Questões de Concurso Para fumarc

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Q2159166 Matemática
Pedro escreveu em um pedaço de papel um número natural e, em seguida, somou 1200 a esse número. Do resultado obtido, subtraiu 290 e encontrou como resultado o número 1000. Davi também escreveu em um pedaço de papel um número natural que era o sucessor do número inicialmente escrito por Pedro. Davi somou 1350 ao número e subtraiu 341 do resultado encontrando corretamente a resposta:
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Q2159165 Matemática
Frederico é muito bom em matemática e sempre brinca de fazer cálculos curiosos. Certa vez, ele escreveu todos os números diferentes de três algarismos distintos, utilizando apenas os algarismos 3, 4 e 5. Em seguida, calculou a soma de todos esses números obtidos.
Sendo assim, o valor encontrado por ele foi igual a:
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Q2159164 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
A divisão silábica está correta, EXCETO em:
Alternativas
Q2159163 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Há dígrafo em:
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Q2159162 Português
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Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
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    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Os vocábulos obedecem à mesma regra de acentuação gráfica: paroxítonas terminadas em ditongo em:
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Q2159161 Português
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Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
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    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Na frase: “Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim.”, os verbos destacados estão no presente do indicativo. No pretérito perfeito do indicativo, a forma CORRETA é:
Alternativas
Q2159160 Português
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Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Em: “Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa.”, o pronome demonstrativo essa, nesta frase, é usado para indicar
Alternativas
Q2159159 Português
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Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Todas as palavras destacadas têm natureza substantiva, EXCETO:
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Q2159158 Português
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Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
As palavras destacadas foram corretamente interpretadas entre parênteses, EXCETO em:
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Q2159157 Português
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Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
Leia o trecho abaixo:
“Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim”
A partir desse depoimento, pode-se inferir que as pessoas não se dirigem a ela e sim ao marido, EXCETO:
Alternativas
Q2159156 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
No início do segundo parágrafo, a autora do texto comenta que o mundo não está preparado para as pessoas que não enxergam e apresenta as adaptações que foram feitas em seu trabalho, que são, EXCETO:
Alternativas
Q2159155 Português
DRIBLO MINHAS LIMITAÇÕES
Nathalia Santos, 30, como é ser cega e atuar como assistente de
direção da novela Todas as Flores, da Globo

    SEMPRE FUI FASCINADA pela televisão, mas não me via trabalhando na área. Aconteceu por acaso. Dez anos atrás, Regina Casé cutucou no Twitter: “Quem quiser ir ao Esquenta, comenta aqui”. Eu comentei, acabei indo ao programa e fiz um tour pelos bastidores. Eles tinham uma biblioteca itinerante com um livro de Jorge Amado em braile, e Regina perguntou se alguém na plateia conseguiria fazer a leitura. Me candidatei. Ela aí quis saber como havia aprendido braile e respondi que era cega, o que ela ainda não tinha notado. “Como assim, cega?”, disse com aquela espontaneidade dela. Ficamos amigas e ali começou minha história no mundo do entretenimento. Virei pesquisadora do Esquenta, depois engatei em programas jornalísticos, até chegar à função atual – assistente de direção de uma novela, a primeira com minha deficiência na história da emissora.
      Driblo obstáculos o tempo todo. O mundo ainda não está preparado para quem não enxerga. Meu trabalho só é possível graças ao time que me ajuda em vários terrenos, a começar pelas adaptações físicas que fizeram para que eu possa desempenhar minhas tarefas. O pessoal da cenografia, por exemplo, criou plantas dos cenários em alto relevo, para me familiarizar com o ambiente onde atuo. A equipe de figurino produziu pranchas com detalhadas descrições, e a turma de sistemas de tecnologia personalizou programas para uso do leitor de tela. Instalaram também um piso tátil no caminho dos estúdios e sinalização sonora nas roletas. Isso é só para viabilizar o que vem em seguida. Antes de entrar no set, converso em profundidade com o diretor artístico, Carlos Araújo. E, nas gravações, diretor e atores vão me informando sobre a posição de cada um e várias outras minúcias, desde a cor do tapete e a localização precisa da cadeira onde um personagem vai se sentar até o lugar onde a câmera se encontra naquele exato momento.
     Ao entrar para a equipe de Todas as Flores, fiz questão de me mexer para que essa minha experiência se estendesse a outros setores da empresa. Tenho muito orgulho de dizer que, hoje, a gente já conta com consultores, preparador de elenco, operador de áudio, atores, uma turma de pessoas com deficiência que trabalha duro e muito bem. Sei que não seria escalada para uma novela de prestígio apenas por ser cega. A qualidade do meu trabalho é determinante. Sou a única cega da minha família, nasci assim, com uma distrofia chamada retinose pigmentar. Cresci em uma favela da Zona Norte carioca e tive uma infância boa. Claro que era café com leite em algumas brincadeiras, mas nunca deixei de participar, ainda que tenha ouvido frases que me feriram ao longo do percurso. Não esqueço quando um professor me disse, no ensino médio, que não dava aula a alunos com deficiência. Ninguém faz ideia de quanto machuca.
        Sou mãe de um menino de 2 anos e estou grávida de novo, de vinte semanas. Imagine que, nos dias de hoje, ainda olham para mim e acham que sou incapaz de exercer a maternidade. Pensam que meu marido é pai e mãe, apenas porque não enxergo. Sofro com isso. Adoro ser mãe. Na primeira ultrassonografia desta segunda gestação, cheguei ao exame uma hora antes. Como estava demorando, procurei saber a razão do atraso e falei que era deficiente. Tinha direito à prioridade por lei. A atendente chamou meu marido, sem se dirigir a mim, e disse que lá todo mundo era preferencial. Quando vamos ao restaurante, perguntam a ele o que eu quero, e não a mim. Mal sabem que meu ouvido é apuradíssimo e que meus olhos são minhas mãos. Ainda falta à sociedade compreensão sobre diferenças. Abertura à diversidade é chamar para o baile, mas a verdadeira inclusão é deixar escolher a música.

(Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2823, ano 56, nº 1, 11 jan. 2023, p. 69) – Adaptado
O que motivou a escrita do texto foi
Alternativas
Q2159104 Matemática
Um reservatório de água tem 5 m de comprimento, 3 m de largura e 2 m de altura. Ele está cheio até três quartos de sua capacidade. Quantos litros faltam para que ele fique totalmente cheio?
Alternativas
Q2159103 Matemática
Se José tivesse R$ 58,00 mais do que tem, poderia comprar um sapato de R$ 280,00. Quanto José tem?
Alternativas
Q2159102 Matemática
Um saco de cinco quilos de uma certa marca de arroz está custando R$ 24,30. Dona Maria, que tem um marmitex, gasta 20 quilos de arroz por semana. De quantos sacos de arroz ela vai precisar e quanto vai gastar?
Alternativas
Q2159101 Matemática
Dona Gertrudes, tem 6 netos. Ela repartiu, igualmente, 15 bombons entre eles. Quanto cada neto recebeu?
Alternativas
Q2159100 Matemática
Um marceneiro recebeu como encomenda a construção de um armário para a cozinha. Ele já fez 0,75 do armário. Que fração corresponde à parte que está pronta? E quanto falta para acabar a encomenda?
Alternativas
Q2159099 Matemática
André, Leda e Gabriel são primos. Gabriel tem o dobro da idade de André. André tem o triplo da idade de Leda, que tem 8 anos. Qual a idade desses três irmãos?
Alternativas
Q2159097 Matemática
Uma fábrica de roupas produz 7.560 aventais por mês. Esses aventais são encaixotados, colocando-se 120 aventais em cada caixa. Quantas caixas são necessárias para embalar a produção de 3 meses?
Alternativas
Q2159096 Matemática
A diferença de dois números é 51. Aumentando-se no minuendo 8 unidades e diminuindo-se do subtraendo 2 unidades, qual será a nova diferença?
Alternativas
Respostas
1761: D
1762: C
1763: A
1764: D
1765: C
1766: A
1767: D
1768: B
1769: D
1770: A
1771: A
1772: D
1773: A
1774: D
1775: B
1776: A
1777: A
1778: D
1779: B
1780: D