Barbárie nas redes sociais
A covardia e a barbárie dos recentes ataques a escolas
no País jogaram luz sobre a violência que se propaga na internet e sobre o papel das redes sociais na incitação a esse
tipo de crime. Uma amostra do tamanho do problema acaba de ser divulgada pelo Ministério da Justiça e Segurança
Pública: em poucos dias, a recém-lançada Operação Escola Segura solicitou a exclusão de 431 contas do Twitter que
continham palavras-chave – as chamadas hashtags – relacionadas a ataques contra escolas em diferentes localidades
do Brasil. Foram feitos pedidos também à plataforma TikTok
para que retirasse do ar três perfis cujo conteúdo relacionado
ao tema buscava espalhar medo na população.
Infelizmente, tais contas são apenas a ponta do iceberg
– e as redes sociais abrigam um volume infinitamente maior
de grupos que se valem do mundo virtual para estimular a
prática de atentados em estabelecimentos de ensino. Não
surpreende, portanto, que as atenções se voltem para as
plataformas digitais e para a sua responsabilidade no sentido de impedir a propagação de crimes. Sem dúvida, essas
empresas têm muito a fazer, e se engana quem pensa que a
internet é terra sem lei.
No Brasil, o Marco Civil da Internet define direitos e obrigações para usuários e provedores. Eis uma realidade que
não pode passar despercebida: por mais que aperfeiçoamentos legislativos sejam sempre bem-vindos, o País dispõe de
um marco legal sobre o tema – e é a partir dele que as redes
sociais devem pautar sua atuação.
O uso da internet e de redes sociais em ataques a escolas, assim como em outros crimes bárbaros, é fenômeno
global – um triste sinal dos tempos que precisa ser combatido
com rigor e redobrado empenho também no mundo virtual.
Eis uma tarefa para múltiplos atores, desafio que requer a
ação do governo e da sociedade. Evidentemente, parte importante dessa responsabilidade cabe às plataformas, que
podem e devem agir mais.
(Opinião. Em: https://www.estadao.com.br/opinião, 12.04.2023. Adaptado)