Atente ao seguinte excerto: “A vida de Sandra
sempre foi um palco. Pelo menos, é assim que ela
pensa, e azar de quem não teve a sorte de ser tão
encantadora quanto ela. Desde o fim da
adolescência, usa a sedução para conseguir o que
quer. Quando a estratégia dá errado, apela para
outros argumentos – com pelo menos dois exnamorados, ameaçou suicídio. Bastou retomarem o
relacionamento para que ela dispensasse os rapazes.
Fanática por boa forma e beleza, bate ponto
diariamente na academia e muda de atividade física
a cada modismo que surge. Tem uma prateleira
repleta de cremes caros, faz todo tipo de tratamento
com a dermatologista e seu guarda-roupa poderia
muito bem ser o de uma estrela de Hollywood. Seu
marido, Marcos, executivo de uma multinacional, não
se lembra de tê-la visto de cara lavada – até na
maternidade e no resguardo dos três filhos contratou
uma maquiadora, para ‘receber a contento’ as
visitas. Em qualquer ambiente que chega, Sandra
deseja ser o centro das atenções. Quer fazê-la feliz?
Arrume um convite VIP para um camarote badalado.
Quer irritá-la? Tente roubar sua cena. Em família,
quando isso acontece, ocorrem crises de choro,
chantagem emocional, mal-estares súbitos e a velha
história de que ninguém a compreende, a ama nem
valoriza o afeto que dispensa. Os filhos até
desconfiam de que tudo não passa de “faniquito”,
mas melhor não contrariar... Gosta de se vangloriar
de ter milhões de amigos, embora inclua nessa
categoria pessoas que nem de longe privam de sua
intimidade”.
(Katia Mecler – Psicopatas do Cotidiano, como reconhecer,
como conviver, como se proteger. Rio de Janeiro, Casa da
Palavra, 2015, p. 157-174.)
Pessoas que têm comportamentos como os de
Sandra descritos acima são diagnosticadas como
tendo transtorno de personalidade