A., 56 anos, sexo masculino, casado, engenheiro aposentado. O paciente foi encaminhado com história de depressão há 2 anos, sem melhora clínica com o tratamento antidepressivo tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Segundo o paciente, desde a aposentadoria, há cerca de 2 anos, apresentava-se desanimado, sem interesse em participar de qualquer atividade laborativa ou lúdica, tendendo a se isolar socialmente. Negava, contudo, sentimentos de tristeza, ideias negativistas ou de morte. Mesmo com os tratamentos antidepressivos empregados, negava melhora clínica. Segundo a esposa, além desses sintomas, A. passou a exibir comportamento desinibido em ambiente social, marcado principalmente por jocosidade dirigida mesmo a pessoas não-familiares. Isso frequentemente gerava situações constrangedoras, que A. não reconhecia como tal, representando uma significativa mudança da personalidade do paciente, que sempre fora discreto e tímido. A. também modificou os hábitos alimentares, aumentando o consumo de água e preferindo alimentos adocicados. Repetidamente, empregava palavras e gestos estereotipados, como ficar batendo os dedos na mesa. A história médica pregressa e a história familiar do paciente não eram relevantes. O exame clínico-neurológico não evidenciou sinais neurológicos focais, sendo que, no teste de triagem cognitiva, com o Mini-Exame do Estado Mental, A. executou adequadamente todas as tarefas, pontuando o escore total. Desempenhou corretamente também o teste do relógio. O paciente desenvolvia invariavelmente um discurso prolixo, mas com ideias lógicas, tendendo a minimizar as alterações comportamentais referidas pela esposa. Algumas vezes, mostrava-se mais desinibido, ironizando sua condição. De nota, A. sempre trazia consigo um copo plástico com água, que frequentemente levava à boca, justificando que “tinha muita sede”. Os exames de triagem hematológica, bioquímica e sorológica não mostraram alterações. A testagem neuropsicológica, incluindo avaliações de inteligência geral, linguagem, memória, habilidades visuo-construtivas e funções executivas, mostrou desempenho fraco do paciente apenas em relação a funções executivas e na tarefa de tomada de decisões. A ressonância magnética do encéfalo evidenciou hipotrofia dos lobos frontais e temporais bilateralmente. SPECT revelou hipoperfusão frontotemporal.
Uma vez questionado o curso deste transtorno, a resposta mais adequada é: