Questões de Concurso Comentadas sobre pontuação em português

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Q2293863 Português
Por uma cultura de paz permanente

        O Brasil já teve um Ministério da Guerra, criado em 1891, no período republicano. Atualmente, temos apenas o Ministério da Defesa, criado em 1999. Outros países também criaram seus ‘ministérios da guerra’. Mas não me recordo de um momento histórico no Brasil ou em outros países que tenha sido criado um Ministério da Paz.
        A violência nas escolas, contra estudantes e professores, não é uma exclusividade dos Estados Unidos que, ato contínuo, atordoa o mundo há décadas. A própria situação contra a Malala Yousafzai demonstra isso: por defender o direito das mulheres de terem acesso à educação foi vítima de um atentado em 2012, perpetrado pelo grupo fundamentalista Talibã.
        Os exemplos de guerra e violência dentro e fora das escolas, associados ou não à educação, são milenares, globais. São mazelas humanas que atingem a todos, independentemente de raça, credo, situação cultural, educacional ou financeira.
        O que pode mudar nesse cenário são ações efetivas e transferíveis em escala e em todos os níveis, pois sabemos que a paz e a cultura da paz nas escolas têm força, como o próprio exemplo da Malala Yousafzai sinaliza, ainda que em um certo contexto que possa ser uma imagem enviesada, apesar do brutal atentado, ela sobreviveu e, em 2014, recebeu o Nobel da Paz.
        Palavras leva o mar, se não estiveram associadas a ações e coragem. Mas palavras também são ferramentas para aprender e ensinar. Uma educação para a paz pode começar pelo básico, pelos dicionários, livros repletos de palavras e significados. Ali encontramos insights para o futuro das relações humanas. Estão lá os significados da empatia, socioemocional, escuta, diálogo, acolhimento… Fácil encontrar um dicionário na escola, e na palma da mão, claro.
        De fato, esse não é um tema simples, mas possível para a sociedade e para todo segmento educacional. Trata-se de olhar para o passado, mas com uma visão para redesenhos futuros. Compreender o que passamos recentemente: um período doloroso, de afastamento físico e social durante a fase mais dura da pandemia, que afetou a muitos, desequilibrou a saúde mental de estudantes, de professores e da sociedade em si.
        Quando a pandemia foi decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), lembro que ouvi muito: depois disso tudo, vamos sair melhores como seres humanos. Acredito nisto, pela própria força do verbo esperançar. Mas confesso que precisamos avançar muito mais ainda para que isso se torne realidade.
        O fato concreto é que, enquanto isolados, passamos por sofrimentos, alguns por violência dentro de casa, muitos com medo do desconhecido e todos com a percepção diuturna do risco de morte. E, de repente, como em um passe de mágica, todos então estaríamos prontos a voltar ao tempo de retomada social, de reestabelecimento de relações, de grupos e pessoas em sala de aula.
        Tudo evolui o tempo todo, e a educação não está em uma bolha isolada. Andamos, de fato, mais devagar, porque já tivemos muita pressa. Mas nada deixou de evoluir. E não vejo problema algum que os avanços tecnológicos sejam rápidos, acelerados. A questão é como e com quais mecanismos podemos equilibrar essa evolução tecnológica acelerada com aspectos que abarquem seres humanos melhores, mentalmente saudáveis, resilientes, empáticos, abertos ao diálogo, à divergência, à inclusão, à diversidade.
        São muitos os pontos essenciais para criarmos uma cultura de paz nas escolas. Sei que um deles passa pelo diálogo, acompanhado pelo acolhimento do outro. Sei também que, hoje, as conexões são importantes, embora em tempos líquidos não há vantagem em estar em várias conexões, porque é fácil conseguir desconectar-se dessas desconexões sem grandes perdas ou custos.
        É um tanto a diferença entre conexão e relacionamento, bem descrita pelo filósofo, sociólogo, professor e escritor polonês Zygmunt Bauman, para quem a sociedade, na atual contemporaneidade líquida, está cada vez mais vazia, repleta de amigos on-line, mas em conexões off-line. Do próprio Bauman, “um vazio que faz com que a sociedade entre em um espírito de substituição e medo da solidão, pois, antes de entrarem na busca por conexões já sabem o roteiro final: se uma pessoa/conexão se vai, pode ser substituída por outra sem nenhum problema”.
        Se nós, professores, educadores, entes que trabalhamos com e para a educação queremos criar uma cultura da paz nas escolas , na outra ponta, na sociedade, nosso zeitgeist (do alemão “o espírito do tempo”) começa por uma reconstrução cotidiana de relacionamentos efetivos e afetivos, para se diferenciar e distanciar das conexões liga-desliga, nas quais não há entrega de sentimentos e nem de confiança, pois se sabe que essa relação vai ter seu final cedo ou tarde.
        Ou seja, uma cultura da paz precisa ser construída dentro de um novo espírito do tempo, de forma concretamente duradoura, permanente, e não líquida.
        “A incerteza é o habitat natural da vida humana – ainda que a esperança de escapar da incerteza seja o motor das atividades humanas. Escapar da incerteza é um ingrediente fundamental, menos que apenas tacitamente presumido, de todas e quaisquer imagens compósitas de felicidade”, Zygmunt Bauman, 2009.

(Adriana Martinelli. Revista Educação. Em 09/05/2023. Adaptado.)
Em “A violência nas escolas, contra estudantes e professores, [...]” (2º§), as vírgulas foram empregadas para separar:
Alternativas
Q2293834 Português
A quantidade de horas que você precisa dormir pode estar nos seus genes

E pode ser graças a uma mutação ligada ao cérebro que aquele
seu amigo pilhado precisa de menos de 6 horas de sono.

            Para ter uma passagem saudável pela Terra, a maioria das pessoas precisa ficar um terço da vida dormindo.
        Das 24 horas de um dia, o ideal é que 8 delas sejam passadas na cama. É claro que muita gente não cumpre a recomendação – e a tendência vista por médicos e cientistas é que estamos dormindo cada vez menos. Para a maioria das pessoas, isso não poderia ser pior. Uma pessoa normal não fica nada bem dormindo repetidamente por menos de 7 horas. Ela fica mais burra, literalmente – o prejuízo cognitivo é equivalente à de uma noite de bebedeira.
      Noites mal dormidas levam a alterações de humor, prejuízos à memória e aprendizado, redução da atenção, enfraquecimento do sistema imune e até riscos aumentados de desenvolver doenças psiquiátricas.
            Apesar das 8 horas serem o consenso médico… Isso oficialmente não vale para todo mundo. Muito provavelmente você tem aquele amigo que dorme 4 horas por dia e sempre está uma pilha, enquanto você, que tenta dormir ao menos 6, está sempre cansado.
            Neurologistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco (UCSF), podem ter finalmente descoberto o motivo: genes impactam diretamente no quanto alguém precisa dormir.
         Na verdade, essa associação não é nova, começou em 2009. Naquele ano, a mesma equipe de pesquisadores descobriu que pessoas que haviam herdado uma mutação específica em um gene chamado DEC2 precisavam, em média, de apenas 6,25 horas de sono por noite para estarem plenamente bem no outro dia. Enquanto isso, pessoas normais, sem essa mutação, precisavam em média de 8,06 horas.
            A descoberta de 2009 foi curiosa, mas até aí os próprios autores acreditavam que a mutação não passava de casualidade. Até agora, quando descobriram um novo gene relacionado ao sono.
               Esse segundo achado reforça a ideia de que as variações genéticas estão diretamente ligadas às quantidades de horas de sono que o organismo precisa – e que são elas que podem explicar porque as pessoas relatam ter necessidades radicalmente diferente umas das outras quando o assunto é sono.
                No novo estudo, divulgado no periódico Neuron, a equipe investigou uma família de sono naturalmente curto – todos os parentes dizem ficar muito bem com 6 horas de sono. O interessante é que nenhum deles apresentava a primeira mutação, no gene DEC2.
            Foi aí que eles tentaram procurar outra explicação – e encontraram uma coisa que todos os membros da família tinham em comum no DNA: uma mutação em um gene chamado ADRB1, que é responsável pelos níveis de atividade dos neurônios que ficam no tronco encefálico – mais especificamente na região dorsal dos núcleos da rafe, área conhecida por controlar os estágios do sono.
            Para testar se essa mutação tinha o mesmo efeito fora da família acordadinha, os cientistas desenvolveram uma série de testes em camundongos geneticamente modificados com a variante mutada do ADRB1. Não deu outra: eles dormiram em média 55 minutos a menos do que os camundongos comuns – o que sugere que, sim, esse gene está relacionado à falta de sono. A atividade dos neurônios da região era aumentada nos ratos com genes mutantes, o que pode estar mediando o comportamento do sono curto.

(Ingrid Luisa. Editora Abril. Em: 19/08/2019. Fragmento.)
Assinale a justificativa correta sobre o emprego das vírgulas no seguinte trecho: “Noites mal dormidas levam a alterações de humor, prejuízos à memória e aprendizado, redução da atenção, enfraquecimento do sistema imune e até riscos aumentados de desenvolver doenças psiquiátricas.” (3º§)
Alternativas
Q2293720 Português
Texto 2


      No dia 16 de outubro, comemora-se o Dia Mundial da Alimentação, uma data que serve para a reflexão sobre a situação do Brasil e do mundo quando o assunto é comida no prato. Infelizmente, a fome cresceu no planeta e atingiu 9,8% da população global em 2021, segundo um relatório lançado pela Organização das Nações Unidas. No Brasil, os dados também são chocantes. O 2° Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no país apontou que 33,1 milhões – cerca de 15,5% dos brasileiros – vivem em situação de insegurança alimentar grave.
     
    Em um cenário assim, o trabalho de organizações da sociedade civil se torna essencial para combater a fome hoje, neste momento, e também para promover mudanças sistêmicas que construam um amanhã mais digno e justo. Para transformar essa trágica realidade, é preciso mobilização e apoio. [...]
      

Disponível:
https://movimentobemmaior.org.br/5-iniciativas-que-atuam-pela-
seguranca-alimentar-no-brasil/?gclid=CjwKCAjwr_CnBhA0Ei-
wAci5siv2Z6jszwmp1Y3rIfhIA0AtEqlmYJi1lYz1otCOT-
qpkZFRTXB4dy3BoCvk0QAvD_BwE . (Adaptado) Acesso em 10/08/2023.
No trecho: ‘apontou que 33,1 milhões – cerca de 15,5% dos brasileiros – vivem em situação de insegurança alimentar grave.’, o uso dos travessões respeita as regras de Pontuação e foi utilizado para:
Alternativas
Q2293115 Português
Texto 1


A importância da educação no combate à
desinformação


A desinformação é um problema crescente na sociedade moderna. Com a facilidade de acesso a ferramentas tecnológicas ultramodernas e de fácil aplicação e com a ampla oferta de canais de distribuição de alto impacto – redes sociais, por exemplo –, está cada vez mais fácil espalhar informações falsas e enganosas. O que temos visto nos últimos tempos é uma avalanche de conteúdos fraudulentos de todos os tipos, capazes de gerar consequências graves, como distorção da opinião pública, manipulação de eleições, problemas de saúde pública e até mesmo violência.
       É inegável que a proliferação de novos canais de informação nascidos a partir da democratização do acesso à internet trouxe grandes benefícios à sociedade. Novos veículos de comunicação, novos espaços e formatos trouxeram dinamismo, diversidade e pluralidade ao ecossistema comunicacional. Sem contar que as redes sociais ampliaram muito positivamente a comunicação: de repente, cada um de nós passou a poder produzir informações, opinar, transmitir e interagir diretamente com milhares de pessoas. Passamos todos de simples consumidores a produtores altamente ativos dos mais diversos conteúdos.
      Se, por um lado, a ampliação dos espaços de participação é positiva e deve ser comemorada, há também uma faceta negativa nesse movimento: nem todos têm a mesma habilidade para discernir entre verdadeiro e falso, para diferenciar informação factual de opinião, sátira de humor, boato de achismo, nem tiveram tempo ou aprendizados para usar esses novos meios com responsabilidade e consciência. E os desafios não param por aí. A chegada da inteligência artificial (IA) generativa e todas as suas infinitas possibilidades de utilização tornam o combate à desinformação cada vez mais árduo e complexo.
      O fato é que não existe uma bala de prata capaz de acabar com o fenômeno da desinformação. É preciso ir além da busca por uma solução mágica e atacar o problema de forma holística e multidisciplinar. É necessário avançar em soluções de longo prazo, que preparem o indivíduo não apenas para os desafios atuais, mas também para os que possam surgir no futuro, principalmente com a cada vez maior digitalização da nossa sociedade.
      É neste sentido que a educação midiática se torna não só uma aliada, como também uma das ferramentas mais importantes no combate à desinformação. Ao fornecer aos cidadãos as habilidades necessárias para avaliar a informação de forma crítica, diferenciar gêneros textuais e tipos de mídia, avaliar a credibilidade das fontes de informação e identificar os preconceitos na mídia, a educação ajuda a reduzir a vulnerabilidade a conteúdos fraudulentos na medida em que aumenta a capacidade de questionar uma informação antes de acreditar nela ou mesmo de passá-la à frente.
      Na prática, o objetivo da educação midiática é oferecer oportunidade para que qualquer pessoa desenvolva as competências necessárias para navegar no universo informacional com segurança. Ou seja, ser educado midiaticamente significa aprender a filtrar, ler criticamente e dar sentido ao enorme fluxo de informações que nos cerca. Significa desenvolver nossa voz, promovendo as habilidades necessárias para que possamos nos expressar em diversas linguagens, aprendendo e atuando em nossas comunidades.
      Significa também aprender a utilizar a tecnologia para participar da sociedade de forma ética, promovendo a empatia, reconhecendo e respeitando a diversidade de vozes e combatendo o discurso de ódio e a intolerância. Para além do combate à desinformação, esse entendimento ajuda no aproveitamento das oportunidades que o ambiente digital proporciona, visando principalmente ao fortalecimento da autoexpressão, ao protagonismo jovem e ao exercício da cidadania.
Levar esse tema para a sala de aula é fundamental e urgente. A união de esforços visando mobilizar todos os agentes envolvidos – como professores, formuladores de políticas públicas, membros da academia e sociedade em geral – é condição essencial para implementar a educação midiática nas escolas e, com isso, ajudar crianças e jovens a terem uma relação mais saudável e segura com as mídias.
O que precisamos agora é abrir cada vez mais espaço para a educação midiática nos currículos escolares, seguindo o exemplo bem-sucedido da Finlândia, que implementou políticas públicas eficazes para formar midiaticamente crianças e jovens, desenvolvendo neles as habilidades relativas ao pensamento crítico. O país nórdico é hoje o campeão, pela sexta vez consecutiva, em resiliência à desinformação e ao fenômeno da pós-verdade, segundo o Media Literacy Index, medido pelo Open Society Institute de Sofia (Bulgária).
O Brasil, aos poucos, está começando a reconhecer a importância de capacitar os cidadãos a lidarem de maneira crítica e responsável e no ambiente digital. Mas precisamos avançar mais, pois uma população bem informada e capaz de analisar as informações que recebe é essencial para a saúde de qualquer democracia, inclusive a nossa.


BLANCO, Patrícia.Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/artigos/a-importancia-da-educacao-no-combate-adesinformacao . Acesso em 10/09/2023.
No trecho: “Na prática, o objetivo da educação midiática é oferecer oportunidade para que qualquer pessoa desenvolva as competências necessárias para navegar no universo informacional com segurança.”, o emprego da vírgula atende aos preceitos da pontuação. Indique a alternativa cujo uso da vírgula se justifica pela mesma regra. 
Alternativas
Q2292933 Português




(Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2022/04/03/musica-e-tao-eficaz-para-asaude-mental-quanto-exercicio-sugere-estudo.htm – texto adaptado especialmente para esta prova)

Os símbolos Imagem associada para resolução da questão (l. 02) e Imagem associada para resolução da questão (l. 17) podem ser substituídos, respectivamente, por quais sinais de pontuação? 
Alternativas
Q2292901 Português
A beleza total

        A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
        A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
        O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.
        Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves. 

(Contos Plausíveis. Carlos Drummond de Andrade.)
Em “A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes.” (1º§), o ponto final foi empregado com a finalidade de
Alternativas
Q2292745 Português
        Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria, que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia. O pároco era um homem sangüíneo e nutrido, que passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões. Contavam-se histórias singulares da sua voracidade. O Carlos da Botica — que o detestava — costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
         — Lá vai a jibóia esmoer. Um dia estoura!
        Com efeito estourou, depois de uma ceia de peixe — à hora em que defronte, na casa do doutor Godinho que fazia anos, se polcava com alarido. Ninguém o lamentou, e foi pouca gente ao seu enterro. Em geral não era estimado. Era um aldeão; tinha os modos e os pulsos de um cavador, a voz rouca, cabelos nos ouvidos, palavras muito rudes.
        Nunca fora querido das devotas; arrotava no confessionário, e, tendo vivido sempre em freguesias da aldeia ou da serra, não compreendia certas sensibilidades requintadas da devoção: perdera por isso, logo ao princípio, quase todas as confessadas, que tinham passado para o polido padre Gusmão, tão cheio de lábia!

(Fonte: Eça de Queiroz — original.)
O travessão, utilizado ao longo do texto, é um sinal de pontuação muito utilizado em textos literários. O travessão foi utilizado no texto:
Alternativas
Q2292076 Português
Texto I

Você está preparado para trabalhar no século XXI?
As projeções são de um mercado de trabalho cada vez mais desigual


Dora Kaufman



      Estudos de consultorias e instituições internacionais sobre o mercado de trabalho divergem quanto aos números, porque têm base em metodologias distintas, contudo convergem sobre uma tendência: eliminação crescente de funções, ameaça aos empregos.

      No Brasil, temos dois estudos: um da Universidade de Brasília, que indica que 54% das funções no Brasil têm probabilidade de serem eliminadas até 2026; e outro do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, que indica que mais de 50% das funções serão eliminadas até 2050, ou seja, 35 milhões de trabalhadores formais correm risco de perder seus empregos para a automação. Por outro lado, com 13% de taxa de desemprego, as empresas enfrentam dificuldade de preencher vagas em aberto por falta de candidatos qualificados.

       As projeções são de um mercado de trabalho cada vez mais desigual, com as funções de alto desempenho extremamente lucrativas, e as demais com perdas salariais ou eliminadas pela automação. [...]

       A Uber ilustra bem o que está por vir. O número de motoristas cadastrados cresceu em 50% entre 2016-2018 (50 milhões para 100 milhões). No Brasil, são cerca de 600 mil motoristas; o pleno sucesso de seu projeto de carro autônomo, em teste em várias cidades, gerará um lucro extraordinário aos seus acionistas e uma perda total para os seus motoristas. A automação inteligente vai invadir o varejo, as transportadoras, os bancos e uma infinidade de funções em quase todos os setores, atingindo fortemente a classe média.
      Ao contrário de processos associados a tecnologias disruptivas anteriores, os novos modelos de negócio não são intensivos em mão de obra. Na automação das fábricas no século XX, por exemplo, os trabalhadores dispensados tinham como alternativa o setor de serviços, em plena expansão. A Economia de Dados não oferece muitas alternativas. A montadora GM demorou 70 anos para gerar um lucro de U$ 11 bilhões com 840 mil funcionários, e o Google precisou de meros 14 anos para lucrar U$ 14 bilhões com 38 mil funcionários. O exemplo talvez mais emblemático: em 2012, a Kodak abriu falência com 19 mil funcionários, após chegar a ter 145 mil funcionários; no mesmo ano, o Instagram foi comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão e tinha apenas 13 funcionários.
 
      Na competição entre o trabalhador humano e o “trabalhador máquina”, os humanos estão em desvantagem: a) a manutenção dos robôs é mais barata, as máquinas trabalham quase que em modo contínuo (sem descanso, sem férias, sem doenças), com um custo médio menor por hora trabalhada (US$ 49 para os profissionais na Alemanha e US$ 36 nos EUA, contra US$ 4 do “robô”); b) as máquinas inteligentes se aperfeiçoam automaticamente e continuamente e o custo de reproduzi-las é significativamente menor do que o custo de treinar profissionais humanos para as mesmas funções.
 
      As transformações no mercado de trabalho não advêm exclusivamente da automação inteligente, mas igualmente de novas configurações como home office e/ou contratação por projeto. Outro fator é a categoria chamada “gig economy”; plataformas e aplicativos on-line, freelancers; os aplicativos Uber, iFood, Rappi e 99 são hoje o maior empregador do país, com cerca de 3,8 milhões de trabalhadores, representando 17% dos 23,8 milhões de trabalhadores autônomos, segundo o IBGE. A tendência é a de que as empresas reduzam o número de empregados fixos, regidos pelas leis trabalhistas como CLT, com redução de custos e ganhos de eficiência, inclusive na qualidade do serviço prestado.
 
    As profissões-chave, no mercado de trabalho, dos próximos anos, segundo consultorias especializadas, são: analista de dados, cientista de dados, desenvolvedor de software e aplicativos, especialista em comércio eletrônico, especialista em mídias sociais, profissional de IA (especialista em inteligência artificial) com ênfase em aprendizado de máquina, especialista em Big Data, analista de segurança da informação e engenheiro de robótica. Em paralelo, existe um grande potencial em funções centradas em habilidades humanas, como atendimento ao cliente, vendas e marketing, treinamento e desenvolvimento de pessoas e cultura, gestão da inovação, e desenvolvimento organizacional. Até 2020, mais de um terço das habilidades essenciais para a maioria das ocupações será composto por habilidades que ainda não são cruciais para o trabalho atual.

       Para não perder a relevância econômica e social no século XXI, o desafio é identificar quais as habilidades necessárias para que o “robô” não roube seu emprego, e se capacitar. Lição de casa: liste todas as funções/tarefas desempenhadas no seu trabalho; agrupe, em colunas, as mais suscetíveis à automação e as que requerem habilidades ainda exclusivamente humanas e prepare-se para desempenhar melhor estas últimas.


KAUFMAN, Dora. Você está preparado para trabalhar no século XXI?. In: Desmistificando a inteligência artificial. Belo Horizonte: Autêntica, 2022, p. 49-51 – (Adaptado).


Glossário:


big data: uso de grandes e diversificados conjuntos de dados em análises preditivas para entender padrões, tendências e comportamentos. O big data estabelece correlações entre os dados (não causalidades).


KAUFMAN, Dora. Você está preparado para trabalhar no século XXI?. In: Desmistificando a inteligência artificial. Belo Horizonte: Autêntica, 2022, p. 307.


gig economy: A Gig Economy é uma tendência em expansão. Trata-se de uma economia alternativa da era digital que favorece prestação de trabalhos temporários ou de curto prazo para diversas empresas. Assim, a Gig Economy abrange os trabalhadores que deixaram o ambiente estável dos escritórios para conduzir sua própria carreira. 


Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/carreira. Acesso em: 20 ago. 2023. 
Considere o seguinte fragmento do texto I para responder à questão.
     Na competição entre o trabalhador humano e o “trabalhador máquina”, os humanos estão em desvantagem: a) a manutenção dos robôs é mais barata, as máquinas trabalham quase que em modo contínuo (sem descanso, sem férias, sem doenças), com um custo médio menor por hora trabalhada (US$ 49 para os profissionais na Alemanha e US$ 36 nos EUA, contra US$ 4 do “robô”); b) as máquinas inteligentes se aperfeiçoam automaticamente e continuamente e o custo de reproduzi-las é significativamente menor do que o custo de treinar profissionais humanos para as mesmas funções.

O uso dos dois pontos, nesse trecho do texto I, tem a finalidade de 
Alternativas
Q2291992 Português
Dom Casmurro

        Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.
        – Continue, disse eu acordando.
        – Já acabei, murmurou ele.
        – São muito bonitos.
        Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamamme assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.”
        Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.

(Fonte: Machado de Assis — adaptado.)
A pontuação presente na obra de Machado de Assis pode ser considerada atípica por alguns leitores, seja devido ao período em que foi escrita, seja por noções prévias derivadas da norma culta. Sobre o assunto, assinalar a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q2291926 Português
Quais os efeitos da erva-mate no corpo?

        Muito comum em alguns países da América do Sul, a erva-mate é um produto feito com as folhas secas, levemente torradas e trituradas, oriundas da planta Ilex paraguariensis Saint Hilaire, como explica o Código Alimentar da Argentina (um conjunto de normas para a comercialização de alimentos). O país vizinho ao Brasil é um dos países que também tem alto consumo da erva.
        As folhas da erva-mate são, geralmente, misturadas com fragmentos de ramos jovens e secos, além de conter os pecíolos. Essa erva pode ser consumida de diferentes formas. No Brasil, as maneiras mais comuns de tomar a erva-mate são associadas ao chimarrão (acompanhada de água quente) e ao tererê (com água, refrigerante ou suco, todos frios).
        Em países como a Argentina e o Uruguai, é preparada em forma de mate, um recipiente de madeira, plástico ou outro material no qual a erva é colocada com água quente. "Nos últimos anos, um número crescente de artigos científicos tem demonstrado um impacto relevante das propriedades da erva-mate para a saúde, atribuído aos seus compostos bioativos e atividade antioxidante", afirma Lucas Brun, pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) da Argentina e diretor do Laboratório de Biologia Óssea da Universidade Nacional de Rosário (UNR).
        O especialista falou, em entrevista à National Geographic, sobre os benefícios da erva-mate. Ele comenta seus efeitos sobre o peso corporal, o metabolismo lipídico, a proteção cardiovascular, a atividade antidiabética, anti-inflamatória, antimutagênica (redução de mutações) e seu fator antimicrobiano. Além disso, foram descritas atividades neuroprotetoras e um efeito positivo sobre os ossos, todos relacionados à erva-mate.

(Fonte: National Geographic Brasil — adaptado.)
Qual alternativa usa os dois-pontos CORRETAMENTE?
Alternativas
Q2291502 Português
O cajueiro

        O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância, belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
        Eu me lembro de outro cajueiro que era menor e morreu há muito mais tempo. Eu me lembro dos pés de pinha, do cajá- manga, da pequena touceira de espadas-de-são-jorge e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos canteiros de flores humildes, beijos, violetas. Tudo sumira, mas o grande pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da tarde.
        No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera; mas assim mesmo fiz questão de que Caribé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta a um amigo de outras terras um parente muito querido.
        A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de ventania, num fragor tremendo pela ribanceira abaixo, e caiu meio de lado, como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram; mas depois foram brincar nos galhos tombados.
        Foi agora, em setembro. Estava carregado de flores.

(BRAGA, Rubem. Cem Crônicas Escolhidas. Rio, José Olímpio, 1956, pp. 320-22.)
No trecho “Ele vive nas mais antigas recordações de minha infância, belo, imenso, no alto do morro, atrás de casa.” (1º§), o uso da vírgula justifica-se por 
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Q2291496 Português
O padeiro

        Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é o lockout, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
        Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
        – Não é ninguém, é o padeiro!
        Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é ninguém?”
        Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “Não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém.
        Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação do jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno.
        Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar: e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”. E assobiava pelas escadas.

(BRAGA, Rubem. Diário de notícias. Crônicas Escolhidas. Rio de Janeiro. Record. 1977.)
No trecho “– Não é ninguém, é o padeiro!” (3º§), o travessão foi aplicado adequadamente. Sobre tal sinal de pontuação, é INCORRETO afirmar que
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Q2291084 Português
A disciplina do amor

        Foi na França, durante a Segunda Grande Guerra: um jovem tinha um cachorro que todos os dias, pontualmente, ia esperá-lo voltar do trabalho. Postava-se na esquina, um pouco antes das seis da tarde. Assim que via o dono, ia correndo ao seu encontro e na maior alegria acompanhava-o com seu passinho saltitante de volta à casa. A vila inteira já conhecia o cachorro e as pessoas que passavam faziam-lhe festinhas e ele correspondia, chegava até a correr todo animado atrás dos mais íntimos. Para logo voltar atento ao seu posto e ali ficar sentado até o momento em que seu dono apontava lá longe.
        Mas eu avisei que o tempo era de guerra, o jovem foi convocado. Pensa que o cachorro deixou de esperá-lo? Continuou a ir diariamente até a esquina, fixo o olhar naquele único ponto, a orelha em pé, atenta ao menor ruído que pudesse indicar a presença do dono bem-amado. Assim que anoitecia, ele voltava para casa e levava sua vida normal de cachorro, até chegar o dia seguinte. Então, disciplinadamente, como se tivesse um relógio preso à pata, voltava ao posto de espera. O jovem morreu num bombardeio mas no pequeno coração do cachorro não morreu a esperança. Quiseram prendê-lo, distraí-lo. Tudo em vão. Quando ia chegando aquela hora ele disparava para o compromisso assumido, todos os dias.
        Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!), as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.

(Lygia Fagundes Telles. A disciplina do amor. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1980, p. 99-100.)
Em “Todos os dias, com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou. Casou-se a noiva com um primo. Os familiares voltaram-se para outros familiares. Os amigos para outros amigos. Só o cachorro já velhíssimo (era jovem quando o jovem partiu) continuou a esperá-lo na sua esquina. As pessoas estranhavam, mas quem esse cachorro está esperando?… Uma tarde (era inverno) ele lá ficou, o focinho voltado para aquela direção.” (3º§), os parênteses têm como finalidade:
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Q2290380 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Por que pessoas param de tomar remédios de um dia para o outro


O principal motivo que leva alguém a parar com um medicamento é o quadro que estava sendo tratado aparentemente se estabilizar. "Quando se experimenta a melhora da depressão e da ansiedade, é natural sentir que os medicamentos não são mais necessários, já que os sintomas parecem ter diminuído", explica Asevedo. "Porém, a armadilha aqui é que essa melhoria nos sintomas, muitas vezes, ocorre antes da melhoria física no cérebro."


O médico compara o cérebro a um computador, e a doença, a um programa instalado na máquina. O tratamento remove o programa, explica ele, mas, para que o cérebro se proteja contra futuras recaídas, é necessário um período considerável de uso da medicação para que o cérebro crie novos caminhos para funcionar sem a influência da depressão. "É recomendável que antidepressivos sejam usados por, pelo menos, doze meses após a alta médica e pode chegar a até dois anos ou mesmo ser por tempo indeterminado, caso o paciente tenha tido dois ou mais episódios de depressão ao longo da vida", afirma Antônio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).


Vanessa Favaro, do IPq-USP, diz que muitos pacientes não veem o tratamento como parte de uma busca contínua por saúde mental. "Compreender a abordagem de longo prazo pode ser desafiador para alguns pacientes, especialmente quando estão angustiados. A busca por alívio imediato é natural, mas nem todo sofrimento exige apenas alívio momentâneo", diz a médica. "O entendimento do transtorno, suas bases biológicas e a manutenção da saúde mental ao longo do tempo são essenciais. É importante considerar não apenas a medicação, mas também outras ações, como a psicoterapia e técnicas de respiração."


Outra razão bastante frequente para o abandono dos medicamentos são os efeitos indesejados sobre o corpo. "É relativamente fácil tolerar os efeitos colaterais de um antibiótico que só precisaremos tomar por sete dias", diz Asevedo. "Mas, quando se trata de um quadro depressivo que exige um tratamento contínuo de um ano, é muito mais difícil lidar."


Entre os efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos psiquiátricos, o médico cita


redução da libido, sonolência, ganho de peso, efeitos gastrointestinais, enjoo, náuseas, tremores.


https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqv7ly8nx2qo. Adaptado.
O tratamento remove o programa, explica ele, mas, para que o cérebro se proteja contra futuras recaídas, é necessário um período considerável de uso da medicação.

Assinale a opção que contenha a nova pontuação sem alteração do sentido da frase original. 
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Q2290299 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Como os medicamentos agem no cérebro


"O cérebro é um computador que, em vez de cabos, tem neurônios. Mas esses neurônios não se conectam diretamente. Há um pequeno espaço entre eles onde se encontram os neurotransmissores", explica Asevedo. Os neurotransmissores são substâncias químicas que possibilitam a transmissão elétrica de um neurônio para outro.


Serotonina, noradrenalina e dopamina são alguns dos neurotransmissores que regulam a passagem de sinais elétricos entre os neurônios. Um transtorno mental ocorre quando essas substâncias químicas estão desreguladas. A depressão, por exemplo, é causada por um desequilíbrio de neurotransmissores responsáveis pelo sentimento de prazer e bem-estar, apontam os especialistas.


Os medicamentos atuam na regulação da produção de neurotransmissores e aumentam a transmissão de sinais elétricos entre as células cerebrais. "É comum uma pessoa fazer um tratamento psiquiátrico e acreditar que estará fadada a usar esses medicamentos para sempre", diz Vanessa Favaro. "Na maioria das vezes, isso não ocorre. Os tratamentos frequentemente têm início, meio e fim", afirma a médica. O final exige o que médicos chamam popularmente de "desmame", um processo que leva meses ou até anos. "A retirada é gradual para evitar mudanças abruptas no funcionamento cerebral", afirma Favaro.


O primeiro passo, dizem os especialistas, é ter uma recomendação do médico que acompanha o paciente para fazer isso. "Precisa-se de que os sintomas tenham melhorado totalmente e que tenha se passado de seis meses a um ano dessa melhora", diz Asevedo. "Antes disso, o cérebro ainda não se recuperou e os sintomas voltarão."


A partir daí, podem ser adotadas algumas estratégias, explica o psiquiatra, como tomar o remédio em dias alternados ou reduzir progressivamente a dose.


https://www.bbc.com/portuguese/articles/cqv7ly8nx2qo. Adaptado.
Na maioria das vezes, isso não ocorre.

Alterando os termos de lugar, sem alteração de sentido da frase original, a frase encontra-se corretamente pontuada em: 
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Q2288988 Português

Segundo Bechara, a respeito de pontuação, analise as assertivas abaixo: 


I. Pode-se entender pontuação de duas maneiras: a primeira abarca não só os sinais de pontuação propriamente ditos, mas o realce e a valorização do texto: título, rubricas, margens, escolha de espaços e de caracteres, entre outros. Na segunda, uma concepção mais restrita, a pontuação é constituída por uns tantos sinais gráficos.

II. Os parênteses ou colchetes denotam interrupção ou incompletude do pensamento (porque se quer deixar em suspenso, porque os fatos se dão com breve espaço de tempo intervalar ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra) ou hesitação em enunciá-lo.

III. O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pausa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as reticências. É empregado ainda, sem ter relação com a pausa oracional, para acompanhar muitas palavras abreviadas. 


Quais estão corretas? 

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Q2288867 Português
A mulher do vizinho


     Contaram-me que na rua onde mora (ou morava) um conhecido e antipático general de nosso Exército morava (ou mora) também um sueco cujos filhos passavam o dia jogando futebol com bola de meia. Ora, às vezes acontecia cair a bola no carro do general e um dia o general acabou perdendo a paciência, pediu ao delegado do bairro para dar um jeito nosfilhos do sueco.
      O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.
     O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era. Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:
    – O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada autoridades constituídas? Não sabe que tem de conhecer asleis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada exército brasileiro que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: duralex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.
      Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:
      – Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?
     O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
    – Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, e filha de um general! Morou?
  Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:
    – Da ativa, minha senhora?
   E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:   
   – Da ativa, Motinha! Sai dessa…


(SABINO, Fernando. Obra Reunida. Vol. 01. Editora Nova Aguilar. Rio de Janeiro, 1996, pág. 872.)  
Os sinais de pontuação são considerados uma parte indispensável da escrita, pois facilitam a leitura e a compreensão dos textos escritos. No decorrer da crônica, as citações entre parênteses têm como finalidade:
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Q2288382 Português
Preservar Amazônia é mais lucrativo que desmatar, diz economista


Segundo Ricardo Abramovay, economia baseada no conhecimento da floresta favorece inovação e riqueza.


      [...] Temos a matriz energética menos emissora do mundo, quando o Brasil é comparado com países de importância territorial, demográfica e econômica equivalente à sua. Nossos transportes contam igualmente com uma fonte não emissora, o etanol, usado muito menos do que deveria, infelizmente, graças aos subsídios concedidos aos fósseis. Onde se concentram então nossas emissões?         
       Resposta: na destruição florestal. O Brasil e a Indonésia são os únicos países do mundo em que mais da metade das emissões vem do desmatamento. E é importante não confundir devastação florestal com a própria agricultura, embora, com muita frequência, a floresta destruída (e não só na Amazônia) dê lugar a atividades agropecuárias. A agropecuária responde por 22% de nossas emissões graças a doisfatores: por um lado à fermentação entérica dos ruminantes da qual resulta um dos mais potentes gases de efeito estufa, o metano. Como o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial e é o mais importante exportador de carne do mundo, reduzir estas emissões é um imenso desafio, que exige (da mesma forma que na indústria, na mobilidade e na energia) muita ciência e muita inovação tecnológica. O mesmo pode ser dito das emissões derivadas do uso de fertilizantes nitrogenados na agricultura.
     Mas, contrariamente ao que ocorre com a agropecuária, com a indústria ou com os transportes, zerar o desmatamento (e, portanto, reduzir a contribuição do Brasil à crise climática) não é algo que depende de ciência e de tecnologia ou que exija investimentos vultosos.
     Cabe então perguntar: quais os custos de interromper a devastação? Será que desmatar a Amazônia não é o equivalente à recusa da China e da Índia em subscrever um acordo climático ambicioso em 2009? Seria válido o argumento de que, da mesma forma que, em 2009, os indianos e os chineses não tinham alternativa ao uso do carvão; a sobrevivência e o desenvolvimento dos 25 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia dependem de sua possibilidade de colocar a floresta abaixo, nela implantando atividades agropecuárias convencionais? Não estará a Amazônia presa a um dilema insuperável entre gerar renda para os que nela vivem ou preservar a floresta? É fundamental enfrentar estas perguntas pois elas estão na base da tentativa de imprimir algum fundamento racional àquilo que o Brasil e o mundo assistem hoje com tanto temor e tanta indignação na Amazônia.
      O principal erro dos que toleram, compactuam ou promovem o desmatamento é não se dar conta de que desmatar a Amazônia não produz nem riqueza, nem bem-estar. Na verdade, o desmatamento é o mais importante vetor da perenização do atraso e das precárias condições de vida na região. Ele exprime uma forma primitiva de extrativismo que se materializa, por exemplo, na importância do tráfico de madeira clandestina, que funciona como obstáculo à exploração madeireira sustentável, para a qual existem tecnologias e até sistemas de certificação baseados no uso de blockchain, como mostram os trabalhos da BVRio.
     Além disso, como é, na sua esmagadora maioria ilegal, o desmatamento na Amazônia funciona com base na formação de quadrilhas que se especializam em invadir terras públicas e territórios pertencentes a comunidades indígenas e ribeirinhas. A construção de pistas de pouso clandestinas e a contratação de motoqueiros (por parte dos pertencentes ao grupo de WhatsApp que organizou, no dia 10 de agosto, o “Dia do Fogo”, conforme reportagem da revista Globo Rural) incendiando o capim seco dos acostamentos nos distritos à beira da BR-163 e no município de Altamira, é apenas um entre vários indícios dos efeitos da legitimação da destruição florestal sobre o tecido cívico da região.
    Tão importante quanto a criminalidade ligada à esmagadora maioria do desmatamento na Amazônia é a avaliação que se pode fazer hoje de seus resultados econômicos e socioambientais. [...]
     Os trabalhos recentes de Carlos Nobre e Ismael Nobre listam um vasto conjunto de produtos do extrativismo com imenso potencial econômico. Uma das bases para a exploração sustentável destes produtos é a unidade entre trabalho científico e a própria cultura material dos povos da floresta. Um dos mais emblemáticos exemplos desta junção é a Rede de Sementes do Xingu, organizada pelo Instituto Socioambiental. Populações indígenas e ribeirinhas coletam sementes que são selecionadas por técnicos da EMBRAPA e do Instituto Socioambiental e vendidas a fazendeiros para que possam cumprir seus compromissos de reflorestamento. Mel, óleo de pequi, copaíba, borracha, castanha são inúmeros os produtos de uso alimentar, farmacêutico e cosmético que a ciência, aliada aos povos da floresta, pode revelar e ajudar a explorar de maneira sustentável. O selo Origens Brasil, que certifica estes produtos e já está em grandes cidades brasileiras, acaba de receber um importante reconhecimento internacional por parte da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO/ONU). É um exemplo das oportunidades do uso sustentável da floresta em pé com produtos capazes de exprimir nos mercados os valores contidos na preservação da floresta e no respeito aos povos que nela vivem.
     A manutenção da floresta em pé não corresponde portanto a uma redoma de contemplação, economicamente paralisada. Ao contrário, ela é um manancial de riquezas que se exprimem tanto em seus serviços ecossistêmicos e na cultura dos que aí habitam como no valor de seus produtos. A equipe coordenada pelo professor Britaldo Soares-Filho da UFMG e o economista Jon Strand do Banco Mundial estimaram o valor de alguns destes serviços. Em artigo publicado na prestigiosa Nature Sustainabillity, eles mostram que o desmatamento de um hectare gera perdas anuais de até US$ 40 para a produção de castanha do Pará e US$ 200 para a produção madeireira sustentável. Além disso, como o avanço do desmatamento compromete a produção de água por parte da floresta, seus impactos sobre a agricultura e a produção de energia nas hidrelétricas são altamente ameaçadores. 
    Em suma, mais que apagar os incêndios que hoje a destroem, a Amazônia precisa de políticas que estimulem a emergência de uma economia do conhecimento (e não da destruição) da natureza, que represente aquilo que temos de melhor: a capacidade de fazer da ciência a base para produzir riqueza e bem-estar, valorizando os ensinamentos e a sabedoria dos povos da floresta. 

(ABRAMOVAY, Ricardo. Preservar a Amazônia é mais lucrativo que desmatar, diz economista. Folha de S.Paulo. São Paulo. Em: 01/09/2019.)
Em relação à pontuação empregada no texto, analise as afirmativas a seguir considerando as normas estabelecidas gramaticalmente e assinale aquela que apresenta correção.
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Q2288151 Português
Edmundo, o céptico

    Naquele tempo, nós não sabíamos o que fosse cepticismo. Mas Edmundo era céptico. As pessoas aborreciam-se e chamavam-no de teimoso. Era uma grande injustiça e uma definição errada.
        Ele queria quebrar com os dentes os caroços de ameixa, para chupar um melzinho que há lá dentro.
        As pessoas diziam-lhe que os caroços eram mais duros que os seus dentes. Ele quebrou os dentes com a verificação. Mas verificou. E nós todos aprendemos à sua custa. (O cepticismo também tem o seu valor!)
        Disseram-lhe que, mergulhando de cabeça na pipa d’água do quintal, podia morrer afogado. Não se assustou com a ideia da morte: queria saber é se lhe diziam a verdade. E só não morreu porque o jardineiro andava perto.
        Na lição de catecismo, quando lhe disseram que os sábios desprezam os bens deste mundo, ele perguntou lá do fundo da sala: “E o rei Salomão?”. Foi preciso a professora fazer uma conferência sobre o assunto; e ele não saiu convencido. Dizia: “Só vendo”. E em certas ocasiões, depois de lhe mostrarem tudo o que queria ver, ainda duvidava. “Talvez eu não tenha visto direito. Eles sempre atrapalham.” (Eles eram os adultos.)
        Edmundo foi aluno muito difícil. Até os colegas perdiam a paciência com as suas dúvidas. Alguém devia ter tentado enganá-lo, um dia, para que ele assim desconfiasse de tudo e de todos. Mas de si, não; pois foi a primeira pessoa que me disse estar a ponto de inventar o moto-contínuo, invenção que naquele tempo andava muito em moda, mais ou menos como, hoje, as aventuras espaciais.
        Edmundo estava sempre em guarda contra os adultos: eram os nossos permanentes adversários. Só diziam mentiras. Tinham a força ao seu dispor (representada por várias formas de agressão, da palmada ao quarto escuro, passando por várias etapas muito variadas). Edmundo reconhecia a sua inutilidade de lutar; mas tinha o brio de não se deixar vencer facilmente.
        Numa festa de aniversário, apareceu, entre números de piano e canto (Ah! delícias dos saraus de outrora!), apareceu um mágico com a sua cartola, o seu lenço, bigodes retorcidos e flor na lapela. Nenhum de nós se importaria muito com a verdade: era tão engraçado ver saírem cinquenta fitas de dentro de uma só… e o copo d’água ficar cheio de vinho…
        Edmundo resistiu um pouco. Depois, achou que todos estávamos ficando bobos demais.
        Disse: “Eu não acredito!”. Foi mexer no arsenal do mágico e não pudemos ver mais as moedas entrarem por um ouvido e saírem pelo outro, nem da cartola vazia debandar um pombo voando… (Edmundo estragava tudo. Edmundo não admitia a mentira. Edmundo morreu cedo. E quem sabe, meu Deus, com que verdades?)

(MEIRELES, Cecília. Quadrante 2. Editora do Autor – Rio de Janeiro, 1962, pág. 122.)
O uso de parênteses indica declarações em alguns parágrafos que conferem ao texto: 
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Q2287973 Português
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
Alternativas
Respostas
1221: C
1222: C
1223: C
1224: C
1225: D
1226: B
1227: A
1228: B
1229: A
1230: D
1231: D
1232: C
1233: B
1234: A
1235: A
1236: D
1237: B
1238: B
1239: B
1240: C