Questões de Concurso
Para coseac
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Considerado como um dos hotspots mundiais de biodiversidade, o bioma apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. [...] Nele, existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. [...] Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes, répteis e anfíbios são elevados. [...] Além dos aspectos ambientais, o bioma tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. [...] Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais, esse bioma é o que possui a menor porcentagem de áreas sob proteção integral. Ele apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável.
Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/biomas[...].html. Acesso em: 04 abr. 2024. Adaptado.
Com base no texto, o bioma abordado nessa aula do Ensino Fundamental é o seguinte:
Observe a imagem abaixo.
SILVA, Telma (2022). Médio curso do rio Bananal (Minas Gerais)
Na imagem, no primeiro plano, registra-se um
nível sedimentar indicado pela seta, que origina
a unidade denominada:
Relatório do IPCC de 2023: Já com 1,1°C de aumento na temperatura terrestre, mudanças no sistema climático sem precedentes por séculos e até milênios hoje ocorrem em todas as regiões do mundo – do aumento do nível do mar a eventos extremos e o gelo marinho diminuindo cada vez mais. [..] Ondas de calor, que acontecem em média uma vez a cada dez anos em climas pouco influenciados pela atividade humana, tendem a se tornar mais frequentes. E a intensidade dessas ondas de calor também vai aumentar: em até 5,1°C.
Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/10- conclusoes-do-relatorio-do-ipcc-sobre-mudancas-climaticas-de2023#:~:text=Dia%2020%20de%20mar%C3%A7o%20marcou,d o%20mundo%20sobre%20mudan%C3%A7as%20clim%C3%A1 ticas. Acesso em: 04 abr. 2024. Adaptado.
Notícia do dia 15 de março de 2024: o fim de semana no Rio de Janeiro deve ser de forte calor, com sensação térmica superior aos 50 ºC. A previsão é do Sistema Alerta Rio, serviço de meteorologia da prefeitura. [...] Nove estados estão sendo afetados pela atual onda de calor. No caso do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás, há “potencial perigo” para elevação de temperaturas. No Paraná, em São Paulo, Mato grosso do Sul, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a classificação é de “grande perigo”.
Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/ geral/noticia/2024-03/sensacao-termica-no-rio-pode-passar-de50o-c-no-fim-de-semana. Acesso em: 04 abr. 2024. Adaptado.
Informações sobre as condições climáticas atuais, como a notícia meteorológica acima, levam a comunidade científica à reflexão sobre o processo de aquecimento global. Nos ecossistemas aquáticos, dentre as evidências que comprovam a ocorrência desse processo climático, encontra-se a:
Observe a imagem a seguir.
Disponível em: https://agenciaeconordeste.com.br/sertaomonumental[...]de-quixada-e-quixeramobim-no-ceara/. Acesso em: 04 abr. 2024.
O tipo de relevo mais elevado, destacado no
centro da imagem, é descrito como:
Trata-se de um bioma exclusivamente brasileiro que compreende cerca de 11% do território nacional, apresentando grande biodiversidade e diversas particularidades, principalmente em relação à adaptação climática das plantas e animais. A vegetação é adaptada à irregularidade pluviométrica, comportando elevado número de espécies cujas folhas caem no período mais seco. Assim, a vegetação desenvolve mecanismos de sobrevivência em razão da pouca disponibilidade de água, apresentando estratos com indivíduos arbóreos, arbustivos e herbáceos. A fauna é bastante diversificada e marcada pelas adaptações ao clima, como as recorrentes migrações nos períodos de estiagem.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/[...].htm. Acesso em: 10 abr. 2024.
O bioma descrito abrange prevalentemente a área do seguinte tipo climático:
Considere o texto e a imagem sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia.
A Guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um
conflito que acontece no Leste do continente
europeu. Após um longo período marcado pelo
acirramento das tensões entre ambos, as
tropas russas invadiram o país vizinho em 24
de fevereiro de 2022, promovendo ataques a
cidades situadas próximo da capital da Ucrânia,
Kyiv, e outros pontos estratégicos do território
ucraniano. O contra-ataque realizado pela
Ucrânia em meados de 2022 fez com que a
Rússia recuasse em alguns pontos, mas o país
ainda mantém domínio sobre grandes áreas no
leste e ao sul da Ucrânia. Pouco mais de um
ano após o início da guerra, os ataques
continuam. O saldo até então é de dezenas de
milhares de mortos e feridos, além de 8 milhões de refugiados ucranianos, que buscam
proteção em outros países europeus. As
consequências da guerra são, também,
econômicas e políticas. Em um contexto global,
o conflito interfere na geopolítica, nos acordos
diplomáticos e no comércio internacional"
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/guerraentre-russia-e-ucrania.htm. Acesso em: 10 abr. 2024.
Dentre as consequências desse conflito
geopolítico, encontra-se:
O processo de metropolização, ou, simplesmente, metropolização, embora produza grandes regiões, cujo território parece uma “colcha de retalhos”, não pode ser compreendido como só afeito às grandes cidades ou às metrópoles e nem considerado como se dando da mesma forma em todos os países. Há condições históricas que contam, como a vida cultural, política e territorial de cada lugar, grau de desenvolvimento...Também não pode ser reduzido a uma questão de forma, em geral por levar à constituição de uma região de significativa dimensão territorial com uma urbanização expressiva mesclada com outros usos do território. A metropolização deve ser vista como um processo relacionado às mudanças recentes das últimas décadas, assentadas em dois parâmetros, sendo um deles a globalização.
LENCIONI, Sandra. Metropolização do espaço. In. Carlos, A.; Cruz, R. (Org.). A Necessidade da Geografia. São Paulo: Contexto, 2019, p. 136. Adaptado.
Relacionado ao processo de metropolização, além da globalização, outro parâmetro no qual se assentam as mudanças recentes das últimas décadas é:
A ideia de que existe mais simbolismo nos objetos e nas coisas do que a aparência indica sugere reconhecer tanto o valor mercantil como o valor cultural de um bem simbólico, isto é, a mercadoria e o símbolo. Assim, incialmente se dedica atenção à dimensão econômica do sagrado ao privilegiar os bens simbólicos, mercados e redes. O conceito de sagrado e sua representação simbólica remete-nos, inevitavelmente, à perspectiva do poder mantido e reproduzido pela comunidade em suas territorialidades religiosas ou quase-sagradas. De fato, “é pela existência de uma cultura que se cria um território, e é pelo território que se fortalece e se exprime a relação simbólica existente entre a cultura e o espaço”, de acordo com Joël Bonnemaison.
ROSENDAHL, Zeny. Espaço, cultura e religião: dimensões de análise. In. Corrêa, R.; Rosendahl, Z. (Org.). Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 187. Adaptado.
No Ensino Fundamental, considere a preparação de uma aula para o 6º ano, utilizando o argumento do texto acima como conteúdo motivador. Nesse caso, o/a docente deve referir o conteúdo à unidade temática e ao objeto de conhecimento da Base Nacional Comum Curricular seguintes:
Texto I
A importância da escola na sociedade moderna, assim como a importância da educação amplo senso em qualquer sociedade, é visível. Ela instrui novas gerações [...], adaptando-as ou assimilando-as às instituições, hábitos e valores da sociedade. O exemplo mais banal que se pode dar é que imaginemos se seria possível a continuidade ou a reprodução da sociedade capitalista, em qualquer de suas variantes [...] sem que as pessoas soubessem contar ou mesmo ler e escrever. Poderíamos ainda questionar se seria possível o desenvolvimento do capitalismo em sua fase atual, quando vivemos a revolução técnico-científica, sem uma força de trabalho cada vez mais escolarizada, sem a inovação tecnológica que pressupõe pesquisadores e universidades...
VESENTINI, William. Educação e ensino de geografia: instrumentos de dominação e/ou libertação. In. Carlos, A. (Org.). A Geografia na Sala de Aula. São Paulo: Contexto, 1999, p. 16.
Texto II
Na construção dos currículos, através do mecanismo do domínio simbólico, tudo o que não estiver ligado à cultura dominante é desprestigiado, indigno de ser reproduzido, especialmente em locais considerados “formadores” de cidadãos, como por exemplo, a escola. [...] A escola possui aquele “modelo” de estudante idealizado, que corresponde, com perfeição, ao que se espera dele. Não sabendo lidar com os estudantes que não correspondem a esse modelo, a escola acaba por contribuir para introjetar em todos, cada vez mais, o pensamento discriminatório. Os preconceitos estão de tal forma arraigados no pensamento social que, muitas vezes, os professores reproduzem os discursos de discriminação sem perceber.
FACCO, Lucia. A escola como questionadora de um currículo homofóbico. in: Silva, J.; Silva, A. (Org.). Espaço, Gênero e Poder: conectando fronteiras. Ponta Grossa: Todapalavra, 2011, p. 26 e 27. Adaptado.
Nos textos acima, abordam-se as persistentes desigualdades sociais no espaço escolar da Educação Básica. Na abordagem, essa persistência decorre diretamente da reprodução curricular do seguinte tipo de capital:
Considere a imagem e os textos sobre o conceito de paisagem.
Disponível em: https://www.marica.rj.gov.br/noticia/marica-e-aterceira-cidade-com-melhor-indice-relativo-de-empregos-nopais/. Acesso em: 02 abr. 2024.
Texto I
Provavelmente, o conceito de paisagem merece ser bem mais valorizado (e integrado com outros conceitos, tais como território e lugar) do que tem sido. É óbvio que ele possui certos limites, mas isso não é “privilégio” seu: toda ferramenta conceitual possui potencialidades e limitações. A questão é que, por enquanto, parece que as limitações do referido conceito têm sido mais sublinhadas que as suas potencialidades, que não são pequenas. Uma última potencialidade nos remete aliás, para o mundo das possibilidades oferecidas pelo exame dos aspectos mais fortemente (inter)subjetivos) da paisagem.
SOUZA, Marcelo. Os Conceitos Fundamentais da Pesquisa Sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013, p. 61.
Texto II
O geógrafo John B. Jackson introduz a hodologia como a ciência dos caminhos, das estradas e das viagens. A principal questão legada por Jackson é a da potência estruturante dos caminhos para a paisagem. Uma reflexão sobre a potência dos caminhos e das viagens desdobra-se nas perguntas: como caminhos e viagens contribuem a estruturar objetivamente, concretamente as paisagens e os espaços? Como contribuem a estruturar a percepção e a representação das paisagens e dos espaços? O que significa pensar o caminho e a viagem não apenas como objetos de estudo, mas como pontos de vista sobre as coisas, as ideias e o mundo em geral?
BESSE, Jean-Marc. O Gosto do Mundo. Exercícios de paisagem. Rio de Janeiro: UERJ, 2014, p. 184 e 185. Adaptado.
A leitura articulada da imagem com os Textos I e II conduz à reflexão sobre a potencialidade do conceito de paisagem. Com base nessa leitura, a paisagem é definida como:
Identifica-se um tipo de territorialização humana pelo qual o indivíduo é capaz de produzir e habitar mais de um território. Essa territorialização resulta não apenas da sobreposição ou da imbricação entre tipos territoriais diversos (o que inclui territórios-zona e territórios-rede), mas também de sua experimentação/reconstrução de forma singular pelo indivíduo, grupo social ou instituição. Trata-se de uma reterritorialização complexa, em rede e com fortes conotações rizomáticas, ou seja, não-hierárquicas. As condições para a sua realização incluiriam a maior diversidade territorial, uma grande disponibilidade de e/ou acessibilidade a redes-conexões, a natureza rizomática menos centralizada dessas redes e, anteriores a tudo isto, a situação socioeconômica, a liberdade e, em parte, também a abertura cultural para efetivamente usufruir e/ou construir essa modalidade de territorialização. Essa territorialização específica implica a possibilidade de acessar ou conectar diversos territórios, através de uma mobilidade, no sentido de um deslocamento físico ou do ciberespaço.
HAESBAERT, Rogério. O Mito da Desterritorialização. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 343 e 344. Adaptado.
Com base nas ideias do autor, a modalidade de territorialização descrita é especificamente denominada:
Na nova geografia, fundamentada no positivismo lógico, formula-se uma divisão regional concebida pela objetividade máxima, implicando a ausência de subjetividade por parte do pesquisador. As regiões são definidas estatisticamente. No contexto dessa divisão regional, há dois enfoques que não se excluem mutuamente. O primeiro considera as regiões simples ou complexas. O segundo enfoque reconhece duas categorias de regiões, sendo uma delas definida de acordo com o movimento das pessoas, mercadorias, informações, decisões e ideias sobre a superfície da Terra. Identificam-se, assim, regiões de tráfego rodoviário, fluxos telefônicos ou matérias-primas industriais, migrações diárias para o trabalho, influência comercial das cidades etc.
CORRÊA, Roberto. Região e Organização Espacial. São Paulo: Ática: 1986, p. 34 e 25. Adaptado.
Nessa divisão regional, a região definida descritivamente no segundo enfoque é denominada:
Texto I
A globalização materializa-se concretamente no lugar, aqui se lê/percebe/entende o mundo moderno em suas múltiplas dimensões, numa perspectiva mais ampla, o que significa dizer que no lugar se vive, se realiza o cotidiano e é aí que ganha expressão o mundial. O mundial que existe no local, redefine seu conteúdo, sem todavia anularem-se as particularidades. A sociedade urbana que, hoje, se produz em parte de modo real e concreto, em parte virtual e possível, constitui-se enquanto mundialidade, apresentando tendência à homogeneização ao mesmo tempo em que permite a diferenciação. O lugar permite pensar a articulação do local com o espaço urbano que se manifesta como horizonte.
CARLOS, Ana. O Lugar no/do Mundo. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 15
Texto II
Lugar é o sentido do pertencimento, a identidade biográfica do homem com os elementos do seu espaço vivido. No lugar, cada objeto ou coisa tem uma história que se confunde com a história de seus habitantes, assim compreendidos justamente por não terem com a ambiência uma relação de estrangeiros. E, reversivamente, cada momento da história de vida do homem está contada e datada na trajetória ocorrida de cada coisa e objeto, homens e objetos se identificando reciprocamente. A globalização não extingue, antes impõe que se refaça o sentido do pertencimento em face da nova forma que cria de espaço vivido.
MOREIRA, Ruy. Para Onde vai o Pensamento Geográfico? São Paulo: Contexto, 2006, p. 164.
A leitura comparada entre os Textos I e II conduz à seguinte conclusão:
Texto I
No processo de organização de seu espaço, o homem decide sobre um determinado lugar segundo este apresente atributos julgados de interesse de acordo com os diversos projetos estabelecidos. A fertilidade do solo, um sítio defensivo, a proximidade da matéria-prima, o acesso ao mercado consumidor ou a presença de um porto, de uma força de trabalho não qualificada e sindicalmente pouco ativa, são alguns dos atributos que podem levar a localizações específicas. Os atributos indicados, encontrados de forma isolada ou combinada, variam de lugar para lugar e são avaliados e reavaliados sistematicamente.
CORRÊA, Roberto. Espaço, um conceito-chave da geografia. In. Castro, I. et al. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 36. Adaptado.
Texto II
Na organização espacial da sociedade, há uma espécie de ponte entre a história natural e a história social se expressando já em termos de espaço: um processo de eleição do local com que a sociedade inicia a montagem da sua estrutura geográfica. Esse processo é uma expressão direta e combinada dos princípios da localização e da distribuição. Por meio da localização, o homem elege a melhor possibilidade de fixação espacial de suas ações. A distribuição compõe o sistema de localizações e transforma o processo de eleição numa configuração de pontos e o todo numa extensão.
MOREIRA, Ruy. Pensar e Ser em Geografia. São Paulo: Contexto, 2007, p. 82. Adaptado.
Nos Textos I e II, define-se descritivamente a seguinte prática espacial:
Texto I
Desde o começo dos anos 1980, os programas de “estabilização macroeconômica” e de “ajuste estrutural” impostos pelo FMI e pelo Banco Mundial aos países em desenvolvimento (como condição para negociação da dívida externa) têm levado centenas de milhões de pessoas ao empobrecimento. Contrariando o espírito do acordo de Bretton Woods, cuja intenção era a “reconstrução econômica” e a estabilidade das principais taxas de câmbio, o programa de ajuste estrutural tem contribuído amplamente para desestabilizar moedas nacionais e arruinar as economias dos países em desenvolvimento. O poder de compra interno entrou em colapso, a fome eclodiu, hospitais e escolas foram fechados, centenas de milhões de crianças viram negado seu direito à educação primária. Embora a missão do Banco Mundial seja “combater a pobreza” e proteger o meio ambiente, seu patrocínio para projetos hidrelétricos e agroindustriais em grande escala também tem acelerado o processo de desmatamento e destruição do meio ambiente.
CHOSSUDOVSKY, Michel. A Globalização da Pobreza. São Paulo: Moderna, 1999, p. 26.
Texto II
O período no qual nos encontramos revela uma pobreza de novo tipo, uma pobreza estrutural globalizada, resultante de um sistema de ação deliberada. Examinado o processo pelo qual o desemprego é gerado e a remuneração do emprego se torna cada vez pior, ao mesmo tempo em que o poder público se retira das tarefas de proteção social, é lícito considerar que a atual divisão “administrativa” do trabalho e a ausência deliberada do Estado de sua missão social de regulação estejam contribuindo para uma produção científica, globalizada e voluntária da pobreza. [...] Essa produção da pobreza aparece como um fenômeno banal. [...] Mas é uma pobreza produzida politicamente pelas empresas e instituições globais. Estas, de um lado, pagam para criar soluções localizadas, parcializadas, segmentadas, como é o caso do Banco Mundial, que, em diferentes partes do mundo, financia programas de atenção aos pobres, querendo passar a impressão de se interessar pelos desvalidos, quando, estruturalmente, é o grande produtor da pobreza.
SANTOS, Milton. Por Uma Outra Globalização. São Paulo: Record, 2000, p. 72 e 73.
A leitura comparada entre os Textos I e II leva à seguinte conclusão:
A globalização constitui o estádio supremo da internacionalização, a amplificação em “sistema-mundo” de todos os lugares e de todos os indivíduos, embora em graus diversos. Nesse sentido, com a unificação do planeta, a Terra torna-se um só e único “mundo” e assiste-se a uma refundição da “totalidade-terra”. Trata-se de uma nova fase da história humana. [...] Como qualquer totalidade, a globalização só se exprime por meio de suas funcionalizações. Uma delas é o espaço geográfico. [...] O processo de globalização acarreta a mundialização do espaço geográfico, cujas principais características incluem a tendência à formação de um meio técnico, científico e informacional.
SANTOS, Milton. Técnica Espaço Tempo. São Paulo: Hucitec, 1994, p. 48 e 50. Adaptado.
No processo de mundialização do espaço, além da tendência à formação do meio técnico científico e informacional, identifica-se a seguinte característica principal:
Considere a imagem e o texto sobre representação cartográfica.
Disponível em: https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.poder 360.com.br%2Fbrasil%2Fibge-faz-novo-mapa-e-coloca-brasil-nocentro-do-mundo [...]. Acesso em: 10 abr. 2024.
O novo formato de mapa-múndi lançado pelo IBGE, colocando o Brasil no centro da Terra, ganhou elogios no meio da cartografia. Embora especialistas esclareçam que o modelo tradicional, onde a América do Sul aparece à esquerda, toma como base o Meridiano de Greenwich, a mudança é vista como simbólica dentro da geopolítica. “É uma decisão que eu concordo, que tira essa visão eurocêntrica. Dará uma posição melhor do Brasil para o mundo” — resume o professor Paulo Menezes, da UFRJ. A divisão habitual não é adotada apenas para fins de distribuição espacial dos países dentro do mapa. Ela também é adotada, por exemplo, para separar o mundo entre Ocidente e Oriente, na medição da longitude e na definição de parâmetros para os fusos horários. “O Meridiano de Greenwich foi definido como sendo o marco zero em longitude e passa pela cidade de mesmo nome na Inglaterra” — explica o professor Marcelo Nero, da UFMG.
Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/04/13/mapa-doibge-que-coloca-brasil-no-centro-do-mundo-tambem-indica-quemalvinas-sao-da-argentina.ghtml. Acesso em: 10 abr. 2024. Adaptado.
No mapa anterior, identifique a projeção
cartográfica e a sua classificação quanto à
superfície de projeção:
Nas atuais condições, os arranjos espaciais não se dão apenas através de figuras formadas por pontos contínuos e contíguos. Hoje, ao lado dessas manchas, ou sobre essas manchas, há, também, constelações de pontos descontínuos, mas interligados, que definem um espaço de fluxos reguladores. [...] De um lado, há extensões formadas de pontos que se agregam sem descontinuidade, como na definição tradicional de região. São as horizontalidades. De outro lado, há pontos no espaço que, separados uns dos outros, asseguram o funcionamento global da sociedade e da economia. São as verticalidades. O espaço se compõe de uns e de outros desses recortes, inseparavelmente. [...] As verticalidades são vetores de uma racionalidade superior e do discurso pragmático dos setores hegemônicos, criando um cotidiano obediente e disciplinado. As horizontalidades são tanto o lugar da finalidade imposta de fora, de longe e de cima, quanto o da contrafinalidade, localmente gerada. [...] Paralelamente, forças centrípetas e forças centrífugas atravessam o território, como tendências ao mesmo tempo contrastantes e confluentes, agindo em diversos níveis e escalas. As forças centrípetas resultam do processo econômico e do processo social, e tanto podem estar subordinadas às regularidades do processo de produção, quanto às surpresas da intersubjetividade. [...] As forças centrífugas podem ser consideradas um fator de desagregação, quando retiram à região os elementos de seu próprio comando, a ser buscado fora e longe dali.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. São Paulo: Hucitec, 1996, p. 225 e 227.
Estabelecendo uma relação entre os recortes horizontal e vertical e as forças centrípetas e centrífugas que compõem os arranjos espaciais, conclui-se que:
O pensamento marxista chega à geografia nos anos 1970 – depois de um rápido ensaio nos anos 1950 -, e em diferentes cantos do mundo. Nos anos 1950, um grupo de geógrafos, de que fazem parte Jean Tricart, Pierre George, René Guglielmo, Bernard Kayser e Yves Lacoste buscam criar na França uma geografia fundada no materialismo histórico e dialético. Nos anos 1970, é a vez de um naipe de geógrafos, espalhados por vários países, como David Harvey e Edward Soja, nos Estados Unidos, Milton Santos e Armando Correa da Silva, no Brasil, Yves Lacoste na França e Massino Quaini, na Itália, trazer de volta a relação entre marxismo e geografia. [...] Há, pois, uma dimensão ontológica e epistemológica nessa geografia de corte no marxismo. A dimensão ontológica relaciona-se ao tema da hominização do homem pelo próprio homem, mediante o processo do trabalho, definindo o espaço geográfico como geograficidade.
MOREIRA, Ruy. Para Onde Vai o Pensamento Geográfico? São Paulo: Contexto, 2006, p. 40. Adaptado.
Nessa geografia de corte marxista, a dimensão epistemológica aborda o conceito de espaço definido pela
Texto I
A questão não era delimitar um território, mas compreender como a unidade podia surgir da diversidade de meios naturais e do povoamento original. É fácil um meio uniforme ser valorizado por um povo que dispõe do gênero de vida adequado – daí a pertinência da noção de região natural. Mas é raro que um só tipo de ambiente seja suficiente para produzir tudo o que é indispensável à vida de uma colectividade: esta acaba por ter que recorrer ao comércio ou à emigração temporária de uma parte de seus trabalhadores; é por isso que a análise da circulação não pode ser dissociada da das relações com o meio local.
CLAVAL, Paul. História da Geografia. Lisboa. Edições 70, 2006, p. 92-93.
Texto II
Nessa corrente do pensamento geográfico, privilegiam-se os conceitos de paisagem e região, em torno deles estabelecendo-se a discussão sobre o objeto da geografia e a sua identidade no âmbito das demais ciências. Então, os debates incluem os conceitos de paisagem, região natural e região-paisagem, assim como os de paisagem cultural, gênero de vida e diferenciação de áreas. Nela, envolvem-se geógrafos vinculados tanto ao possibilismo quanto ao determinismo [...]. Assim, a abordagem espacial, associada à localização das atividades dos homens e aos fluxos, é muito secundária entre os geógrafos.
CORRÊA, Roberto. Espaço, um conceito-chave da geografia. In. Castro, I. et al. (Org.). Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995, p. 17. Adaptado.
A corrente de pensamento mencionada nos Textos I e II é denominada Geografia: