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A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *
Carlos Alberto Faraco **
Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.
Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.
[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].
São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.
Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].
Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]
A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.
[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]
Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.
[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.
* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]
Assinale a alternativa correta sobre a análise da oração: ”ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever”.
A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *
Carlos Alberto Faraco **
Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.
Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.
[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].
São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.
Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].
Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]
A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.
[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]
Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.
[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.
* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]
Releia: “Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza”.
Nesse trecho, o autor se refere, especificamente, a que variedade da língua? Assinale a alternativa que a contenha.
A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *
Carlos Alberto Faraco **
Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.
Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.
[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].
São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.
Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].
Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]
A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.
[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]
Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.
[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.
* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]
Os excertos a seguir foram extraídos do artigo escrito por Marcos Bagno (UnB) e Egon de Oliveira Rangel (PUCSP), intitulado “Tarefas da educação linguística [sic] no Brasil”. Esse artigo foi publicado pela Revista Brasileira de Lingüística [sic] Aplicada, v. 5, n. 1, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v5n1/04.pdf. Acesso em 12 nov 2016.
Analise esses excertos sob o ponto de vista da vinculação ou não destes a ideias presentes no texto lido anteriormente: “A língua praticada nas redes sociais”, de Carlos Alberto Faraco.
I. Entendemos por educação linguística [sic] o conjunto de fatores socioculturais que, durante toda a existência de um indivíduo, lhe possibilitam adquirir, desenvolver e ampliar o conhecimento de/sobre sua língua materna, [...] sobre a linguagem de um modo mais geral e sobre todos os demais sistemas semióticos (p. 63).
II. Desses saberes, evidentemente, também fazem parte as crenças, superstições, representações, mitos e preconceitos que circulam na sociedade em torno da língua/linguagem e que compõem o que se poderia chamar de imaginário linguístico [sic] (p. 63).
III. Inclui-se também [...] o aprendizado das normas de comportamento linguístico [sic] que regem a vida dos diversos grupos sociais, cada vez mais amplos e variados, em que o indivíduo vai ser chamado a se inserir (p. 64).
IV. É possível dizer que a educação linguística [sic] de cada indivíduo começa logo no início de sua vida, quando, em suas interações com a família e a comunidade, adquire sua língua materna (p. 64).
Os excertos vinculados ao texto de Carlos Alberto Faraco são:
A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *
Carlos Alberto Faraco **
Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.
Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.
[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].
São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.
Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].
Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]
A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.
[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]
Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.
[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.
* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]
Analise as proposições a seguir. Em seguida assinale a alternativa que contenha a análise correta sobre as mesmas.
I. A palavra “estertores”, destacada no texto, remete à ideia de “suspiros finais”.
II. A palavra “assíncrona”, destacada no texto, remete à ideia de “algo que acontece simultaneamente”.
III. No texto, o autor afirma que: “são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito”. A oração a seguir é um exemplo da ocorrência mencionada pelo autor: “Ganhei o livro que eu gosto”.
IV. No texto, o autor afirma que também são comuns em blogues, chats e redes sociais “as características do sistema pronominal falado”. A oração a seguir é um exemplo da ocorrência mencionada pelo autor: “Empreste-me o livro”.
Estão corretas.
A LÍNGUA PRATICADA NAS REDES SOCIAIS *
Carlos Alberto Faraco **
Texto apresentado como anexo do artigo de Cláudia Mendes Campos, “Argumentação com o operador além disso”. In: Revista Língua e Instrumentos Linguísticos, N. 37, jan-jun 2016. Campinas: CNPq; Universidade Estadual de Campinas; Editora RG, 2016. Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao37/edicao37.html Acesso em 15 nov 2016.
Ouço e leio, sobre a língua praticada nas redes sociais, muitas manifestações cheias de temores e preocupações. É como se a língua estivesse nos seus estertores. Gostaria, então, de lembrar que uma língua, na dinâmica dos usos sociais, se transforma continuamente, passa permanentemente por mudanças, mas não decai, não apodrece, não perde o viço, não se esgarça.
[...] Tenho bem consciência de que não é fácil aceitar esse fato [...] que vai contra o imaginário de senso comum. Nesse imaginário, parece predominar a figura da língua como uma realidade estática e homogênea. A mudança, o novo, o diferente são, em geral, representados como sinal de decadência, de destruição, de morte [...].
São, obviamente, falsos temores. [...] Impedem, não raramente, a observação dos fatos e a argumentação racional. Impedem a percepção de quanto a língua é maleável e plástica, de como os falantes a ajustam e adaptam a todas as condições objetivas de seu uso. E isso vale tanto para o plano da fala, quanto para o plano da escrita.
Não seria demais lembrar, por exemplo, que, na Idade Média, o suporte para o texto escrito era raro. Para adaptar-se a essa raridade, as pessoas que escreviam costumavam abreviar as palavras [...]. Não se pulava linha para começar parágrafo (marcava-se o início de novo parágrafo com um sinal específico). Se hoje temos de aprender a ler (a decifrar) estes textos, seus contemporâneos os liam sem dificuldade, já que abreviar palavras na escrita era prática corrente [...].
Da mesma forma, quando a base tecnológica mudou e se desenvolveu a produção de papel, e a imprensa com tipos móveis foi criada e se difundiu, os falantes se viram frente à necessidade de fixar uma ortografia para as suas línguas. Primeiro, porque havia agora uma relativa abundância de papel e não era mais preciso abreviar para ganhar espaço. Por outro lado, com as novas tecnologias, a circulação de material impresso se ampliou enormemente [...]. Era preciso fixar uma ortografia para que todos os leitores, num vasto espaço geográfico, pudessem ler os textos. [...]
A tecnologia nos deu condição de nos comunicarmos por escrito em tempo real. Ora, isso trouxe de volta a necessidade de se lançar mão de recursos de natureza taquigráfica ou quase taquigráfica para vencer os ritmos diferentes da fala e da escrita. A escrita que se pratica, nestas circunstâncias, não é a mesma que se pratica na comunicação não mediada por computador. Não tem (nem pode ter) as características da escrita tradicional, que se faz à distância e de maneira assíncrona.
[...] E as soluções que vemos circulando na internet revelam um forte senso fonológico dos seus praticantes, com reduções, em geral, facilmente identificáveis e legíveis. [...] Na tradição da escrita, marcas de oralidade no texto são avaliados como um defeito. Ao contrário, na escrita que se pratica nas redes sociais, as marcas da oralidade não constituem um problema porque estamos justamente escrevendo a fala. E isso vale tanto para os aspectos estruturais da composição dos enunciados, quanto para a variedade da língua que aí se utiliza. [...]
Assim, são comuns nos textos dos blogues, das salas de chats e nas redes sociais as orações relativas sem a preposição que ainda se faz obrigatória no português standard escrito; são comuns as regências verbais contemporâneas e não as clássicas; as concordâncias verbais da fala, as características do sistema pronominal falado e assim por diante.
[...] ninguém estará obrigado a abandonar suas preferências expressivas para adotar novos modos de escrever. Me parece que neste debate específico, precisamos aceitar dois fatos: primeiro, há espaço para conservadores e inovadores. E, segundo, nem a uns, nem a outros assiste o direito de impor suas preferências.
* Versão do texto apresentado na mesa-redonda “A língua praticada nas redes sociais e a construção da identidade”, realizada no dia 14 de agosto de 2010 na 21ª Bienal Internacional do Livro. ** Professor Titular (aposentado) de Português e Linguística da Universidade Federal do Paraná. [email protected]
Assinale a única alternativa que contenha uma ideia totalmente correta a partir das informações colhidas no texto.
A primeira igreja de Palhoça foi construída em 1868, que mais tarde passou a se chamar:
No período: Se o autor convencesse os leitores de que tem razão, se lhes explicasse que é necessário vivermos com mais informação, tudo se resolveria”, os verbos destacados são, respectivamente:
Após uma negociação salarial, um grupo de trabalhadores recebeu um aumento de 17% resultando no salário de R$ 1.521,00. Qual era o salário pago antes do aumento?
Três operários pintam um prédio inteiro em 12 dias. Se fossem empregados mais 5 pintores, quantos dias seriam necessários para pintar o mesmo prédio?
Uma pesquisa realizada em uma determinada cidade constatou que 21% das pessoas têm motocicleta, 33% têm automóvel e 9% têm motocicleta e automóvel. Qual é a porcentagem de habitantes que não têm nenhum dos dois veículos?
Um determinado produto está sendo vendido com preço à vista de $ 9.000,00 acima do seu preço de custo. Sabe-se que o vendedor adota uma margem de lucro de 15%. Qual era o preço de custo do produto a ser vendido?
Uma aplicação financeira é feita no regime dos juros simples de 2,8% ao mês. Qual seria o valor dos juros obtidos sabendo-se que um capital de $ 2.500,00 foi aplicado por oito meses?
COMO E POR QUE AS LÍNGUAS MUDAM?
Por Aldo Bizzocchi. Disponível em:
http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/60/artigo374133-1.asp
Acesso em 16 nov 2016
Na natureza, a mudança é sempre imperceptível. Num universo em que o comportamento dos seres é regido por leis físicas ou genéticas, prevalece o determinismo do instinto. Assim, a natureza parece funcionar sempre da mesma maneira, os fenômenos seguindo sua ordem natural, sem exceção. O que distingue o homem dos outros seres vivos é a capacidade de modificar a natureza com seu trabalho transformador. O homem foi o único animal capaz de criar diferentes modos de vida, distintas civilizações, de se adaptar a todos os habitats oferecidos pela natureza, além de ser o único animal a produzir história. No mundo natural, a mudança temporal é medida em termos de milhares ou milhões de anos, o que nos dá a falsa impressão de permanência e perenidade. Já os fatos sociais e as criações intelectuais evoluem a uma velocidade às vezes assustadora.
A língua foi chamada por Roland Barthes de sistema modelizante primário por ser o primeiro e principal instrumento de comunicação e do pensamento de que dispomos. Segundo os linguistas americanos Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, ela é também o filtro através do qual o homem vê e pensa o mundo à sua volta e assim se dá conta de sua própria experiência. Para os adeptos do relativismo linguístico, a língua impõe a seus falantes uma visão de mundo que condiciona os comportamentos psíquicos e sociais dos indivíduos. Contudo, a capacidade humana de transformar o meio social e de explorar a natureza conduz o tempo todo a uma nova realidade, que obriga o homem a uma nova visão de mundo, levando a novas apreensões e novos tratamentos do continuum que são os dados da experiência, o que força a língua a mudar para poder continuar dando conta dessa realidade e servindo de instrumento da comunicação e do pensamento. Num jogo dialético, a língua muda para conservar-se e só se conserva na medida em que muda. Assim como para conservar uma casa é preciso submetê-la a periódicas reformas, a língua precisa adaptar-se constantemente às necessidades de comunicação da comunidade falante. Se não mudasse, em pouco tempo estaria divorciada da sociedade a que deve servir. Em resumo, a língua evolui porque funciona e funciona porque evolui: é o uso da linguagem que produz sua mudança, e é esse permanente mudar que garante a continuidade de seu funcionamento. [...].
Aldo Bizzocchi é doutor em Linguística pela USP, com pós-doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP, com pós-doutorado na UERJ. É autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume) e Anatomia da Cultura (Palas Athena). www.aldobizzocchi.com.br
Identifique abaixo o nome do atual presidente dos Estados Unidos da América:
COMO E POR QUE AS LÍNGUAS MUDAM?
Por Aldo Bizzocchi. Disponível em:
http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/60/artigo374133-1.asp
Acesso em 16 nov 2016
Na natureza, a mudança é sempre imperceptível. Num universo em que o comportamento dos seres é regido por leis físicas ou genéticas, prevalece o determinismo do instinto. Assim, a natureza parece funcionar sempre da mesma maneira, os fenômenos seguindo sua ordem natural, sem exceção. O que distingue o homem dos outros seres vivos é a capacidade de modificar a natureza com seu trabalho transformador. O homem foi o único animal capaz de criar diferentes modos de vida, distintas civilizações, de se adaptar a todos os habitats oferecidos pela natureza, além de ser o único animal a produzir história. No mundo natural, a mudança temporal é medida em termos de milhares ou milhões de anos, o que nos dá a falsa impressão de permanência e perenidade. Já os fatos sociais e as criações intelectuais evoluem a uma velocidade às vezes assustadora.
A língua foi chamada por Roland Barthes de sistema modelizante primário por ser o primeiro e principal instrumento de comunicação e do pensamento de que dispomos. Segundo os linguistas americanos Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, ela é também o filtro através do qual o homem vê e pensa o mundo à sua volta e assim se dá conta de sua própria experiência. Para os adeptos do relativismo linguístico, a língua impõe a seus falantes uma visão de mundo que condiciona os comportamentos psíquicos e sociais dos indivíduos. Contudo, a capacidade humana de transformar o meio social e de explorar a natureza conduz o tempo todo a uma nova realidade, que obriga o homem a uma nova visão de mundo, levando a novas apreensões e novos tratamentos do continuum que são os dados da experiência, o que força a língua a mudar para poder continuar dando conta dessa realidade e servindo de instrumento da comunicação e do pensamento. Num jogo dialético, a língua muda para conservar-se e só se conserva na medida em que muda. Assim como para conservar uma casa é preciso submetê-la a periódicas reformas, a língua precisa adaptar-se constantemente às necessidades de comunicação da comunidade falante. Se não mudasse, em pouco tempo estaria divorciada da sociedade a que deve servir. Em resumo, a língua evolui porque funciona e funciona porque evolui: é o uso da linguagem que produz sua mudança, e é esse permanente mudar que garante a continuidade de seu funcionamento. [...].
Aldo Bizzocchi é doutor em Linguística pela USP, com pós-doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP, com pós-doutorado na UERJ. É autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume) e Anatomia da Cultura (Palas Athena). www.aldobizzocchi.com.br
É um costume folclórico de Palhoça que consiste de um grupo de pessoas percorrer a cidade visitando as casas e colhendo ofertas para a festa. Uma senhora ou moça conduz a bandeira, presa a um mastro de dois metros, tendo a figura de uma pombinha bem na ponta da haste, com várias fitas coloridas pendentes:
COMO E POR QUE AS LÍNGUAS MUDAM?
Por Aldo Bizzocchi. Disponível em:
http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/60/artigo374133-1.asp
Acesso em 16 nov 2016
Na natureza, a mudança é sempre imperceptível. Num universo em que o comportamento dos seres é regido por leis físicas ou genéticas, prevalece o determinismo do instinto. Assim, a natureza parece funcionar sempre da mesma maneira, os fenômenos seguindo sua ordem natural, sem exceção. O que distingue o homem dos outros seres vivos é a capacidade de modificar a natureza com seu trabalho transformador. O homem foi o único animal capaz de criar diferentes modos de vida, distintas civilizações, de se adaptar a todos os habitats oferecidos pela natureza, além de ser o único animal a produzir história. No mundo natural, a mudança temporal é medida em termos de milhares ou milhões de anos, o que nos dá a falsa impressão de permanência e perenidade. Já os fatos sociais e as criações intelectuais evoluem a uma velocidade às vezes assustadora.
A língua foi chamada por Roland Barthes de sistema modelizante primário por ser o primeiro e principal instrumento de comunicação e do pensamento de que dispomos. Segundo os linguistas americanos Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, ela é também o filtro através do qual o homem vê e pensa o mundo à sua volta e assim se dá conta de sua própria experiência. Para os adeptos do relativismo linguístico, a língua impõe a seus falantes uma visão de mundo que condiciona os comportamentos psíquicos e sociais dos indivíduos. Contudo, a capacidade humana de transformar o meio social e de explorar a natureza conduz o tempo todo a uma nova realidade, que obriga o homem a uma nova visão de mundo, levando a novas apreensões e novos tratamentos do continuum que são os dados da experiência, o que força a língua a mudar para poder continuar dando conta dessa realidade e servindo de instrumento da comunicação e do pensamento. Num jogo dialético, a língua muda para conservar-se e só se conserva na medida em que muda. Assim como para conservar uma casa é preciso submetê-la a periódicas reformas, a língua precisa adaptar-se constantemente às necessidades de comunicação da comunidade falante. Se não mudasse, em pouco tempo estaria divorciada da sociedade a que deve servir. Em resumo, a língua evolui porque funciona e funciona porque evolui: é o uso da linguagem que produz sua mudança, e é esse permanente mudar que garante a continuidade de seu funcionamento. [...].
Aldo Bizzocchi é doutor em Linguística pela USP, com pós-doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP, com pós-doutorado na UERJ. É autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume) e Anatomia da Cultura (Palas Athena). www.aldobizzocchi.com.br
Complete a frase:
“Os primeiros colonizadores a chegarem em Palhoça foram os ___________, que estabeleceram-se na ______________________ e de lá espalharam-se pela redondeza.”
COMO E POR QUE AS LÍNGUAS MUDAM?
Por Aldo Bizzocchi. Disponível em:
http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/60/artigo374133-1.asp
Acesso em 16 nov 2016
Na natureza, a mudança é sempre imperceptível. Num universo em que o comportamento dos seres é regido por leis físicas ou genéticas, prevalece o determinismo do instinto. Assim, a natureza parece funcionar sempre da mesma maneira, os fenômenos seguindo sua ordem natural, sem exceção. O que distingue o homem dos outros seres vivos é a capacidade de modificar a natureza com seu trabalho transformador. O homem foi o único animal capaz de criar diferentes modos de vida, distintas civilizações, de se adaptar a todos os habitats oferecidos pela natureza, além de ser o único animal a produzir história. No mundo natural, a mudança temporal é medida em termos de milhares ou milhões de anos, o que nos dá a falsa impressão de permanência e perenidade. Já os fatos sociais e as criações intelectuais evoluem a uma velocidade às vezes assustadora.
A língua foi chamada por Roland Barthes de sistema modelizante primário por ser o primeiro e principal instrumento de comunicação e do pensamento de que dispomos. Segundo os linguistas americanos Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, ela é também o filtro através do qual o homem vê e pensa o mundo à sua volta e assim se dá conta de sua própria experiência. Para os adeptos do relativismo linguístico, a língua impõe a seus falantes uma visão de mundo que condiciona os comportamentos psíquicos e sociais dos indivíduos. Contudo, a capacidade humana de transformar o meio social e de explorar a natureza conduz o tempo todo a uma nova realidade, que obriga o homem a uma nova visão de mundo, levando a novas apreensões e novos tratamentos do continuum que são os dados da experiência, o que força a língua a mudar para poder continuar dando conta dessa realidade e servindo de instrumento da comunicação e do pensamento. Num jogo dialético, a língua muda para conservar-se e só se conserva na medida em que muda. Assim como para conservar uma casa é preciso submetê-la a periódicas reformas, a língua precisa adaptar-se constantemente às necessidades de comunicação da comunidade falante. Se não mudasse, em pouco tempo estaria divorciada da sociedade a que deve servir. Em resumo, a língua evolui porque funciona e funciona porque evolui: é o uso da linguagem que produz sua mudança, e é esse permanente mudar que garante a continuidade de seu funcionamento. [...].
Aldo Bizzocchi é doutor em Linguística pela USP, com pós-doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP, com pós-doutorado na UERJ. É autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume) e Anatomia da Cultura (Palas Athena). www.aldobizzocchi.com.br
A primeira igreja de Palhoça foi construída em 1868, que mais tarde passou a se chamar:
COMO E POR QUE AS LÍNGUAS MUDAM?
Por Aldo Bizzocchi. Disponível em:
http://linguaportuguesa.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/60/artigo374133-1.asp
Acesso em 16 nov 2016
Na natureza, a mudança é sempre imperceptível. Num universo em que o comportamento dos seres é regido por leis físicas ou genéticas, prevalece o determinismo do instinto. Assim, a natureza parece funcionar sempre da mesma maneira, os fenômenos seguindo sua ordem natural, sem exceção. O que distingue o homem dos outros seres vivos é a capacidade de modificar a natureza com seu trabalho transformador. O homem foi o único animal capaz de criar diferentes modos de vida, distintas civilizações, de se adaptar a todos os habitats oferecidos pela natureza, além de ser o único animal a produzir história. No mundo natural, a mudança temporal é medida em termos de milhares ou milhões de anos, o que nos dá a falsa impressão de permanência e perenidade. Já os fatos sociais e as criações intelectuais evoluem a uma velocidade às vezes assustadora.
A língua foi chamada por Roland Barthes de sistema modelizante primário por ser o primeiro e principal instrumento de comunicação e do pensamento de que dispomos. Segundo os linguistas americanos Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, ela é também o filtro através do qual o homem vê e pensa o mundo à sua volta e assim se dá conta de sua própria experiência. Para os adeptos do relativismo linguístico, a língua impõe a seus falantes uma visão de mundo que condiciona os comportamentos psíquicos e sociais dos indivíduos. Contudo, a capacidade humana de transformar o meio social e de explorar a natureza conduz o tempo todo a uma nova realidade, que obriga o homem a uma nova visão de mundo, levando a novas apreensões e novos tratamentos do continuum que são os dados da experiência, o que força a língua a mudar para poder continuar dando conta dessa realidade e servindo de instrumento da comunicação e do pensamento. Num jogo dialético, a língua muda para conservar-se e só se conserva na medida em que muda. Assim como para conservar uma casa é preciso submetê-la a periódicas reformas, a língua precisa adaptar-se constantemente às necessidades de comunicação da comunidade falante. Se não mudasse, em pouco tempo estaria divorciada da sociedade a que deve servir. Em resumo, a língua evolui porque funciona e funciona porque evolui: é o uso da linguagem que produz sua mudança, e é esse permanente mudar que garante a continuidade de seu funcionamento. [...].
Aldo Bizzocchi é doutor em Linguística pela USP, com pós-doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP, com pós-doutorado na UERJ. É autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume) e Anatomia da Cultura (Palas Athena). www.aldobizzocchi.com.br
Com a decisão de cassação do mandato da expresidente Dilma Rousseff da Presidência da República, assumiu o cargo de Presidente do Brasil o Sr. Michel Temer, por ele ser: