Questões de Concurso
Comentadas para trt - 12ª região (sc)
Foram encontradas 596 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
O crescimento das cidades
médias, aquelas com mais de 100.000 e menos de 500.000 habitantes, é o grande
fenômeno nacional. Na próxima década, a catarinense Joinville, a gaúcha Caxias
do Sul, Niterói e Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, e Santos e São José
do Rio Preto, em São Paulo, devem ombrear com Londrina, no Paraná. No sertão
nordestino, a pernambucana Petrolina e a paraibana Campina Grande já se
comportam como metrópoles. Há vários casos de cidades médias que crescem a um
ritmo chinês, como a paulista Hortolândia, a paraense Marabá e Angra dos Reis e
Cabo Frio, estas no Rio de Janeiro. Um estudo da socióloga Diana Motta e
do economista Daniel da Mata, ambos do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, nos últimos dez
anos, elas se converteram no verdadeiro motor do desenvolvimento brasileiro.
Para se ter uma ideia, entre 2002 e 2007 o produto interno bruto cresceu a uma
taxa de 4% ao ano. O das cidades médias contribuiu, em média, 5,4% ao ano -
quase o dobro do crescimento verificado nos municípios grandes. Donas de um parque
industrial e um setor de serviços mais pujantes, elas respondem, agora, por 28%
da economia nacional.
Hoje, um em cada quatro brasileiros vive em
cidades médias. O dinamismo constatado pelos dois pesquisadores é um sinal
inequívoco de progresso. "A
evolução das cidades médias indica que o Brasil está superando uma deficiência
histórica: a concentração da riqueza nos grandes centros situados ao longo do
litoral", diz o economista Danilo Igliori, da Universidade de São Paulo.
No século XVII, frei Vicente do Salvador, considerado o primeiro historiador do
país, condenava o modelo de ocupação do território. "Contentam-se de andar
arranhando (as terras) ao longo do mar como caranguejos", escreveu em sua História do Brazil, publicada em 1630. Somente durante
o milagre econômico dos anos 70 o governo federal percebeu que algumas cidades
médias tinham se tornado polos econômicos regionais, atraíam contingentes de imigrantes
e precisavam adotar políticas específicas para não enfrentar processos de favelização
semelhantes aos vividos por São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto rendeu
frutos. Embora abriguem bolsões de pobreza, esses municípios obtiveram melhores
resultados na preservação de seu tecido urbano.
Em meados dos anos 90, os investidores
depararam com capitais estranguladas e resolveram interiorizar suas operações industriais
e comerciais. Hoje, de cada real produzido nas fábricas brasileiras, 44
centavos são provenientes de unidades instaladas em cidades médias. Um dos
resultados da expansão econômica foi o aumento vertiginoso do setor de
serviços. Tais mudanças conferiram tanta independência às cidades médias que
60% delas não precisam ter maiores vínculos com a região metropolitana da
capital de seu Estado.
(ESPECIAL CIDADES MÉDIAS. Veja, 1 de setembro de 2010, pp. 78-80, com adaptações.)
Com outras palavras, a mesma ideia está expressa com correção e clareza em:
nas novelas. Para ter público, a novela precisa dispor de personagens
de todas as classes sociais, explicava ela, o que exige
uma trama complexa. Acrescento: a mobilidade social é decisiva
nas novelas e se dá sobretudo pelo amor entre ricos e
pobres. Provavelmente as novelas exibam casos de ascensão
social pelo amor - genuíno ou fingido - em proporção maior que
a vida real .... Mas a novela não é um retrato do Brasil, ou melhor,
é sim, mas como aqueles retratos antigos do avô e da avó,
fotografados em preto e branco, mas, depois, cuidadosamente
retocados e coloridos. O fundo é real. A tela: ideais, sonhos,
fantasias.
Novelas vivem de conflitos. Eles são movidos, quase
todos, pela oposição do bem e do mal. Esse confronto dramático
nos empolga. Talvez por isso a democracia não nos
empolgue tanto, no seu dia a dia: porque, nela, os conflitos são
a norma e não a exceção. Ela é o único regime em que divergir,
sem ter de se explicar e justificar, é legítimo. Quando uma
democracia funciona bem, não escolhemos em razão da honestidade
e competência - que deveriam existir nos dois ou mais
lados em concorrência - mas com base nos valores que preferimos,
por exemplo, liberalismo ou socialismo. Mas nossa
tendência, mesmo nas democracias, é converter as eleições em
lutas do bem contra o mal. É demonizar o adversário, transformá-
lo em inimigo. Creio que isso explica por que a democracia,
uma vez instalada, empolga menos que a novela. De
noite, dá mais prazer reeditar o *ágon milenar do bem e do mal,
do que aceitar que os conflitos fazem parte essencial da vida e,
portanto, as duas partes podem ter alguma razão. Aliás, há
muitos séculos que é encenada essa situação de confronto
irremediável entre dois lados que têm razão: desde os gregos
antigos, tem o nome de tragédia. A democracia é uma tragédia
sem final infeliz - ou, talvez, sem final.
As novelas recompensam, em geral, os bons. Mas eles
são bons só na vida privada. É difícil alguém se empenhar em
melhorar a cidade, a sociedade. As personagens boas são
afetuosas, solidárias, mas não têm vida pública. As personagens
más são menos numerosas, mas são indispensáveis.
Condimentam a trama. Seu destino é mais variado, e assim
deve ser, se quisermos uma boa novela. Não podem ser todas
punidas, nem sair todas impunes.
* ágon - elemento de origem grega: assembleia; local onde se realizam
jogos sacros e lutas; luta.
(Trecho do artigo de Renato Janine Ribeiro. O Estado de S.
Paulo, C2+música, D17, 11 de setembro de 2010, com
adaptações.)
As frases acima, do final do texto, se organizam de modo lógico, claro e correto em um único período, sem alteração do sentido original, em:
nas novelas. Para ter público, a novela precisa dispor de personagens
de todas as classes sociais, explicava ela, o que exige
uma trama complexa. Acrescento: a mobilidade social é decisiva
nas novelas e se dá sobretudo pelo amor entre ricos e
pobres. Provavelmente as novelas exibam casos de ascensão
social pelo amor - genuíno ou fingido - em proporção maior que
a vida real .... Mas a novela não é um retrato do Brasil, ou melhor,
é sim, mas como aqueles retratos antigos do avô e da avó,
fotografados em preto e branco, mas, depois, cuidadosamente
retocados e coloridos. O fundo é real. A tela: ideais, sonhos,
fantasias.
Novelas vivem de conflitos. Eles são movidos, quase
todos, pela oposição do bem e do mal. Esse confronto dramático
nos empolga. Talvez por isso a democracia não nos
empolgue tanto, no seu dia a dia: porque, nela, os conflitos são
a norma e não a exceção. Ela é o único regime em que divergir,
sem ter de se explicar e justificar, é legítimo. Quando uma
democracia funciona bem, não escolhemos em razão da honestidade
e competência - que deveriam existir nos dois ou mais
lados em concorrência - mas com base nos valores que preferimos,
por exemplo, liberalismo ou socialismo. Mas nossa
tendência, mesmo nas democracias, é converter as eleições em
lutas do bem contra o mal. É demonizar o adversário, transformá-
lo em inimigo. Creio que isso explica por que a democracia,
uma vez instalada, empolga menos que a novela. De
noite, dá mais prazer reeditar o *ágon milenar do bem e do mal,
do que aceitar que os conflitos fazem parte essencial da vida e,
portanto, as duas partes podem ter alguma razão. Aliás, há
muitos séculos que é encenada essa situação de confronto
irremediável entre dois lados que têm razão: desde os gregos
antigos, tem o nome de tragédia. A democracia é uma tragédia
sem final infeliz - ou, talvez, sem final.
As novelas recompensam, em geral, os bons. Mas eles
são bons só na vida privada. É difícil alguém se empenhar em
melhorar a cidade, a sociedade. As personagens boas são
afetuosas, solidárias, mas não têm vida pública. As personagens
más são menos numerosas, mas são indispensáveis.
Condimentam a trama. Seu destino é mais variado, e assim
deve ser, se quisermos uma boa novela. Não podem ser todas
punidas, nem sair todas impunes.
* ágon - elemento de origem grega: assembleia; local onde se realizam
jogos sacros e lutas; luta.
(Trecho do artigo de Renato Janine Ribeiro. O Estado de S.
Paulo, C2+música, D17, 11 de setembro de 2010, com
adaptações.)
O emprego das reticências no final do segmento transcrito acima denota
I. Consiste em uma sequência de passos utilizada para controlar qualquer processo definido.
II. É uma ferramenta que auxilia na organização do processo de implementação de melhorias, dando uma diretriz para a condução desses processos.
III. É usado para identificar uma ou duas categorias de situação nas quais a maioria dos problemas ocorre. Essa ferramenta enfoca o esforço nas categorias que oferecem maior potencial de melhoria, exibindo suas frequências relativas.
Está correto o que consta APENAS em
Deus, que não tinha problemas de verba, nem uma
oposição para ficar dizendo "Projetos faraônicos! Projetos faraônicos!",
resolveu, numa semana em que não tinha mais nada
para fazer, criar o mundo. E criou o céu e a terra e as estrelas, e
viu que eram razoáveis. Mas achou que faltava vida na sua
criação e - sem uma ideia muito firme do que queria - começou
a experimentar com formas vivas. Fez amebas, insetos, répteis.
As baratas, as formigas etc. Mas, apesar de algumas coisas
bem resolvidas - a borboleta, por exemplo -, nada realmente o
agradou. Decidiu que estava se reprimindo e partiu para grandes
projetos: o mamute, o dinossauro e, numa fase especialmente
megalomaníaca, a baleia. Mas ainda não era bem aquilo.
Não chegou a renegar nada do que fez - a não ser o rinoceronte,
que até hoje Ele diz que não foi Ele - e tem explicação até
para a girafa, citando Le Corbusier* ("A forma segue a função").
Mas queria outra coisa. E então bolou um bípede. Uma variação
do macaco, sem tanto cabelo. Era quase o que Ele queria. Mas
ainda não era bem aquilo. E, entusiasmado, Deus trancou-se na
sua oficina e pôs-se a trabalhar. E moldou sua criatura, e
abrandou suas feições, e arredondou suas formas, e tirou um
pouquinho daqui e acrescentou um pouquinho ali. E criou a
Mulher, e viu que era boa. E determinou que ela reinaria sobre a
sua criação, pois era a sua obra mais bem acabada.
Infelizmente, o Diabo andou mexendo na lata de lixo de
Deus e, com o que sobrou da Mulher, criou o Homem.
*Le Corbusier = Importante arquiteto francês
(Luis Fernando Verissimo. As mentiras que os homens contam.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001)