upgrade na experiência. Fiz amigos que mantenho até hoje e sempre tento me aproximar de quem vejo que também está só”, diz Júlia. “O contato com o diferente sempre foi primordial para o desenvolvimento das culturas e sociedades. Quando você dialoga com o outro, torna-se mais empático e tolerante”, confirma o antropólogo Bernardo Conde, professor da PUC-Rio.
    Essas conexões casuais, chamadas de “laços fracos”, têm a capacidade de diminuir o sentimento de solidão e melhorar o humor tanto de quem aborda quanto de quem é abordado. Isso porque neurotransmissores com funções ligadas à sensação de liberdade, como dopamina, serotonina e ocitocina, são liberados quando o ser humano se relaciona socialmente. “A porção frontal do nosso cérebro só foi capaz de evoluir por causa das interações interpessoais”, explica a neurocientista Cláudia Feitosa Santana.
     Além de agradáveis, os papos com estranhos podem ser úteis. O comissário de bordo baiano Mário Lourenço, 23 anos, lembra com nostalgia do dia em que se envolveu em um papo com um concorrente na fila de uma entrevista de emprego internacional e trocaram contatos. O outro candidato foi aprovado e Lourenço não, mas não deixaram de se comunicar. “No ano seguinte, fui selecionado pela mesma empresa e me mudei para Dubai, onde o colega estava morando. Ele foi me receber e me mostrou a cidade. Teria me sentido perdido e sozinho sem isso”, afirma Lourenço.
    Não se trata de forçar conversa e invadir o espaço alheio – é indispensável que o outro se mostre aberto ao contato. Uma dica para entabular uma interação do tipo que começa e acaba na espera para embarcar no avião é iniciar com assuntos triviais e a partir daí buscar interesses em comum. Boa notícia: a reação mais comum é a reciprocidade, como mostra um experimento realizado pelos cientistas comportamentais Nicholas Epley e Juliana Schroeder, da Universidade de Chicago. Eles reuniram um grupo de pessoas e pediram que elas quebrassem a norma social do silêncio em ônibus e salas de espera. Os participantes foram a campo com certo receio de ser rejeitados, mas o resultado foi o exato oposto: a maioria constatou que os estranhos foram receptivos, curiosos e agradáveis. A conclusão dos especialistas foi que existe um “profundo mal-entendido nas relações sociais”. Desfazê-lo passa por respirar fundo, abrir um sorriso e fazer um comentário agradável para a pessoa sentada ao lado no metrô. Se ela responder, a viagem provavelmente vai passar mais rápido. Estranhos, afinal, não são sinônimos de perigo.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/comportamento/por-que-conversar-com-estranhos-pode-melhorar-o-bem-estar/ Acesso em: 16 fev. 2023 (Adaptado)
Há dígrafo em:
Alternativas
Q2159370 Português
TEXTO

FALE COM ESTRANHOS
Duda Monteiro de Barros

   No mundo menor e mais falante de antigamente, puxar conversa com estranhos era praticamente uma obrigação e passar uma corrida de táxi inteira sem dirigir uma palavra ao motorista pregava no passageiro a pecha de mal-educado. Aos poucos, no entanto, o desconhecido foi ficando distante, desinteressante e até ameaçador, situação expressa na rima “stranger danger” (estranhos representam perigo), inculcada na cabeça das crianças nos Estados Unidos através de livros, filmes e conselhos de pais e professores. O normal agora é o silêncio imperar, estimulado pelo atrativo da tela do smartphone, nas filas, nos elevadores, nas salas de espera e no transporte público, um comportamento que o enclausuramento das pessoas durante a pandemia contribuiu para enraizar, ao encolher as habilidades sociais.
   Hoje em dia, travar contato com alguém fora do círculo de amizades e do ambiente de trabalho é uma aventura que poucos estão dispostos a enfrentar – isso não é bom. “Conversar com desconhecidos pode ensinar coisas novas, fazer de você um cidadão melhor, um pensador melhor e uma pessoa melhor”, ensina o jornalista americano Joe Keohane, autor de “O Poder dos Estranhos”, uma ampla pesquisa sobre “os benefícios de se conectar em um mundo desconfiado”.
   Segundo Keohane, criar vínculos, ainda que passageiros, com desconhecidos faz o indivíduo furar a bolha de convívio usual e deparar com ideias e realidades distintas das que está acostumado. A designer carioca Júlia Sampaio, 34 anos, confessa que nunca foi do tipo que puxa assunto na fila do banco, mas aprendeu, aos poucos, que conversar com anônimos pode facilitar a vida e tornar situações muito mais prazerosas. “Adoro viajar sozinha e descobri que travar amizade com outras pessoas dá um upgrade na experiência. Fiz amigos que mantenho até hoje e sempre tento me aproximar de quem vejo que também está só”, diz Júlia. “O contato com o diferente sempre foi primordial para o desenvolvimento das culturas e sociedades. Quando você dialoga com o outro, torna-se mais empático e tolerante”, confirma o antropólogo Bernardo Conde, professor da PUC-Rio.
    Essas conexões casuais, chamadas de “laços fracos”, têm a capacidade de diminuir o sentimento de solidão e melhorar o humor tanto de quem aborda quanto de quem é abordado. Isso porque neurotransmissores com funções ligadas à sensação de liberdade, como dopamina, serotonina e ocitocina, são liberados quando o ser humano se relaciona socialmente. “A porção frontal do nosso cérebro só foi capaz de evoluir por causa das interações interpessoais”, explica a neurocientista Cláudia Feitosa Santana.
     Além de agradáveis, os papos com estranhos podem ser úteis. O comissário de bordo baiano Mário Lourenço, 23 anos, lembra com nostalgia do dia em que se envolveu em um papo com um concorrente na fila de uma entrevista de emprego internacional e trocaram contatos. O outro candidato foi aprovado e Lourenço não, mas não deixaram de se comunicar. “No ano seguinte, fui selecionado pela mesma empresa e me mudei para Dubai, onde o colega estava morando. Ele foi me receber e me mostrou a cidade. Teria me sentido perdido e sozinho sem isso”, afirma Lourenço.
    Não se trata de forçar conversa e invadir o espaço alheio – é indispensável que o outro se mostre aberto ao contato. Uma dica para entabular uma interação do tipo que começa e acaba na espera para embarcar no avião é iniciar com assuntos triviais e a partir daí buscar interesses em comum. Boa notícia: a reação mais comum é a reciprocidade, como mostra um experimento realizado pelos cientistas comportamentais Nicholas Epley e Juliana Schroeder, da Universidade de Chicago. Eles reuniram um grupo de pessoas e pediram que elas quebrassem a norma social do silêncio em ônibus e salas de espera. Os participantes foram a campo com certo receio de ser rejeitados, mas o resultado foi o exato oposto: a maioria constatou que os estranhos foram receptivos, curiosos e agradáveis. A conclusão dos especialistas foi que existe um “profundo mal-entendido nas relações sociais”. Desfazê-lo passa por respirar fundo, abrir um sorriso e fazer um comentário agradável para a pessoa sentada ao lado no metrô. Se ela responder, a viagem provavelmente vai passar mais rápido. Estranhos, afinal, não são sinônimos de perigo.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/comportamento/por-que-conversar-com-estranhos-pode-melhorar-o-bem-estar/ Acesso em: 16 fev. 2023 (Adaptado)
A ideia expressa pelos articuladores sintáticos está corretamente expressa entre parênteses, EXCETO em:
Alternativas
Q2159164 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
A divisão silábica está correta, EXCETO em:
Alternativas
Q2159163 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Há dígrafo em:
Alternativas
Q2159159 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Todas as palavras destacadas têm natureza substantiva, EXCETO:
Alternativas
Q2159088 Português
A divisão silábica está correta, EXCETO em:
Alternativas
Respostas
8961: B
8962: C
8963: D
8964: B
8965: D
8966: C
8967: B
8968: A
8969: B
8970: C
8971: B
8972: A
8973: B
8974: C
8975: A
8976: C
8977: A
8978: D
8979: B
8980: D