Questões de Concurso Para prefeitura de contagem - mg

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Q2041991 Português

As utilíssimas coisas inúteis

Marina Colasanti, quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


Fui a uma liquidação de fim de ano porque precisava trocar uma roupa que havia ganho. E fiquei pasma com a quantidade de peças que cada um levava. Na demora da fila, as pessoas esticavam o braço para colher de arara ou prateleira uma bolsa, um cinto ou uma camiseta não vistos antes e acabavam ficando com ela. Tudo, mais que propriamente despertar desejo, era visto como um bom negócio. Afinal, os preços estavam em conta.

E ali mesmo me perguntei se aquela gente toda tiraria do armário o correspondente ao que estava levando, ou se apenas apertaria os cabides.

Compro muito pouco, mas tenho grande dificuldade para jogar fora. Acumulo. E embora tendo isenção profissional para acumular livros e papéis, não a tenho para o resto.

Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos. Para discutir consumismo e gênero no “The Pink and Blue Project”, a sul-coreana Jeongmee Yoon fotografou durante 10 anos crianças e adolescentes no seu quarto, com todos os seus objetos expostos. As fotos são surpreendentes, cada quarto parecendo um mercado.

Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me deu. Nem consegui me desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com “bolinhas”.

Dizem os neurocientistas que acumular é comando do nosso cérebro, possivelmente vindo de tempos remotíssimos em que a abundância era rara ou inexistente, e qualquer pedaço de carne, qualquer pele de bicho, qualquer lasca de pedra era posse valiosa.

Hoje, os objetos de que nos rodeamos adquiriram outro sentido. Um deles é fazer parte da nossa identidade. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman sofremos mais ao perder um objeto querido do que o prazer que tivemos ao adquiri-los – podemos imaginar o que sofreu Eike Batista ao perder a Lamborghini que, como um sofá, ficava estacionada na sala. Outro é dizer às multidões quem somos, qual o nosso patamar social.

É o que fazem alto e bom som as marcas. É a função do luxo.

Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições. Desse ponto de vista, quem compra muitas peças de roupa numa liquidação não está fazendo um bom negócio. Apesar do bom preço, está adquirindo o que já saiu de moda, o que se usou no ano anterior ou até mesmo no mês anterior. E tudo o que não é de hoje, é out.

Objetos podem ser inúteis, mas se dados com afeto temos dificuldade em nos desfazer deles. Xuxa tinha uma casa só para guardar memorabilia, presentes dados pelos fãs. Ninguém joga fora o bordado feito pela afilhada, o primeiro desenho do filho, a folha seca na página do livro dada pelo noivo. Os objetos tornamse então não apenas objetos, mas testemunhos do passado que cantam aos nossos olhos. E por isso os guardamos.

Marie Kondo, a japonesa famosa pelo método MarieKondo de arrumação, não se orienta pela ligação psicológica entre os humanos e seus objetos. O interesse dela é na ordem e na estética. Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.


Disponível em:<https://www.marinacolasanti.com/2020/02/expatriaram-o-gato.htmL>  . Acesso em: 17 fev. 2020.
“Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me(1) parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me(2) deu. Nem consegui me(3) desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me(4) faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com ‘bolinhas’.”

Nesse fragmento, dentre as ocorrências do pronome “me” destacadas e numeradas estão de acordo com a norma-padrão as de número
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Q2041990 Português

As utilíssimas coisas inúteis

Marina Colasanti, quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


Fui a uma liquidação de fim de ano porque precisava trocar uma roupa que havia ganho. E fiquei pasma com a quantidade de peças que cada um levava. Na demora da fila, as pessoas esticavam o braço para colher de arara ou prateleira uma bolsa, um cinto ou uma camiseta não vistos antes e acabavam ficando com ela. Tudo, mais que propriamente despertar desejo, era visto como um bom negócio. Afinal, os preços estavam em conta.

E ali mesmo me perguntei se aquela gente toda tiraria do armário o correspondente ao que estava levando, ou se apenas apertaria os cabides.

Compro muito pouco, mas tenho grande dificuldade para jogar fora. Acumulo. E embora tendo isenção profissional para acumular livros e papéis, não a tenho para o resto.

Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos. Para discutir consumismo e gênero no “The Pink and Blue Project”, a sul-coreana Jeongmee Yoon fotografou durante 10 anos crianças e adolescentes no seu quarto, com todos os seus objetos expostos. As fotos são surpreendentes, cada quarto parecendo um mercado.

Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me deu. Nem consegui me desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com “bolinhas”.

Dizem os neurocientistas que acumular é comando do nosso cérebro, possivelmente vindo de tempos remotíssimos em que a abundância era rara ou inexistente, e qualquer pedaço de carne, qualquer pele de bicho, qualquer lasca de pedra era posse valiosa.

Hoje, os objetos de que nos rodeamos adquiriram outro sentido. Um deles é fazer parte da nossa identidade. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman sofremos mais ao perder um objeto querido do que o prazer que tivemos ao adquiri-los – podemos imaginar o que sofreu Eike Batista ao perder a Lamborghini que, como um sofá, ficava estacionada na sala. Outro é dizer às multidões quem somos, qual o nosso patamar social.

É o que fazem alto e bom som as marcas. É a função do luxo.

Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições. Desse ponto de vista, quem compra muitas peças de roupa numa liquidação não está fazendo um bom negócio. Apesar do bom preço, está adquirindo o que já saiu de moda, o que se usou no ano anterior ou até mesmo no mês anterior. E tudo o que não é de hoje, é out.

Objetos podem ser inúteis, mas se dados com afeto temos dificuldade em nos desfazer deles. Xuxa tinha uma casa só para guardar memorabilia, presentes dados pelos fãs. Ninguém joga fora o bordado feito pela afilhada, o primeiro desenho do filho, a folha seca na página do livro dada pelo noivo. Os objetos tornamse então não apenas objetos, mas testemunhos do passado que cantam aos nossos olhos. E por isso os guardamos.

Marie Kondo, a japonesa famosa pelo método MarieKondo de arrumação, não se orienta pela ligação psicológica entre os humanos e seus objetos. O interesse dela é na ordem e na estética. Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.


Disponível em:<https://www.marinacolasanti.com/2020/02/expatriaram-o-gato.htmL>  . Acesso em: 17 fev. 2020.
“Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições.”
Interpreta-se corretamente e de forma global esse fragmento ao se concluir que a (o) 
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Q2041989 Português

As utilíssimas coisas inúteis

Marina Colasanti, quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


Fui a uma liquidação de fim de ano porque precisava trocar uma roupa que havia ganho. E fiquei pasma com a quantidade de peças que cada um levava. Na demora da fila, as pessoas esticavam o braço para colher de arara ou prateleira uma bolsa, um cinto ou uma camiseta não vistos antes e acabavam ficando com ela. Tudo, mais que propriamente despertar desejo, era visto como um bom negócio. Afinal, os preços estavam em conta.

E ali mesmo me perguntei se aquela gente toda tiraria do armário o correspondente ao que estava levando, ou se apenas apertaria os cabides.

Compro muito pouco, mas tenho grande dificuldade para jogar fora. Acumulo. E embora tendo isenção profissional para acumular livros e papéis, não a tenho para o resto.

Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos. Para discutir consumismo e gênero no “The Pink and Blue Project”, a sul-coreana Jeongmee Yoon fotografou durante 10 anos crianças e adolescentes no seu quarto, com todos os seus objetos expostos. As fotos são surpreendentes, cada quarto parecendo um mercado.

Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me deu. Nem consegui me desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com “bolinhas”.

Dizem os neurocientistas que acumular é comando do nosso cérebro, possivelmente vindo de tempos remotíssimos em que a abundância era rara ou inexistente, e qualquer pedaço de carne, qualquer pele de bicho, qualquer lasca de pedra era posse valiosa.

Hoje, os objetos de que nos rodeamos adquiriram outro sentido. Um deles é fazer parte da nossa identidade. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman sofremos mais ao perder um objeto querido do que o prazer que tivemos ao adquiri-los – podemos imaginar o que sofreu Eike Batista ao perder a Lamborghini que, como um sofá, ficava estacionada na sala. Outro é dizer às multidões quem somos, qual o nosso patamar social.

É o que fazem alto e bom som as marcas. É a função do luxo.

Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições. Desse ponto de vista, quem compra muitas peças de roupa numa liquidação não está fazendo um bom negócio. Apesar do bom preço, está adquirindo o que já saiu de moda, o que se usou no ano anterior ou até mesmo no mês anterior. E tudo o que não é de hoje, é out.

Objetos podem ser inúteis, mas se dados com afeto temos dificuldade em nos desfazer deles. Xuxa tinha uma casa só para guardar memorabilia, presentes dados pelos fãs. Ninguém joga fora o bordado feito pela afilhada, o primeiro desenho do filho, a folha seca na página do livro dada pelo noivo. Os objetos tornamse então não apenas objetos, mas testemunhos do passado que cantam aos nossos olhos. E por isso os guardamos.

Marie Kondo, a japonesa famosa pelo método MarieKondo de arrumação, não se orienta pela ligação psicológica entre os humanos e seus objetos. O interesse dela é na ordem e na estética. Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.


Disponível em:<https://www.marinacolasanti.com/2020/02/expatriaram-o-gato.htmL>  . Acesso em: 17 fev. 2020.
“Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.”
O trecho em destaque nesse período valeu-se da figura de linguagem denominada
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Q2041988 Português

As utilíssimas coisas inúteis

Marina Colasanti, quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


Fui a uma liquidação de fim de ano porque precisava trocar uma roupa que havia ganho. E fiquei pasma com a quantidade de peças que cada um levava. Na demora da fila, as pessoas esticavam o braço para colher de arara ou prateleira uma bolsa, um cinto ou uma camiseta não vistos antes e acabavam ficando com ela. Tudo, mais que propriamente despertar desejo, era visto como um bom negócio. Afinal, os preços estavam em conta.

E ali mesmo me perguntei se aquela gente toda tiraria do armário o correspondente ao que estava levando, ou se apenas apertaria os cabides.

Compro muito pouco, mas tenho grande dificuldade para jogar fora. Acumulo. E embora tendo isenção profissional para acumular livros e papéis, não a tenho para o resto.

Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos. Para discutir consumismo e gênero no “The Pink and Blue Project”, a sul-coreana Jeongmee Yoon fotografou durante 10 anos crianças e adolescentes no seu quarto, com todos os seus objetos expostos. As fotos são surpreendentes, cada quarto parecendo um mercado.

Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me deu. Nem consegui me desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com “bolinhas”.

Dizem os neurocientistas que acumular é comando do nosso cérebro, possivelmente vindo de tempos remotíssimos em que a abundância era rara ou inexistente, e qualquer pedaço de carne, qualquer pele de bicho, qualquer lasca de pedra era posse valiosa.

Hoje, os objetos de que nos rodeamos adquiriram outro sentido. Um deles é fazer parte da nossa identidade. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman sofremos mais ao perder um objeto querido do que o prazer que tivemos ao adquiri-los – podemos imaginar o que sofreu Eike Batista ao perder a Lamborghini que, como um sofá, ficava estacionada na sala. Outro é dizer às multidões quem somos, qual o nosso patamar social.

É o que fazem alto e bom som as marcas. É a função do luxo.

Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições. Desse ponto de vista, quem compra muitas peças de roupa numa liquidação não está fazendo um bom negócio. Apesar do bom preço, está adquirindo o que já saiu de moda, o que se usou no ano anterior ou até mesmo no mês anterior. E tudo o que não é de hoje, é out.

Objetos podem ser inúteis, mas se dados com afeto temos dificuldade em nos desfazer deles. Xuxa tinha uma casa só para guardar memorabilia, presentes dados pelos fãs. Ninguém joga fora o bordado feito pela afilhada, o primeiro desenho do filho, a folha seca na página do livro dada pelo noivo. Os objetos tornamse então não apenas objetos, mas testemunhos do passado que cantam aos nossos olhos. E por isso os guardamos.

Marie Kondo, a japonesa famosa pelo método MarieKondo de arrumação, não se orienta pela ligação psicológica entre os humanos e seus objetos. O interesse dela é na ordem e na estética. Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.


Disponível em:<https://www.marinacolasanti.com/2020/02/expatriaram-o-gato.htmL>  . Acesso em: 17 fev. 2020.
“Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos.”
Esse fragmento é típico de sequências textuais do tipo
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Q2041987 Português

As utilíssimas coisas inúteis

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Fui a uma liquidação de fim de ano porque precisava trocar uma roupa que havia ganho. E fiquei pasma com a quantidade de peças que cada um levava. Na demora da fila, as pessoas esticavam o braço para colher de arara ou prateleira uma bolsa, um cinto ou uma camiseta não vistos antes e acabavam ficando com ela. Tudo, mais que propriamente despertar desejo, era visto como um bom negócio. Afinal, os preços estavam em conta.

E ali mesmo me perguntei se aquela gente toda tiraria do armário o correspondente ao que estava levando, ou se apenas apertaria os cabides.

Compro muito pouco, mas tenho grande dificuldade para jogar fora. Acumulo. E embora tendo isenção profissional para acumular livros e papéis, não a tenho para o resto.

Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos. Para discutir consumismo e gênero no “The Pink and Blue Project”, a sul-coreana Jeongmee Yoon fotografou durante 10 anos crianças e adolescentes no seu quarto, com todos os seus objetos expostos. As fotos são surpreendentes, cada quarto parecendo um mercado.

Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me deu. Nem consegui me desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com “bolinhas”.

Dizem os neurocientistas que acumular é comando do nosso cérebro, possivelmente vindo de tempos remotíssimos em que a abundância era rara ou inexistente, e qualquer pedaço de carne, qualquer pele de bicho, qualquer lasca de pedra era posse valiosa.

Hoje, os objetos de que nos rodeamos adquiriram outro sentido. Um deles é fazer parte da nossa identidade. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman sofremos mais ao perder um objeto querido do que o prazer que tivemos ao adquiri-los – podemos imaginar o que sofreu Eike Batista ao perder a Lamborghini que, como um sofá, ficava estacionada na sala. Outro é dizer às multidões quem somos, qual o nosso patamar social.

É o que fazem alto e bom som as marcas. É a função do luxo.

Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições. Desse ponto de vista, quem compra muitas peças de roupa numa liquidação não está fazendo um bom negócio. Apesar do bom preço, está adquirindo o que já saiu de moda, o que se usou no ano anterior ou até mesmo no mês anterior. E tudo o que não é de hoje, é out.

Objetos podem ser inúteis, mas se dados com afeto temos dificuldade em nos desfazer deles. Xuxa tinha uma casa só para guardar memorabilia, presentes dados pelos fãs. Ninguém joga fora o bordado feito pela afilhada, o primeiro desenho do filho, a folha seca na página do livro dada pelo noivo. Os objetos tornamse então não apenas objetos, mas testemunhos do passado que cantam aos nossos olhos. E por isso os guardamos.

Marie Kondo, a japonesa famosa pelo método MarieKondo de arrumação, não se orienta pela ligação psicológica entre os humanos e seus objetos. O interesse dela é na ordem e na estética. Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.


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O texto de Marina Colasanti pertence ao gênero
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As utilíssimas coisas inúteis

Marina Colasanti, quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


Fui a uma liquidação de fim de ano porque precisava trocar uma roupa que havia ganho. E fiquei pasma com a quantidade de peças que cada um levava. Na demora da fila, as pessoas esticavam o braço para colher de arara ou prateleira uma bolsa, um cinto ou uma camiseta não vistos antes e acabavam ficando com ela. Tudo, mais que propriamente despertar desejo, era visto como um bom negócio. Afinal, os preços estavam em conta.

E ali mesmo me perguntei se aquela gente toda tiraria do armário o correspondente ao que estava levando, ou se apenas apertaria os cabides.

Compro muito pouco, mas tenho grande dificuldade para jogar fora. Acumulo. E embora tendo isenção profissional para acumular livros e papéis, não a tenho para o resto.

Calcula-se que um europeu ou americano possua em média 10 mil objetos. Para discutir consumismo e gênero no “The Pink and Blue Project”, a sul-coreana Jeongmee Yoon fotografou durante 10 anos crianças e adolescentes no seu quarto, com todos os seus objetos expostos. As fotos são surpreendentes, cada quarto parecendo um mercado.

Até hoje não consegui jogar fora a cama da minha cachorrinha que há três anos morreu, me parece ingratidão, depois de tanto amor que ela me deu. Nem consegui me desfazer dos tecidos para quimono que comprei no Japão e nunca fiz, ou da camisa de seda que comprei na Índia e já não uso. Se uma calça fica larga, penso que posso voltar a engordar, se uma saia fica larga, aperto. Nunca nada ficou apertado, o que me faz crer que dificilmente engordarei. Às vezes consigo jogar fora suéteres que ficaram com “bolinhas”.

Dizem os neurocientistas que acumular é comando do nosso cérebro, possivelmente vindo de tempos remotíssimos em que a abundância era rara ou inexistente, e qualquer pedaço de carne, qualquer pele de bicho, qualquer lasca de pedra era posse valiosa.

Hoje, os objetos de que nos rodeamos adquiriram outro sentido. Um deles é fazer parte da nossa identidade. Segundo o psicólogo Daniel Kahneman sofremos mais ao perder um objeto querido do que o prazer que tivemos ao adquiri-los – podemos imaginar o que sofreu Eike Batista ao perder a Lamborghini que, como um sofá, ficava estacionada na sala. Outro é dizer às multidões quem somos, qual o nosso patamar social.

É o que fazem alto e bom som as marcas. É a função do luxo.

Não compramos só em atendimento ao nosso desejo. Compramos também olhando pelos olhos dos outros, projetando nos olhos dos outros a imagem que teremos com nossas novas aquisições. Desse ponto de vista, quem compra muitas peças de roupa numa liquidação não está fazendo um bom negócio. Apesar do bom preço, está adquirindo o que já saiu de moda, o que se usou no ano anterior ou até mesmo no mês anterior. E tudo o que não é de hoje, é out.

Objetos podem ser inúteis, mas se dados com afeto temos dificuldade em nos desfazer deles. Xuxa tinha uma casa só para guardar memorabilia, presentes dados pelos fãs. Ninguém joga fora o bordado feito pela afilhada, o primeiro desenho do filho, a folha seca na página do livro dada pelo noivo. Os objetos tornamse então não apenas objetos, mas testemunhos do passado que cantam aos nossos olhos. E por isso os guardamos.

Marie Kondo, a japonesa famosa pelo método MarieKondo de arrumação, não se orienta pela ligação psicológica entre os humanos e seus objetos. O interesse dela é na ordem e na estética. Mas ao limpar nossos armários e gavetas corre o risco de nos deixar despidos.


Disponível em:<https://www.marinacolasanti.com/2020/02/expatriaram-o-gato.htmL>  . Acesso em: 17 fev. 2020.
Nesse texto, Marina Colasanti explana, sobretudo, acerca do (a)
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Q1937595 Fonoaudiologia
Os processos de produção da fala e da linguagem englobam atividades distintas do córtex cerebral. Assim, diferentes tipos de alteração no Sistema Nervoso Central (SNC) podem resultar em diversos tipos de distúrbios de linguagem e/ou fala. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o Traumatismo Cranioencefálico (TCE) são as causas mais frequentes, na prática clínica, para os danos cerebrais. Sobre o tema, assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Q1937594 Fonoaudiologia
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) gera necessidade de cuidados hospitalares, tanto imediatos, como ao longo do período de internação, o que resulta em um elevado custo social e econômico. O processo de hospitalização por AVE geralmente se inicia por meio de atendimento emergencial, em virtude de sinais sugestivos da doença, seguido de confirmação diagnóstica, mediante avaliação clínica e exames complementares. Dentre as diversas complicações adquiridas após o AVE, ainda no período de internação hospitalar, estão a flacidez muscular, arreflexia, hemiplegia, hemianestesia e alterações cognitivas. Do ponto de vista fonoaudiológico, assinale a alternativa que não apresenta as sequelas mais comuns associadas à comunicação e deglutição.
Alternativas
Q1937593 Fonoaudiologia

A traqueostomia é um procedimento cirúrgico frequentemente realizado em situações de emergência para promover desobstrução das vias aéreas e nas intubações prolongadas e apresenta repercussão nas funções de respiração e deglutição. Analise as afirmativas abaixo:


I. A presença da traqueostomia pode dificultar o movimento de elevação e anteriorização da laringe durante a deglutição.


II. A presença da traqueostomia promove o prejuízo no mecanismo de proteção de vias aéreas devido a dessensibilização laringo-faríngea, ausência de pressão subglótica e menor tempo de fechamento das pregas vocais.


III. O uso da cânula de TQT pode comprometer as funções motoras e sensoriais dos mecanismos de deglutição, resultando em disfagia, e favorecer o aparecimento de complicações tardias, incluindo estenose traqueal, sangramento, fístulas, infecções, hemorragias e broncoaspiração.


Estão corretas as afirmativas:

Alternativas
Q1937592 Fonoaudiologia

O fonoaudiólogo hospitalar, em geral, atua na prevenção e diminuição das sequelas causadas à linguagem, deglutição e motricidade orofacial do paciente, possibilitando uma recuperação eficiente e, assim, aumentando as possibilidades de reintegração do paciente à sociedade após alta hospitalar.


Assinale a alternativa incorreta tomando por base o texto acima.

Alternativas
Q1937591 Fonoaudiologia

O Transtorno da Fluência com início na infância se trata de uma alteração do padrão típico da fluência, gerado pelo excesso de rupturas (disfluências) na produção da fala. Tais quebras são de caráter involuntário e interferem nos principais parâmetros da fluência, sendo eles: a continuidade, o esforço e o tempo envolvidos no ato de fala. Associada a processos neurolinguísticos dessincronizados, que não permitem à pessoa que gagueja evitar a quebra do fluxo da fala, a gagueira se configura como um distúrbio de caráter multidimensional e complexo, que possui base genética e neurofuncional. Dentre os fatores biológicos envolvidos na dinâmica neurofuncional da gagueira, destacam-se as habilidades auditivas do processamento temporal, que se enquadram como sendo a base do processamento auditivo. Tomando por base o texto acima, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).


( ) A fluência da fala envolve a interação sincrônica entre os aspectos acústicos de produção e percepção da fala na cadeia do tempo, ou seja, um dos mecanismos fisiológicos do processamento auditivo central, está relacionado com a percepção de fala, levando em conta que as características das informações auditivas são influenciadas pelo tempo.


( ) É possível que a imprecisão temporal na percepção de fala tenha relação com o desenvolvimento da audição e da fala disfluente.


( ) A avaliação do processamento auditivo central objetiva investigar um conjunto de habilidades auditivas específicas das quais o indivíduo depende para interpretar o que ouve, bem como os processos neuroaudiológicos (temporalidade dos sons, ritmo e prosódia), implicados no processamento da fluência na fala.


( ) Algumas pesquisas indicaram diferenças funcionais entre as regiões frontais e temporais do cérebro relacionadas com a percepção de fala, ressaltando o desequilíbrio presente na rede neural envolvida nas tarefas de percepção da fala, o que impacta na fluência.


Assinale a alternativa que apresenta a sequencia correta de cima para baixo. 

Alternativas
Q1937590 Fonoaudiologia

Uma boa audição depende da integridade das vias auditivas e da integração de todo o sistema auditivo, desde a orelha externa até o córtex. Para determinar-se a qualidade da audição, deve-se conhecer as manifestações das Desordens do Processamento Auditivo - DPA, e os testes especiais, que avaliam a função auditiva central. Analise as afirmativas abaixo.


I. Define-se tarefa não competitiva quando os estímulos são iguais e simultâneos nas duas orelhas e, competitiva, quando duas mensagens diferentes são apresentadas ao mesmo tempo, uma em cada orelha.


II. Dentre os testes que avaliam o processamento auditivo central não há nenhum que verifique o reconhecimento da fala na presença de ruído.


III. A desordem do processamento auditivo geralmente apresenta função auditiva periférica normal. Consequentemente, a tradicional avaliação da função auditiva periférica fornece pouco ou nenhum dado sobre a percepção auditiva central.


IV. Crianças com diversos problemas de aprendizagem escolar, incluindo dificuldades em aprender a ler, em adquirir fala, em manter a atenção, ou mesmo hiperativas, podem mostrar performance anormal na avaliação dos testes de Processamento Auditivo (PA)


Estão corretas as afirmativas:

Alternativas
Q1937589 Fonoaudiologia

A audição é considerada um dos sentidos de maior influência na relação do indivíduo com o meio, sendo fundamental na aquisição e no desenvolvimento da linguagem oral e das habilidades auditivas. Entretanto, apesar de sua importância, é uma das deficiências com maior prevalência em todo o mundo, estando presente em mais de 5% da população mundial (466 milhões de pessoas) e, no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, esse problema afetava cerca de 5,1% dos brasileiros, sendo considerada a terceira deficiência mais prevalente no país.


Assinale a alternativa incorreta sobre o exposto. 

Alternativas
Q1937588 Fonoaudiologia

As disfonias funcionais são desordens do comportamento vocal e podem ter como mecanismo causal três diferentes aspectos: disfonias funcionais primárias por uso incorreto da voz, disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais e disfonias funcionais por alterações psicogênicas.

Tomando por base o texto acima, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).


( ) As disfonias funcionais primárias por uso incorreto da voz são quadros funcionais puros, favorecidos por dois fatores: falta de conhecimento vocal e modelo vocal deficiente.


( ) As inadaptações vocais são muito variadas e de difícil enquadramento. Por isso, a classificação de disfonias funcionais secundárias por inadaptações vocais só existem na teoria. Na prática, as pessoas não costumam receber este tipo de diagnóstico.


( ) As inadaptações anatômicas são um tipo de inadaptação vocal e podem ser classificadas em 4 grupos: as assimetrias laríngeas, a fusão laríngea posterior incompleta, os desvios na proporção glótica e as alterações estruturais mínimas de cobertura das pregas vocais.

( ) Entende-se por modelo vocal deficiente as modificações de ajustes laríngeos ou supralaríngeos que modifiquem a emissão natural da voz.


Assinale a alternativa que apresenta a sequencia correta de cima para baixo.

Alternativas
Q1937587 Fonoaudiologia

Os problemas de voz podem ou não estar relacionados ao desconhecimento de aspectos da saúde, higiene vocal e respeito às normas de boa produção de voz, chamadas de intervenções ou terapia indireta. Desta forma, estas informações revestem-se de extrema importância no tratamento dos distúrbios vocais. Além disso, as alterações vocais decorrentes de disfonias orgânicas, que independem do uso da voz, também podem se beneficiar de conhecimentos de cuidados com a voz e orientações.

Tomando por base o texto acima, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).


( ) A terapia indireta se caracteriza por qualquer intervenção que modifica o comportamento vocal por meio de mudanças cognitivas, comportamentais, psicossociais ou do ambiente físico no qual a voz é produzida.


( ) Higiene vocal é também considerada terapia indireta e aborda tanto aspectos de fala, como fatores não relacionados à fala, dentre eles pigarrear, gritar, chorar, refluxo gastresofágico, alergias, fatores irritantes e desidratação.


( ) Higiene vocal é um termo internacionalmente reconhecido e utilizado para os aspectos de orientações e cuidados com a voz, é um conceito amplo que inclui modificação de hábitos vocais e implementação de princípios para facilitar a melhoria da saúde e do cuidado com a voz.


( ) Orientações em relação à higiene vocal devem ser abordadas apenas com pacientes disfônicos visto que aumenta a chance de reabilitar a disfonia apresentada por eles.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.

Alternativas
Q1937586 Fonoaudiologia
A conjunção de esforços no sentido de aproximar a comunidade escolar do trabalho de promoção e manutenção da saúde da criança vem sendo pauta constante quando do planejamento de ações para promoção da saúde na infância. Na escola, os primeiros sinais de distúrbios de comunicação podem ser observados e apontados pelos educadores. Desta forma, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1937585 Fonoaudiologia

A fala caracteriza-se habitualmente quanto à articulação, ressonância, voz, fluência/ritmo e prosódia. As alterações da linguagem situam-se entre os mais frequentes problemas do desenvolvimento, atingindo 3 a 15% das crianças, e podem ser classificadas em atraso, dissociação e desvio. Em relação as alterações de linguagem, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).


( ) O atraso na linguagem acontece quando a progressão na linguagem processa-se na sequência correta, mas em ritmo mais lento, sendo o desempenho semelhante ao de uma criança de idade inferior.


( ) A dissociação acontece quando existe uma diferença significativa entre a evolução da linguagem e das outras áreas do desenvolvimento.


( ) O desvio é quando o padrão de desenvolvimento é mais alterado: verifica-se uma aquisição qualitativamente anômala da linguagem. É um achado comum nas perturbações da comunicação do espectro do autismo.


Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. 

Alternativas
Q1937584 Fonoaudiologia

A linguagem é um sistema de regras e princípios que tornam os interlocutores capazes de codificar significados em sons e os ouvintes capazes de decodificá-los em significados. Contudo, a linguagem também é infinitamente criativa, possibilitando ao interlocutor e ao ouvinte a criar, entender e modificar um conjunto infinito de enunciados novos. A linguagem é um instrumento de comunicação e elaboração de pensamento.

A partir da pragmática é possível observar o uso das capacidades linguísticas e não linguísticas com a finalidade de se comunicar, resultado da interação entre processos linguísticos, cognitivos e sensoriais individuais e a sua forma de se relacionar com o próximo, compreendendo os aspectos formais que definem os ajustes e variações realizados em função do contexto de comunicação que, por sua vez, implicam no uso da linguagem em função das características do interlocutor e da situação.


Assinale a alternativa correta sobre o exposto.

Alternativas
Q1937583 Fonoaudiologia

Dentro do desenvolvimento infantil, em especial no período pré-escolar é esperado que as crianças desenvolvam e ampliem ainda mais o vocabulário pré-existente. A aquisição do vocabulário se dá por um processo gradual, que depende de aspectos intrínsecos relacionados as habilidades cognitivas e ao neurodesenvolvimento. Além das interferências extrínsecas relativas aos fatores sócio ambientais, associados à estimulação, aspectos familiares, educacionais e fatores socioeconômicos.


Em relação à aquisição de linguagem infantil, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1937582 Fonoaudiologia
Há 12 pares cranianos que recebem seu nome de acordo com sua função, estrutura que inerva ou localização, sendo numerados de acordo com a localização de sua conexão no tronco cerebral. O X par, o vago, é um nervo misto que desempenha funções sensitivas e motoras em todo o trato faringolaríngeo. Sobre o nervo vago, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Respostas
401: E
402: D
403: A
404: D
405: C
406: E
407: C
408: D
409: D
410: C
411: B
412: B
413: C
414: C
415: A
416: D
417: D
418: A
419: A
420: C