Amazônia perdeu 500 mil km² da floresta em 37 anos, aponta levantamento
Desmatamento na Amazônia pode estar entrando em nível irreversível, diz especialista
Um levantamento feito pela Rede de Informação Socioambiental Georreferenciada da Amazônia apontou
que a Amazônia perdeu 500 mil km² da floresta em 37 anos. O dado observado preocupa, pois o bioma pode
estar chegando num ponto irreversível de destruição das florestas, conforme os especialistas.
O novo relatório foi divulgado durante um seminário na embaixada do Brasil no Peru. Ele traz dados de 37
anos de monitoramento e um alerta para o ritmo de perda de floresta e uso do solo.
Em 1985, 500 mil quilômetros quadrados da floresta tinham sido transformados em pastagens, lavouras,
garimpos ou áreas urbanas. Em 2021, essa perda atingiu praticamente 15% de toda a floresta - o que
equivale a quase 1 milhão, duzentos e cinquenta mil km².
A destruição da vegetação está perto de um ponto irreversível, consideram os cientistas.
"Essa caracterização vai nos mostrando essa perda quase que irreparável da floresta, que é aquilo que mais
preocupa os cientistas no sentido da Amazônia atingir o que vem sendo chamado do ponto de não retorno,
que é aquele momento em que a perda de floresta foi tão grande que a Amazônia como um todo não cumpre
mais o seu papel como uma reguladora climática. Uma floresta que ajuda a produzir chuvas", disse a portavoz da Raisg, Adriana Ramos.
O tamanho dessa destruição varia entre os nove países cobertos pela Floresta Amazônica na América do Sul.
Quase 62% de todo o bioma está no Brasil. É aqui onde o ritmo de desmatamento está mais acelerado.
Entre 1985 e 2021, a devastação cresceu 19% no país, segundo o estudo.
O relatório da Rede de Informação Sociambiental Georreferenciada da Amazônia e do Mapbiomas - que
formado por universidades, ONGs e empresas de tecnologia - traz outro dado preocupante. A atividade de
extração de minério aumentou mais de mil por cento nesses 37 anos.
"A gente sabe hoje que a Amazônia interfere no clima de todo o continente, afeta as chuvas que vão afetar a
produção agrícola. Então é muito importante que a gente olhe para esses dados e se debruce sobre eles para
compreender essas dinâmicas e possa pensar em soluções que façam com que a Amazônia possa se
desenvolver sem haver essa destruição. Até porque muitos estudos já demonstram que a destruição da
floresta não está trazendo desenvolvimento para as comunidades locais", afirmou Ramos.
(Disponível em https://g1.globo.com/am/amazonas/natureza/amazonia/noticia/2022/12/19/. Acesso em 27/02/2024.)